Entrevista: Lilith's Revenge

 


O ano de 2020 pode ficar marcado pela pandemia, mas também vai ficar marcado pelo nascimento de mais um projeto nacional de qualidade. Paula Teles, com uma vasta experiência a vários níveis, inclusive no metal (uma experiência que ela própria classifica de falhada), motivada por alguns amigos inicia os Lilith’s Revenge. Formação estabilizada, temas em construção, um vídeo já a rodar (para o tema Hand On Heart) e a promessa de muito trabalho com vista ao primeiro longa-duração que deverá surgir em 2021. Para conhecer melhor esta nova proposta fomos falar com Paula Teles, a vocalista com cor lírica!

 

Viva, obrigado por despenderes algum tempo com Via Nocturna. Os Lilith’s Revenge nasceram apenas este ano, não é verdade? Mas, neste curto espaço de tempo, como tem sido a vossa existência?

Obrigada por nos darem esta oportunidade. Apesar da nossa curta existência, o trabalho criativo tem sido de tal forma intenso que levou a uma conexão bastante forte entres os membros da banda. Todos criamos uma ligação especial ao projeto, porque todos colocamos parte de nós nele. E isso vai sendo cada vez mais visível à medida que o trabalho da banda vai evoluindo.

 

Como e de onde nasceu esta ideia de se juntarem neste projeto?

Depois de muito tempo ligada à música clássica e de uma experiência falhada no mundo do Metal, pensei que seria melhor parar para descansar e traçar novos rumos talvez fora da música. No entanto, alguns bons amigos motivaram-me a seguir em frente e a criar algo mais pessoal; no início tinha em vista trabalhar com músicos de estúdio contratados para o efeito, mas simplesmente não me pareceu válido apostar em mais um projeto vazio, sem uma vertente humana que o sustentasse. Quando o Paulo, que era meu aluno de canto, me falou que tinha uma banda e me mostrou o trabalho que faziam, não pensei duas vezes e apresentei-lhes o projeto. Suponho que ainda não estejam arrependidos pela decisão que tomaram.

 

Já tinham tido outras experiências musicais anteriormente? Ou ainda mantém outros projetos em simultâneo?

O Paulo, o Edu, o Joe e o Bruno têm uma banda de metal progressivo, os Strings in Veins. Eu, devido à minha idade avançada (risos) já tive uma feliz cota de experiências musicais. Atualmente, para além dos Lilith's Revenge, irei alinhar noutro projeto.....sshhhhh é segredo.

 

Algum significado para um nome como Lilith’s Revenge? Como surgiu?

O nome Lilith's Revenge surgiu da necessidade de sublinhar a força feminina no mundo do rock/metal e na sociedade em geral. Não estou aqui a falar do feminismo sem conteúdo que vem surgindo quase como uma moda; refiro-me ao facto de ser necessário questionar o moralismo podre, independentemente do género. Eu, como mulher, vou sentindo aqui e ali o quanto ainda estamos todos demasiado formatados ao que nos é incutido socialmente, desde o nosso nascimento. Óbvio que são décadas enraizadas de ideias retrógradas cristalizadas, mas a arte é sempre a melhor forma de mudar mentalidades.

 

Já têm alguns temas prontos que possa sugerir a edição de um trabalho seja ele físico ou digital?

Já temos 11 temas alinhados que precisam de trabalho. No próximo ano, com certeza, irá sair um álbum.

 

De que forma, nas tuas próprias palavras, definirias a sonoridade Lilith’s Revenge?

Isso é sempre uma pergunta complicada porque à medida que vamos compondo não pensamos em categorias definidas, vamos fazendo o que nos parece e soa melhor. Todos temos referências e influências diferentes. Lilith's Revenge tem músicos ligados ao metal, ao hard rock e ao rock clássico, e uma vocalista com cor lírica. São esses os ingredientes.

 

Que nomes ou movimentos mais vos influenciam? De onde vem a inspiração para os vossos temas?

Eu sou muito influenciada pelo que estou a ouvir no momento. Se nesse dia estive a ouvir Europe, a linha vocal vai sair mais ligada ao Hard Rock/Rock Clássico; se estive a ouvir Therion, o resultado será completamente diferente. Todos os elementos da banda ouvem estilos de música diversificados, e isso só nos faz bem. Quanto à letra, todos os temas têm um toque da mitologia de Lilith que nos transporta para temas (infelizmente) atuais como desigualdade de género, violência, discriminação. Abordamos também o lado luz da situação: a superação, a vitória, o empoderamento. 

 

Pelo que se percebe das tuas palavras e também pelo que pude ver no vosso site, a banda acaba por ser uma banda de causas. Opressão, discriminação, violência. Abordam essas temáticas nas vossas composições?

Todas as nossas composições vão estar ligadas a “causas”. Somos pessoas de causas, não poderia ser de outra forma.

 

Já agora, de que forma é feito o trabalho de composição na banda?

Todas as semanas nos juntamos para compor. Às vezes sai alguma coisa de jeito, outras vezes nem por isso!

 

De que forma a presente situação de pandemia vos afetou e como tem tentado superar a mesma?

Tem sido muito difícil articular o trabalho em estúdio com todas as restrições e cuidados que temos de ter. Por outro lado, percebemos que tudo pode mudar de um momento para o outro e que, por isso, não devemos ter medo de arriscar e de sair da nossa zona de conforto.

A terminar, mais uma vez obrigado e dou-te a oportunidade de acrescentar algo mais ao que já foi abordado nesta entrevista?

Obrigada ao Via Nocturna e a todos o que nos têm ajudado na divulgação do nosso trabalho. Prometemos não vos deixar ficar mal. Obrigada a todos os que ouviram a nossa música, que ela vos tenha feito sentir alguma coisa. Se assim foi, missão cumprida.

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