Entrevista: From Atomic


Coimbra, 2018. Alberto Ferraz desafia Sofia Leonor para fazerem algo em conjunto. Nascem os From Atomic que mais tarde se tornariam um trio com a adição de Márcio Paranhos. O primeiro disco, o mais bonito disco da vida dos membros, intitulado Deliverance, é lançado em pleno período de pandemia e de confinamento geral. Porque assim as pessoas têm mais tempo para o ouvir e absorver.

Olá pessoal! Aí está a vossa estreia em termos discográficos. Que sentimentos vos dominaram com o lançamento de Deliverance?
Realização e impotência.

Antes de irmos a Deliverance, centremo-nos nos From Atomic. Quando nasceram e com que intenções e objetivos?
From Atomic nasceram a meio de 2017, no seio criativo de Sofia e Alberto. No entretanto de uma série de projetos que andávamos a trabalhar, este foi o que começou a destacar-se pela simbiose que criávamos, as músicas nasceram e cresceram de uma forma natural, muito simples e a velocidade de entendimento orgânico logo deu para perceber que era um processo criativo com rumo. A certa altura, sentimos que havia necessidade de introduzir um elemento que fizesse evoluir o som da banda, e aí entra o Márcio na bateria. Os objetivos eram e são claros, fazermos o que gostamos e apontar ao coração do maior número de pessoas.

Todos vocês já tinham tido experiências musicais relevantes noutros projetos ou não?
Outras experiências sim, relevantes talvez para nós.

Se vos perguntasse quais as principais referências musicais para os From Atomic, o que me responderiam?
Imagina um documentário musical que inicia em 1978 em Manchester, e durante a década de 80, atravessa o Oceano Atlântico, invade o CBGB, regressa à melancolia da Escócia, atravessa a pop gótica de Londres, e anda neste loop transatlântico de sons obscuros e ruidosos, provavelmente sem dizer uma única banda, consegues identificar todas.

Quando partiram para a composição de Deliverance, quais eram as vossas ambições?
Fazer o disco mais bonito das nossas vidas.

E sentem que conseguiram atingir esses desideratos?
Essa pergunta é como questionar um Pai, se o seu filho é perfeito…aos nossos olhos e ouvidos, estivemos perto.

Em 2018, o tema Heaven’s Bless despertou muita curiosidade. De que forma foi desenvolvido o trabalho desde aí até Deliverance?
A Heaven’s Bless foi a primeira música da Banda, foi essa que nos fez pensar que realmente havia ali uma fórmula, ainda só nós dois e uma caixa de ritmos. Desde então temos trabalhado numa fórmula mais orgânica, com ensaios onde vão sendo construídas as canções. Inicialmente a música era a Sofia que escrevia e já chegava com uma letra, atualmente surgem primeiro as músicas e depois a letra, ou vai surgindo gradualmente com a música.

Inclusive, esse tema foi incluído na compilação Novos Talentos FNAC 2019. De que forma este reconhecimento vos proporcionou a abertura de novas portas?
A inclusão foi importante, porque essa compilação tem a curadoria do Henrique Amaro, e só por isso, e pela importância que tem no meio musical nacional, passa a ser um cartão de visita que já te começam a levar a sério.

Entretanto, o álbum acaba por ser lançado em plena fase de pandemia. De que forma isso afetou as vossas ações promocionais?
Tal como a todos os outros. Optámos por não adiar, porque entendemos com a editora que seria uma boa altura para as pessoas ouvirem o disco, visto que têm mais tempo para fazer coisas que normalmente deixam para depois.

Nomeadamente, no que diz respeito a concertos, o que podem prometer os From Atomic quando for possível subir a palco?
Sangue, suor e lágrimas.

Obrigado. Querem acrescentar mais alguma coisa que não tenha sido abordado nesta entrevista?
Cuidem-se e amem-se.

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