Reviews: Outubro (I)

 

Circles (NEROARGENTO)

(2020, Rockshots Records)

Circles é o quinto álbum do multi-instrumentista italiano NeroArgento, primeiro para a Rockshots Records e mostra um compositor a voltar à suas raízes industriais. Este regresso é acompanhado por um passo em frente no que diz respeito a um som mais maduro e experimental, naquilo que bem pode ser considerado como cyber metal. Este é um disco com exagerado recurso a samples, sequenciadores e maquinaria pesada, cruzando o metal industrial dos Rammstein com o nu metal de uns Korn ou Linkin’ Park. Pontualmente notam-se algumas influências góticas entrecruzadas com as referências citadas. Vocais a variar entre limpos e agressivos e riffs cheios de groove e com enorme densidade, são outras das caraterísticas deste registo. [61%]



 

Logos (MYTRA)

(2020, Nail Records)

Logos é o segundo disco da banda húngara de sci-fi/ciber metal onde o metal de algum cariz progressista se cruza com uma dose de eletrónica bastante acentuada. De tal forma que, na realidade, tanta maquinaria acaba por saturar. Como também satura tanta berraria na componente do vocal masculino. Sendo certo, no entanto, que a dualidade com a voz feminina até resulta, embora a repetição deste registo e da matriz composicional seja o principal problema de Logos. No entanto, de uma coisa não temos dúvidas: o quinteto magiar não se prende a modas nem a estruturas formatadas e consegue apresentar um disco frenético que desafia o status quo instalado no cenário metalizado atual, sendo que a espaços mostra ideias que, no entanto, deveria ter sido melhor exploradas. [65%]



 

Carnival Of Creation (MEMOIRA)

(2020, Inverse Records)

Depois de um intervalo de quatro anos, os finlandeses Memoira regressam com aquele que é o seu terceiro disco intitulado Carnival Of Creation. O sexteto de Pori/Jyväskylä acentua a sua vertente de apresentar de melodias melancólicas, riffs de guitarra poderosos, atmosferas sinfónicas e a bela voz de Annika Jalkanen, também dos For Selena And Sin. Carnival Of Creation apresenta oito temas que, claramente vão em crescendo com um início algo periclitante e não muito convincente, mas um conjunto final de três temas com sensualidade, beleza e excelente estruturação. Ainda assim, será difícil aos Memoira conseguirem-se impor neste campeonato tão exigente. [75%]



 

Afterhours (HOURSWILL)

(2020, Ethereal Sound Works)

Para fãs e colecionadores assim se pode descrever este EP de seis temas dos Hourswill. A banda nacional que teve em Dawn Of The Same Flesh, lançado o ano passado, o seu maior momento criativo e o culminar de um trajeto em crescendo de qualidade, quis oferecer uma prenda aos seus fãs. Assim surge este trabalho, Afterhours, composto por um tema original poderoso e complexo e uma nova versão do espetacular Now That I Feel, tema incluído no álbum anterior. E depois, quatro temas dos álbuns anteriores captados ao vivo. E é pena que aqui, uma banda como os Hourswill que tanto mostram nos seus temas, sejam prejudicados por uma má captação sonora destas quatro faixas. [80%]



 

Silent Enemy (BLACK SUN)

(2020, Rockshots Records)

Equador? Sim, é deste país da América do Sul que surgem os Black Sun que depois de três álbuns chegam à italiana Rockshots Records para quem se estreiam com Silent Enemy. Este é um EP conceptual de sete temas (incluindo uma intro, um interlúdio e uma outro) com a curiosidade de ter diversos vocalistas, porque a banda se separou do seu frontman original durante a produção deste material. E que vem acompanhado de um pequeno filme baseado no conceito do trabalho musical, pelo que musicalmente é possível detetar o trabalho de Topias Kupiainen na criação da banda sonora. Orgânico, apaixonante, emocional e enérgico, este disco segue as pisadas de nomes como Judas Priest, Helloween ou Gamma Ray. Só não precisava de ser tão curto nem ter tantos micro-temas. [77%]

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