Entrevista: Fallen Arise

Que não haja dúvidas que Enigma marca o início de uma nova era para os Fallen Arise. Cronologicamente separado cinco anos do seu antecessor, o conceptual Adeline, desta vez os atenienses quiseram trazer o metal de volta às suas composições. Trouxeram-no, efetivamente, mas com uma acentuada dose de criatividade o que faz dos Fallen Arise um dos mais consistentes projetos do mais que esgotado symphonic metal. Pouco depois de ter sido levantado o confinamento obrigatório na Grécia, falamos com o teclista e principal compositor, Gus Dibelas.

 

Olá Gus, obrigado pela disponibilidade e parabéns pelo regresso com este novo álbum. Posso perguntar o que fizeram durante todos estes anos?

Olá e muito obrigado pelo convite. Esses cinco anos foram muito ativos para os Fallen Arise. Andámos de tournée em tournée, tocámos em festivais na Europa e trabalhamos muito intensamente para este novo álbum!

 

Um novo álbum que demorou cinco anos a ser criado. Porquê?

Eu sei que é um pouco mais longo que as nossas expetativas, mas como disse, tivemos uma agenda apertada com muitos espetáculos ao vivo e foi uma tarefa enorme, acredita. Fizemos muitas tournées, depois voltamos ao estúdio durante um tempo e voltamos de novo à estrada. Isso aconteceu durante cerca de três anos. Além disso, como este álbum segue uma direção diferente, levamos algum tempo para fazer o som como deveria ser. Estávamos focados nas músicas, ouvimos várias vezes, mudamos e, sabes como é, estas coisas levam tempo para serem feitas corretamente, mas acho que valeu a pena!

 

Claro, aliás, mais tempo de trabalho fez com que a perfeição esteja mais próxima. Sentes isso?

Absolutamente. Se ouvires todos os nossos álbuns, perceberás que a banda se tem tornado mais sólida, mais experiente e tem descoberto a sua identidade. Além disso, esse é o ponto para mim. Não podemos comprometer-nos a fazer a mesma coisa repetidamente. As coisas avançam para todos nós, músicos e público!

 

Vocês têm, naturalmente, muito orgulho nos dois primeiros álbuns, mas desta vez superaram os limites da criatividade. Este é vosso melhor álbum até agora?

Definitivamente sim! Enigma é muito diferente dos dois álbuns anteriores. Segue outro caminho, o que foi uma decisão da banda. Claro que os principais elementos da nossa música ainda estão aqui, mas mudaram. A maneira como os usamos varia muito. Até a maneira como compusemos o novo material foi diferente. Eu poderia descrever Enigma como o ponto de partida para uma nova era para os Fallen Arise.

 

Posso, então, perguntar o que fizeram de diferente desta vez em termos de abordagem?

Na verdade, a primeira coisa que fizemos foi falar sobre o que iríamos fazer no próximo álbum. Se consideras que Adeline era um álbum conceptual com um personagem muito próprio, podes ver que, o que procurávamos, era não nos repetirmos mais uma vez. Portanto, não há mais conceitos, não há mais era vitoriana. O nosso objetivo era criar um álbum de metal, por isso decidimos trazer o elemento metal de volta e colocar tudo o resto em torno dele. Lembra-te de que todos os elementos musicais que temos apresentado desde o nosso primeiro álbum também estão em Enigma. Para ser honesto, não há algo que tenha sido eliminado, mas, neste álbum, as mesmas coisas têm outro papel, outro propósito!

 

Todos os vossos álbuns são intitulados com uma única palavra. Existe algum significado para isso?

Nunca tinha pensado nisso (risos), mas deste-me uma boa ideia! Acho que aconteceu, simplesmente! Ótima observação!

 

Neste caso, qual é o Enigma que os Fallen Arise nos trazem? Que temáticas abordam nas vossas músicas?

Ao ouvires o álbum, sentirás muitas emoções, às vezes até uma combinação delas na mesma música. As emoções vêm principalmente de coisas que experimentamos ou ouvimos e que falaram connosco e nos levaram a criar. O que domina Enigma veio da observação da realidade de hoje. É óbvio que nos últimos anos se tornou mais difícil para a espécie humana, devido à própria espécie humana. Vês as pessoas a mostrar aspetos desconhecidos, no seu comportamento, nas suas escolhas. Tudo isso suscitou uma preocupação geral sobre como estamos a comentar de maneira artística e, ao mesmo tempo, enviar a nossa própria mensagem. E há uma faixa no álbum que fala sobre os três estádios da vida humana. Queríamos desde o início um significado mais profundo no título. Mas não é algo específico para todos os ouvintes. Toda a música pode ser um enigma. Os enigmas causados ​​pelo nosso álbum no ouvinte, como ele o analisa e que conclusões ele obviamente tira é de grande interesse para nós, eu diria que estamos ansiosos pelo seu veredicto!

 

Com a atual situação mundial em termos de COVID-19, o que têm feito?

Agora as coisas estão a melhorar e, por enquanto, não estamos no modo de confinamento. Desejo que isso não mude. Nos dias de confinamento, estive em casa com a minha família, a relaxar, tocar música, compor e trabalhar com os meus parceiros dos Fallen Arise na promoção do novo álbum.

 

Naturalmente, as apresentações ao vivo como suporte deste álbum foram canceladas. O que têm em mente para depois de tudo isto ter passado?

Sim, foi algo difícil para muitos artistas por aí, mas não se pode fazer mais nada, exceto ser paciente. Agora estamos num estado de recuperação após um período de dois meses fechados. Há alguns dias tivemos uma reunião com a banda toda junta. Foi ótimo e engraçado estarmos juntos novamente! O primeiro plano é começar a realizar alguns ensaios e organizar uma festa de lançamento no nosso país para apresentar o novo álbum. Depois disso, e quando as coisas melhorarem vamos começar a organizar uma tournée europeia! Mal podemos esperar para encontrar os nossos fãs mais uma vez!

 

Muito obrigado, Gus! Queres acrescentar mais alguma coisa?

Muito obrigado por esta entrevista incrível! Eu quero visitar Portugal, já ouvi o melhor do teu país e das pessoas daí. Espero que Portugal seja um dos nossos destinos na próxima tournée. Portanto, espero encontrar-te muito em breve! Felicidades!

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