Reviews: Chantel McGregor, Saturnia, Airforce, Iron Jaws, Chaos Over Cosmos

 

Volume One (CHANTEL MCGREGOR)

(2021, Independente)

A pandemia e os seus confinamentos tiveram efeitos diversos na vida dos artistas. Sem concertos para efetuar, muitos dedicaram-se à composição, quase sempre de forma solitária. Outros aproveitaram para fazer experiências e gravar as suas aventuras. O que nem sempre se saldou num resultado muito apetecível. Que o diga Chantel McGregor, guitarrista britânica de blues rock com algum prestígio, que se aventurou, só com a sua guitarra em duas sessões a que chamou Shed Sessions. O primeiro volume, Volume One, resume-se à sua voz (muito bonita por sinal e um dos poucos pontos de interesse) e à sua guitarra acústica em temas mais ou menos conhecidos. Mas esta é, de facto, uma daquelas ideias que não resultou muito bem. Essencialmente, porque não havia necessidade de gravar e lançar esta coleção de experiências. Aceita-se que a senhora se quisesse entreter a tocar algumas das suas músicas favoritas, mas, tendo em conta que estas versões são extremamente básicas, porque promover o seu lançamento?  [71%]




Stranded In The Green (SATURNIA)

(2021, Sulatron Records)

Stranded In The Green é o oitavo disco do projeto de Luís Simões, intitulado Saturnia. E, mais uma vez, retrata um psicadelismo exuberante e absolutamente analógico. Luís Simões, como sempre, assume a totalidade da instrumentação. E essa totalidade inclui coisas tão díspares como sitar, tampura bem como uma enorme quantidade de teclados, todos eles vintage, como Rhodes e Mellotron. Tudo isso conflui para um disco de rock orgânico onde o psicadelismo se funde com o progressivo e onde ainda há espaço para experimentação mais pura, como acontece em Perfect Lonely (será experimentação ou meditação tibetana?), ou para uma musicalidade mais conseguida com as linhas de piano de When I’m High. Outras referências que surgem neste registo espalham-se, de forma astral e etérea, pelo krautrock e space rock. [80%]




Live Locked n’ Loaded In Poland Lublin Radio (AIRFORCE)

(2021, Rock Of Angels Records)

No final de 2018, Tony Hatton, baixista dos Airforce, recebeu uma mensagem de Marcin Puszka a convidar a banda para tocar na Radio Lublin, na Polónia. Esse espetáculo foi gravado e surge agora disponível para os fãs de todo o mundo através do álbum Live Locked N' Loaded In Poland Lublin Radio, numa edição da Rock Of Angels Records. Foi uma oportunidade para os fãs polacos (primeiramente) e de todo o mundo (agora via esta gravação) de sentirem a banda ao vivo. Do alinhamento fazem parte temas de todos os seus lançamentos: Judgement Day (álbum, 2016, Watchout Records), The Black Box Recordings: Volume 1 (EP, 2017, Watchout Records), The Black Box Recordings: Volume 2 (EP, 2018, Watchout Records) e Strike Hard (álbum, 2020, Pitch Black Records). Pode ainda ser ouvido o tema Sniper que apareceu no lado B do single de 2019. E, curiosamente, ao contrário do seu mais recente lançamento de originais que começa muito bem, mas vai perdendo fulgor, nesta apresentação ao vivo, os Airforce começam algo tímidos, mas a pouco e pouco vão-se soltando e ainda vão a tempo de atingir patamares de enorme intensidade. [80%]


 


Declaration Of War (IRON JAWS)

(2021, Pure Steel Records)

Mais de sete anos se passaram desde que os italianos Iron Jaws lançaram o seu último álbum, Guilty Of Ignorance. O terceiro álbum demorou, mas chegou agora e intitula-se Declaration Of War. E o que o quinteto de Asti nos apresenta é uma brutal descarga de high speed metal, por vezes a enveredar por campos de thrash metal. Muitos temas são curtos, diretos, in your face e, por via disso, não muito desenvolvidos; outros, bem menos, são os que apresentam boas evoluções. Do menu faz parte uma versão de Ton Of Bricks dos Metal Church que pouco se afasta do original, nem sequer na sua duração. O maior destaque vai para a qualidade dos solos com uma capacidade melódica assinalável e que até contraste com todo o pandemónio criado pelo restante instrumental. Vintage e cru, Declaration Of War é claramente indicado para fãs de Overkill ou Exciter e até dos nossos Toxikull. [74%]




The Silver Lining Between The Stars (CHAOS OVER COSMOS)

(2021, Independente)

Com base na Polónia, onde está Rafal Bowman (guitarras, composição e programação), os Chaos Over Cosmos resultam da colaboração digital entre o mentor e outros músicos do mundo. Desta feita, para o novo EP, que sai dois anos após The Ultimate Multiverse, intitulado The Silver Lining Between The Stars, surge o vocalista norte americano KC Lyon, bem como o seu irmão Keaton Lyon que assume os vocais no tema The Sins Between The Stars. Uma coleção de cinco longos temas com enormes progressões e vocais death metal, naquele que é o seu trabalho mais pesado e mais técnico. Excelentes solos e estruturas evoluídas são os pontos fortes desta proposta internacional que volta a perder pelo uso de bateria programada, como já tinha acontecido com o trabalho anterior. [80%]

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