Entrevista: Ravenword


Os Ravenword, criação artística do teclista italiano Davide Scuteri, tiveram uma intensa atividade ao vivo entre 2011 e 2014, mas nunca chegaram a gravar qualquer álbum. Esse objetivo maior de qualquer banda surge agora e Transcendance junta dois antigos membros, o próprio Scuteri e a vocalista Chiara Tricarico, a outros dois novos elementos, Cesare Ferrari e Michele Olmi. E quem acompanhou o trajeto ao vivo do projeto deverá ter ficado super satisfeito por este sensacional conjunto de músicas ter, finalmente, sido colocado num registo apropriado. Falta saber o que virá a seguir que, para já e na opinião de Davide Scuteri, é uma incógnita.

Olá Davide, obrigado pela disponibilidade. Antes de mais, podes apresentar os Ravenword aos metalheads portugueses?
Olá Pedro, obrigado pelo teu tempo! O álbum é uma coleção de faixas melódicas e sinfónicas de power metal, com refrões cativantes e belas melodias, enriquecidas com solos rápidos de teclado e vocais modernos e operáticos e coros poderosos. Eu escrevi todas as músicas e melodias vocais, enquanto Chiara Tricarico escreveu as letras de todas as músicas.

O que te motivou a erguer esta banda?
Ravenword foi o primeiro projeto que concebi em 2007 e a primeira formação foi concluída em 2011. Após várias vidas e algumas mudanças na formação, em 2014 decidimos fazer uma pausa e, desde aí, cada membro trabalhou em diferentes projetos nos anos seguintes. Em 2016, decidimos gravar todas as músicas que tinha escrito para os Ravenword, a fim de concluir o trabalho que começamos em 2007. Assim, desde 2016, visitei novamente todos os arranjos e Chiara (Moonlight Haze, Sound Storm) reescreveu todas as letras. Também convidei Cesare Ferrari (já comigo nos Choirs Of Veritas) para gravar as guitarras e baixo e Michele Olmi (Chronosfear, SkeleToon) para gravar a bateria.

O nome da banda foi inspirado num romance de Edgar Allan Poe, ou seja, poderemos inferir que o seu estilo lírico é uma grande influência para vocês?
Eu fundei a banda Ravenword quando tinha 19 anos e depois também escrevi a maioria das músicas, e nessa altura, era um grande fã de Edgar Allan Poe e, em geral, gostava de muitas poesias românticas e decadentes da época. Gostei muito do seu conceito sobre a luta interior para alcançar uma condição de amor com um consequente estado de eterna alegria. Muitos poetas escreveram sobre esse tópico, como por exemplo Novalis, Leopardi, Dante e assim por diante, mas o estilo de Poe era como uma flecha que atingia diretamente o meu coração. Por esse motivo, o nome Ravenword é inspirado em seu famoso romance The Raven. O meu objetivo era estabelecer uma referência cruzada aos temas poéticos típicos das suas obras e, a partir daí, uma referência cruzada adicional ao estilo da nossa música.

E em relação às questões musicais, quais são as tuas principais influências?
É claro que Sonata Arctica, Nightwish, Stratovarius, Within Temptation e Rhapsody Of Fire!! Apaixonei-me pela música deles quando tinha 19 anos e desde então eu fiz o meu melhor para me tornar um bom teclista como Tuomas Holopainen, Mikko Harkin, Henrik Klingemeberg, Jens Johansson, Janne Wirman e outros ...

Transcendence é apresentado como um álbum que reflete toda a história passada da banda desde o início em 2007. Qual é o significado disso?
Este é o nosso primeiro álbum de estúdio oficial, com as primeiras músicas que escrevi quando eu era mais jovem, e nas quais participaram músicos que já eram membros do Ravenword e alguns outros que são novos na banda. O meu sonho era escrever um álbum contendo as minhas emoções e a minha paixão e com Transcendence esse sonho tornou-se realidade.

Face ao que disseste, o que pretendes afirmar quando dizes que este é um álbum de estúdio único?
O nosso objetivo foi a criação de um álbum oficial para incluir toda a história da banda e foi assim que Transcendence nasceu. Atualmente, os Ravenword deveriam ser um projeto de estúdio.

E como surge esta reunião agora? Uma reunião que inclui novos membros, certo?
A criação de um álbum incluindo as primeiras músicas que escrevi e que mostrou os meus sentimentos, foi a razão desse álbum e minha motivação pessoal para continuar. A formação atual inclui Chiara Tricarico (Moonlight Haze, Sound Storm) nos vocais (e ela também escreveu todas as letras), Cesare Ferrari na guitarra e baixo, Michele Olmi (Chronosfear, SkeleToon) na bateria e eu nos teclados. Já tive o prazer de trabalhar com Chiara durante os anos mais ativos dos Ravenword (em termos de espetáculos ao vivo, de 2012 a 2014), enquanto Cesare e Michele são os novos membros deste projeto.

De qualquer forma, como definiria este álbum para quem não conhece a banda?
Provavelmente um salto na música metal finlandesa do passado, quando Sonata Arctica e Nightwish deram os primeiros passos, mas com ideias inovadoras de música, letras poéticas e conteúdos românticos.

Já tiveram oportunidade de tocar estas músicas ao vivo no passado. Pergunto-te o que tens previsto a este respeito para o futuro…
Sim, tocamos ao máximo estas músicas de 2011 a 2014, durante os nossos anos de atividade ao vivo. Falando sobre o futuro… vamos pensar sobre isso no futuro!

Muito obrigado, Davide! Deseja acrescentar algo mais?
O nome do álbum Transcendence simboliza a vontade de “ir além”, o que significa não parar na nossa primeira perceção da realidade, mas procurar sempre um significado oculto e profundo dela.

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