Reviews - Junho (I)

Joyride (SHE BITES)

(2020, Pride & Joy Music)

Nove meses foi a gestação de Joyride, a estreia deste jovem projeto alemão. Os She Bites começaram por ser a junção da cantora e atriz berlinense Melanie Stahlkopf com Lars Köning (Lioncage, ex-Skyline), tendo tudo acontecido apenas a partir do ano passado. Joyride é uma viagem interessante pelo universo do melodic rock dos anos 80, claramente situado ao nível de nomes como Heart, Roxette, Robin Beck ou Fiona. Mas é uma viagem heterogénea. O início é demasiado amorfo e mesmo se considerarmos que a voz de Melanie carrega um sentimento soulful que apetece ouvir, há qualquer coisa que falha ao nível das composições. Tudo muda a partir da espetacular (não só, mas também, pela forma arrojada e diferenciadora de a apresentar) balada I’ll Be Alright. As influências de School Of Rock ou Grease marcam pontos no tema seguinte, Rock This Night e, a partir daí, até ao final parece que estamos noutro álbum, tal a reviravolta em termos de interesse que Joyride proporciona. [75%]

 


Awakening (OCTOBER KAMIKAZES)

(2020, Independente)

October Kamikazes é o resultado da junção de três mentes hardrockers da região centro do país, em 2018, a saber: Gonçalo Bessa, na bateria; André Figueiredo, no baixo; e Alex Bessa nas guitarras. E depois de um álbum homónimo com sete temas, surge o EP Awakening, composto por três novas canções – Dope Green Giant, Smoked Zombie (aquele que mostra melhores argumentos) e Sun Wolf. Com uma sonoridade que junta a crueza do punk, a abrasividade do stoner rock e a causticidade do post punk, ainda sobra tempo para uma piscadela de olhos ao delta blues, sendo esse pormenor que acaba por diferenciar este trio. [70%]

 


Oblong (OBEY COBRA)

(2020, Independente)

Este coletivo oriundo de Cardiff chamado de Obey Cobra já foi descrito como um dos nomes a acompanhar no futuro. Mas, sinceramente nem percebemos muito bem porquê. O seu post-punk experimental, psicadélico e por vezes eletrónico não é assim nada de tão significativo e até se notam algumas lacunas importantes ao nível da execução e da vocalização. Oblong é o seu disco de estreia que, efetivamente, traz algumas coisas boas na sua abordagem próxima do doom/stoner e que nos primeiros temas até promete, pelo menos a épica OK Ultra. Mas a sua causticidade desmedida prejudica a musicalidade de tal forma que há alguns temas que se tornam simplesmente inaudíveis. [60%]

 


King Of Hearts (CHRIS ROSANDER)

(2020, AOR Heaven)

Forte e claramente influenciado por nomes como Toto, H. E. A. T., Chicago ou Survive, Chris Rosander é um jovem músico sueco que se dedica, como se percebe ao AOR/westcoast. King Of Hearts é a sua primeira experiência em termos discográficos e mostra que o jovem de 22 anos ainda tem um longo caminho a percorrer. Falta garra, melodia e sensualidade a este conjunto de canções que só a espaços (Could This Be Love, Only For The Night ou Crossroads) consegue chamar a atenção fruto de um afastamento em relação ao conjunto de banalidades que compõem o resto do álbum. Este é um problema que também pode ser o resultado do trabalho demasiado em solitário. Rosander trabalhou sozinho nas canções e apenas teve a ajuda de P-O Sedin (baixo) e Anton Frengen (guitarra solo em King Of Hearts). Tudo o resto foi tocado por ele próprio, o que se reflete, também, em bastantes limitações em termos instrumentais. [64%]

 


Magic Moments (SAPPHIRE EYES)

(2020, Pride & Joy Music)

A génese dos Sapphire Eyes está em Niclas Olsson (Alyson Avenue, Second Heat) e o lançamento do seu álbum, em 2011, Sapphire Eyes. Posteriormente Olsson passou da fase de projeto a uma fase de banda real, com membros permanentes e é assim que surge este coletivo que recentemente lançou o seu terceiro álbum Magic Moments, sucessor de Breath Of Ages, de 2018. Mais uma vez, os Sapphire Eyes procuram a inspiração nos grandes nomes do AOR/melodic rock quer do passado (Toto, Journey, Survivor) quer mais atuais (Radioactive) e mostram-se competentes, apesar de nunca demasiadamente expansivos. Pode afirmar-se que as melodias são boas, as estruturas não comprometem, as emoções sentem-se fluir, os executantes têm um bom desempenho (principalmente uma guitarra solo sóbria e equilibrada) e as 11 faixas ouvem-se bem e sem cansaço. De tal forma que os melhores momentos estão guardados para a fase final, de onde destacamos Cutting Like A Knife e a bela e atmosférica balada All I Nedd Is To Hold You. [70%]


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