Review: Setembro (III)

 

Verwirrte Welt (TINA SCHÜSSLER)

(2020, Pride & Joy Music)

A tripla campeã mundial de kickboxing Tina Schüssler também é rockeira, como se comprova em Verwirrte Welt, um disco onde a alemã mostra que a sua energia não se limita aos ringues. E nem os problemas de saúde que a afetaram durante longo período a impedem de fazer o que mais gosta: lutar e cantar! Este álbum totalmente cantado em alemão surge numa altura em que Tina deveria andar em tournée europeia com os Bonfire, caso o COVID-19 não tivesse alterado todos os planos. A tour não se fez (foi adiada e começará ainda este mês, se tudo correr como previsto), mas Verwirrte Welt está aí com a alemã a apresentar um conjunto de temas de rock e hard rock, com incursões pela pop e hip-hop. Todavia, a sensação que prevalece ao longo de todo o álbum é que Tina deverá dedicar mais tempo à sua carreira desportiva que à musical… [66%] 



Panther (PAIN OF SALVATION)

(2020, InsideOut Music)

Dos suecos Pain Of Salvation só se pode esperar o inesperado. Mas, o certo é que a linha que separa a genialidade da desilusão é muito ténue. E isso fica plenamente demonstrado em Panther. Sendo certo que a banda liderada por Daniel Gildenlöw continua a surpreender pela evolução, pela diferenciação, pelo experimentar de novas formas de composição, não é menos certo que o caminho, desta vez, o levou a experimentalismo e maquinaria a mais e inspiração a menos. E, sem pôr em causa a capacidade imaginativa do coletivo, o certo é que o gosto pela eletrónica acaba por ser levado ao extremo (pelo menos em metade do disco) e apenas em Wait somos deliciados com um belíssimo trabalho de guitarra clássica. Um momento alto que só se voltará a repetir na longa e épica Icon, que fecha, realmente, este Panther de forma espetacular. Fazer arte também é saber criar canções e não apenas desbravar caminhos, pelo menos quando este segundo não vem devidamente acompanhado do primeiro. [66%] 



Rockin’ Anthology (MYSTERY GANG)

(2020, Edge Records)

Como o próprio título do álbum deixa antever, Rockin’ Anthology reúne 17 dos melhores temas dos Mystery Gang. Esta compilação acaba por ser um resumo da carreira de 22 anos dos húngaros, o maior nome no seu país na arte de fazer, na sua forma mais autêntica, elementar e primitiva, rock ‘n’ roll e rockabilly à boa maneira americana dos anos 50. Todas as canções (16 cantadas em inglês e uma, como faixa bónus, na sua língua materna) foram totalmente regravadas em formato live em estúdio. Incrivelmente simples, mas tremendamente eficazes estes temas conseguem que ninguém fique indiferente ao ritmo e à liberdade desenfreada. Todavia, é pena que os Mystery Gang não consigam imprimir um pouco mais de dinamismo, porque há a tendência para ir repetindo o mesmo registo, causando alguma saturação. [73%]


 


Parallel Love (ATLAS)

(2020, AOR Heaven)

Parallel Love é o segundo álbum da banda de melodic rock Atlas, com os trabalhos de composição deste novo conjunto de temas a começarem logo após a tour de 2019 com os Midnight City e Age Of Reflection. Esse trabalho resultou em 11 temas mais concisos e fortes que o disco de estreia, procurando uma abordagem mais pesada enquanto mantinha a base nas raízes dos melodic rock e AOR. Em termos temáticos Parallel Love aborda a questão dos altos e baixos nas relações e, parece, que essa tendência foi transportada para a composição, com o álbum a apresentar, também, alguns altos e baixos. E nem um vocalista competente e a utilização bem enquadrada de doses de teclados, cruzados com solos agradáveis, tornam Parallel Love um álbum capaz de fugir de muitos dos lugares comuns que este género costuma apresentar nos dias de hoje. Os fãs de bandas como Age Of Reflection, Midnite City ou Newman poderão dar uma oportunidade a este disco, embora, em momento algum, os britânicos se aproximem de nenhum dos nomes citados. [68%] 



My Blues Pathway (KIRK FLETCHER)

(2020, Cleopatra Records)

Kirk Fletcher – guitarrista de blues, antigo membro dos Fabulous Thunderbirds e premiado músico nos EUA. My Blues Pathway – sexto disco da carreira do músico onde se juntam alguns originais e outras versões, em jeito de tributo, aos maiores nomes do blues, embora sejam nomes um pouco menos óbvios e até mais obscuros, como Sonny Boy Williamson, Chris Cain, AC Reed e Juke Boy Bonner. My Blues Pathway sucede, assim, ao nomeado álbum Hold On, lançado em 2018 de forma independente e mostra-nos temas bem construídos/reconstruídos e com alguns arranjos minimalistas (pelo menos ao nível do Hammond) onde a inclusão dos sopros, em maior escala, e da harmónica, em menos, se revelam fundamentais para manter a coesão e a magia de um disco onde o maior destaque acaba por ser o trabalho limpo e delicioso da guitarra de Fletcher. [80%]

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