Reviews: Escape, Ritual, Cruz De Ferro, WinterMoonShade, Cães De Guerra


Fire In The Sky (ESCAPE)

(2021, AOR Heaven)

Depois de décadas de silêncio, os Escape regressam aos discos com Fire In The Sky e com uma formação renovada. A banda de AOR/melodic rock britânica surge muito no sentido das suas criações apresentadas nos dois primeiros álbuns, combinando a sua enorme experiência acumulada ao longo dos anos com as novas tecnologias. Embora, curiosamente, algumas destas canções tenham mais de 30 anos. O que também prova que, face à qualidade demonstrada, seria um erro continuarem escondidas e era urgente o seu lançamento num formato apropriado. E quando dizemos apropriado, referimo-nos à execução pela lendária banda Escape, já que Vince O’Reagan já as tinha disponibilizado, à sua maneira, em diversos lançamentos seus. Agora, a energia, a atitude, a produção, a bateria, baixo e vocais – tudo é novo. Um som fresco que eleva algumas das canções a outro nível, como, por exemplo, o sensacional tema-título final. Já agora, Blinded By A Lie e Walk On Water são temas provenientes do álbum a solo de Bob Catley, de 2006, Spirit Of Man. Aproveitando o confinamento, esta acabou por ser uma boa oportunidade para os Escape regressarem em bom nível. [75%]



Valley Of The Kings (RITUAL)

(2021, High Roller Records)

Bandas chamadas Ritual há imensas, mas a que aqui trazemos é um coletivo britânico que esteve ativo entre 1973 e 1995, tendo, nesse período lançado os álbuns Widow (1983, Legend Records) e este que agora é alvo de reedição pela High Roller Records, Valley Of The Kings (1993, Romany). Apesar de fortemente inspirados no NWOBHM, os Ritual ainda hoje são considerados como uns dos precursores do movimento do occult rock, sendo que até o guitarrista e vocalista Re Beth admite algumas influências dos Black Sabbath. Dez anos depois de Widow, os Ritual lançaram Valley Of The Kings que, se atentarmos ao estilo apresentado, bem poderia ter sido lançado logo em 1984 – riffs tradicionais embelezados com inúmeras passagens acústicas que tornam a sua audição uma experiência muito interessante. Esta reedição vem adicionada de um tema extra intitulado Come To The Ritual. Recorde-se que este já havia sido incluído, juntamente com Children Of The Night (que agora não consta do tracklist) numa reedição que a Shadow Kingdom Records havia levado a efeito em 2008. [84%]



Leão dos Mares (CRUZ DE FERRO)

(2021, Rastilho Records)

Quanto ao conceito criado, os Cruz de Ferro serão dos melhores projetos nacionais. A sua opção pela recolha histórica do nosso país e utilizando sempre letras em português confere maturidade e autenticidade ao seu poderoso e true metal. Depois de dois álbuns, Leão dos Mares é o título de mais um EP, já o quarto na carreira. As faixas aqui presentes são cinco e trazem a velha mística da banda de Torres Novas, mas adicionados de alguns elementos inovadores. Neste aspeto referem-se os blast beats e solos agonizantes de Nau dos Loucos, faceta musical perfeitamente adequada à temática da canção - costume medieval de embarcar os proscritos e os loucos à deriva, o surpreende final com guitarra portuguesa de Lidador e a espetacular linha melódica criada para Velada de Armas. Leão dos Mares é uma edição limitada e apenas em vinil, mas que deve ser garantida em qualquer metalhead, principalmente luso. [85%]



WinterMoonShade (WINTERMOONSHADE)

(2020, Black Spark Records)

A cena black metal nacional continua bastante produtiva e um dos mais recentes nomes a surgir – nasceram em 2019, mas apenas se consolidaram como banda em 2020 – são os WinterMoonShade. A sua estreia, através do álbum homónimo, mostra-se carregada de obscurantismo, frieza e crueldade. Mesmo que o seu black metal apresente momentos com o fraseado da guitarra marcadamente melódico, todo o sentimento de extremismo está presente. Adicione-se o facto de o trio utilizar pseudónimos e usar máscaras, para se perceber que esta entidade prefere dar o destaque ao que mais interessa – às suas densas descargas de gélidas texturas, embora com ambiências gerais envoltas em melancolia. Ah! E à natureza, onde encontram a espiritualidade e a fonte de inspiração. [80%]



Cabras, Cães & Leite de Bode (CÃES DE GUERRA)

(2021, Firecum Records)

São 11 temas de um speed metal sujo aquilo que nos traz a dupla formada por 7 Peles (guitarra ritmo e vocais) e Furcas (guitarra solo, baixo e percussões). O projeto chama-se Cães de Guerra e Cabras, Cães & Leite de Bode é o primeiro longa-duração, depois do EP do ano passado, Forjados no Aço. Diz a banda que com este álbum irá provocar o caos e o terror e acreditamos que assim seja com a sua atitude descomprometida e cheia de atrocidades, devastação e deboche. E com algum humor à mistura. Assim a modos como se os Ena Pá 2000 começassem a tocar metal! Quem gosta de decadência, podridão e badalhoquice pode encontrar aqui bons motivos de interesse. Mas quem procura algo mais elaborado em termos líricos e musicais, ficará, certamente, desiludido. [70%]

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