Reviews: Novembro (II)

 

The Ritual (KING MOTHERSHIP)

(2020, Century Media Records)

Spencer Sotelo (Periphery) tem trabalhado ao longo dos últimos 8 anos neste projeto, onde procura uma abordagem diferente do que faz habitualmente na sua banda. Com ele está o seu colega Matt Halpern e o ex-Waves Tai Wright. Em The Ritual, entra por diferentes campos que vão do pop até algum post-hardcore brutal. No entanto, é com uma sonoridade alternativa de uns Muse, progressiva à Devin Townsend, moderna como Avenged Sevenfold, experimentalista de The Mars Volta e harmonias/coros à Queen que se vai desenvolvendo este The Ritual. Sotelo fez quase tudo sozinho, com a ajuda dos seus companheiros e ainda conta com o convidado australiano Plini que tem um solo soberbo no tema final I Stand Alone. E o resultado é um disco onde não falta a originalidade nem bons arranjos. E onde a sua capacidade vocal fica bem patente. Mas também e um álbum desequilibrado, com os melhores momentos muito longe de outros pouco atraentes. [75%]

 


Money Burns (AVI ROSENFELD & MARCO BUONO)

(2019, Independente)

Foi ainda em 2019, mais concretamente em outubro que o israelita Avi Rosenfeld se juntou, pela quinta vez a Marco Buono para mais um registo. Desta vez intitulado Money Burns, traz onze temas num disco que abre em grande estilo com o tema-título com os vocais bem puxados e um sucessivo diálogo entre o Hammond e a guitarra elétrica em momentos deliciosos bem integrados na escola Deep Purple. A seguir, em Ancient Dragons Sands, a eletricidade desliga-se e abre-se espaço para o trovadorismo criado pela guitarra acústica e pelo piano. O funk num tema cheio de groove com o saxofone a brilhar vem logo a seguir, em You Got Me Burning. E, a partir, daí tudo se pode esperar deste novo disco do compositor, embora a temática da tranquilidade esteja mais presente, com o saxofone a mostrar-se mais uma vez e a distorção a regressar lá mais para o fim. Isto antes de um surpreende final, Bonus Love, cheio de emotividade apenas com piano e voz. De facto, Avi Rosenfeld a mostrar-se cada vez mais perto do topo da sua forma! [81%]

 


Colours (THROUGH SILENCE KEPT)

(2020, Independente)

Pedro Manteigas (Perfect Sin, Utopium, Swallowed By Hollow e We Are Killing Ourselves) está de regresso com um novo projeto intitulado Through Silence Kept, onde explora ondas ambientais e de neoclassical. Colours é o seu mais recente trabalho, num registo onde se notam as influências de Rodrigo Leão e onde se apresentam cinco temas, três deles instrumentais. Dos dois vocalizados, Devoid Of Life conta com a voz etérea de Cristiana Kelly, e o encerramento Amore Vincit Omnia, um verdadeiro épico que se aproxima de um prog dos Riverside por exemplo, e que traz a voz de David Pais. Colours mostra, desta forma, a viagem pelo mundo das sonoridades e das cores que Pedro Manteigas consegue incutir nas suas notas. Um trabalho muito agradável e que denota vontade de inovar e explorar. [76%]

 

 

Russian Dolls (MARBIN)

(2020, Independente)

Danny Markovitch é o saxofonista dos Marbin que lançam esta verdadeira pérola do jazz moderno com toques de orientalidade. Com Markovitch estão António Sanchez na bateria e Dani Rabin na guitarra e baixo. E desde um jazz mais orientado para o som de Chicago, até ao smooth jazz, passando por influências brasileiras ou de uma mais alargada influência mexicana, pelo blues jazz e, naturalmente, por algo mais próximo dos sons de leste, Russian Doll é um conjunto de 7 temas deliciosos que apetece ouvir vezes sem fim. Desafiante, minimalista e expansivo, o sax de Markovitch conduz o ouvinte por uma viagem que toca os sentidos e as emoções. Como exemplo, quem é que consegue não se emocionar com Things Of Dry Hours. [90%]

 


Todos Os Fados São Meus (FRANCISCO MOREIRA)

(2020, Independente)

Todos Os Fados São Meus é o álbum de afirmação definitiva de Francisco Moreira no Fado. Com uma discografia que começou na infância e passou pela adolescência, é com este novo disco que o fadista demonstra que o Fado é o caminho que quer e vai seguir ao longo da sua carreira. Este trabalho discográfico comporta um pouco de todas as nuances do Fado. Tanto nos oferece Fado Tradicional com poemas antigos, como canções fadistas intemporais. Dá-nos fados compostos propositadamente para este álbum, homenageia grandes fadistas da História e tem espaço para Francisco Moreira se apresentar igualmente como letrista. O maior destaque vai para Todos Os Fados São Meus, o tema que dá nome ao álbum, onde o fadista nos mostra como se entrega ao Fado e como não tem pressa de fazer o seu caminho. [71%]

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