Reviews: Stephen Crane & Duane Sciacqua, Tantric, Blind Petition, Rod1313, Mercic


Big Guns (STEPHEN CRANE & DUANE SCIACQUA)

(2021, AOR Heaven)

Os Big Guns nasceram em 1985 na sequência direta do álbum Kicks lançado por Stephen Crane (1984, MCA). Todavia, uma vez que a MCA não conseguiu promover o disco, a dupla Stephen Crane e Duane Sciacqua continuaram a escrever e a gravar novas canções. Com eles estava Johnny Burnet (RIP) e Matt MacKelvie, tendo sido assim que nasceram os Big Guns, banda que recebeu interesse de algumas editoras, mas nunca chegou a assinar. Muitos anos mais tarde, o álbum Kicks foi redescoberto e popularmente aclamado o que levou a editora AOR Heaven a procurar por gravações perdidas no tempo. O renascimento dos Big Guns estava em marcha. E é desta forma que surgem estes dez temas de rock clássico que toca o blues em Bad Reputation, que se aproxima da magia dos Queen em Touch Of Magic, mas que na sua maioria se insere numa linha Toto. Aquilo que teria sido o primeiro álbum dos Big Guns foi escrito há muito por Crane e Sciacqua, mas estes temas só agora vêm a luz do dia, por isso aqui se inverte a nomenclatura, como nome da primitiva banda a tornar-se o título do álbum. Mas Big Guns também é uma homenagem aos restantes músicos que, à data, dedicaram o seu tempo e talento na criação e execução destas canções. [76%]



The Sum Of All Things (TANTRIC)

(2021, Cleopatra Records)

Os Tantric são uma das mais distintas bandas de metal a surgir com o pós-grunge e The Sum Of All Things é o seu primeiro álbum em mais de três anos. Nele se encontram onze novos temas produzidos em colaboração com Chuck Alkazian (Chris Cornell, Pop Evil, Eminem). Logo por aqui se percebe que a banda liderada pelo poderoso vocalista luso-angolano Hugo Ferreira se apresenta bem ornamentada de um metal alternativo e carregada de contemporaneidade. São canções que se revelam poderosas, mas com ganchos dinâmicos e onde se mostram momentos com alterações rítmicas bastante desenvolvidos e sempre bem coadjuvada pela subtileza de linhas de piano ou guitarras acústicas. E temas como Can’t Find This, The Words To Say, Ten Years ou Whiskey And You (que desempenho de Ferreira!) prometem tornar-se sérios hinos da nova geração do metal. [81%]



30 Years In A Hole – 1991 – Rarities & Outtakes (BLIND PETITION)

(2021, Pure Steel Publishing)

Os lendários Blind Petition estão de volta com uma coleção mágica de canções. Mágica não por mostrar uma qualidade irrefutável, mas por serem das mais raras que os austríacos já algum dia gravaram. 30 Years In A Hole - 1991 - Rarities & Outtakes é precisamente o que o nome indica, 15 raríssimos temas, que agora deixam de o ser graças à Pure Steel Publishing. Sempre acompanhado de uma produção setentista, esta compilação vai desde o Melodic Metal até ao Hard Rock, passando por todas as diferentes fases que os austríacos já viveram ao longo dos seus quase 50 anos de carreira. Apesar de nunca perder a identidade, 30 Years In A Hole – 1991 - Rarities & Outtakes não consegue revelar o nível que os vienenses nos habituaram ao longo do tempo, mostrando claramente porque é que são estes os temas raros e não os já previamente lançados. Por isso mesmo esta compilação deverá interessar particularmente a todos os super-fans da banda, mas não ao público em geral. [79%]



Dark Clouds (ROD1313)

(2021, Independente)

Rod1313 é o projeto de Miguel Rodrigues (ex-Mundana, ex-Se7enty Se7en, entre outros) e que, atualmente, se encontra radicado na Suécia. E Dark Clouds é a sua terceira proposta, após o single Scars e o EP Gravity, ambos de 2019. Em Dark Clouds, apresentam-se seis temas de metal instrumental, assente no trabalho de guitarra de Miguel, que se assume como um destacado instrumentista. Aqui e ali podermos notar as influências de Joe Satriani, mas Dark Clouds tem essa virtude de muitas vezes, se afastar de associações fáceis. Por isso, há momentos atmosféricos que embatem em momentos bem mais pesados, mantendo sempre o equilíbrio em canções bem conseguidas e que buscam os mais diversificados elementos, nomeadamente no prog e no alternativo. O EP é cortado em duas fases pelo curto instrumental cheio de suspense e suavidade que é The Storm Is Coming. Mas quer os três tremas antes quer os dois finais acabam por se tocar nas caraterísticas anteriormente referidas e na superior qualidade das composições apresentadas. [88%]



Mercic_7_2021 (MERCIC)

(2021, UNP Music)

Depois de trabalho inovador como foi Mercic_5_2019 e um menos expansivo como Mercic_6_2020, Carlos Maldito regressa aos discos não com um, mas com dois lançamentos em simultâneo, embora com nuances bastante distintas. Para já ocupemo-nos de Mercic_7_2021. Este traz a novidade de as letras serem todas em português, num misto de declamações, spoken word e partes cantadas. Neste disco a componente instrumental da maquinaria surge menos intensa, dando ideia de que o importante é manter o foco nas palavras e nos textos. E, de facto, os poemas são de uma enorme beleza, pelo que a música acaba por funcionar, digamos, como uma base onde a componente lírica assenta. Nesta parte 7 a componente melódica está bastante mais desenvolvida em relação ao habitual, como se comprova em faixas como Sê Audaz, Há Sempre Um Vazio ou Olha-te ao Espelho, estas duas últimas com um toque de ambiência gótica. Já no tema final, Somos Erros, como que a fazer a passagem para Mercic_8_2021, assiste-se a um aumento do peso com inclusão de noise. [75%]

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