Entrevista: OZ

 


Dez anos depois o projeto OZ volta aos discos! E se com Voyages fomos levados numa inesquecível viagem... em Life Before Your Eyes voltam as viagens pela existência de cada um. No fundo, os dois discos estão conectados mesmo que tão distanciados no tempo. Outro ponto de conexão é a sensualidade das canções e uma forma única de abordar as composições. A banda juntou-se para nos falar deste novo e entusiasmante álbum.

 

Olá, pessoal! A última vez que falámos foi… há 10 anos! O que têm os OZ andado a fazer?

Sim! Voyages viu a luz do dia em dezembro de 2011 e coincidimos no lançamento do segundo registo exatamente 10 anos depois. Além de uma série de espetáculos e showcases que fomos fazendo ao longo dos anos os elementos do projeto foram avançando com outros projetos musicais paralelos. É uma década completa e pelo meio foram avançando projetos pessoais e de vida dos elementos do projeto.

 

E como tem evoluído a banda? Os OZ de agora estão, naturalmente, mais maduros, portanto pergunto de que forma isso é notório no novo trabalho?

Com o trabalho feito em conjunto ao longo do tempo o projeto acabou por ganhar uma identidade própria e evoluiu no sentido de uma maior coesão na sua sonoridade. Fomos tornando o som mais coeso e os novos temas foram pensados com mais sentido de inclusão num conceito.

 

Os temas agora apresentados são todos recentes ou têm vindo a ser construídos ao longo destes 10 anos?

Os temas apresentados agora têm cerca de 5/6 anos, altura em que se começou a trabalhar nas composições e gravações. De um conjunto mais alargado de ideias retirámos estes temas e fomos trabalhando no sentido de criar um conjunto coerente e que se enquadrasse na temática abordada no álbum. Ainda temos um conjunto grande de ideias registadas para (quem sabe) trabalhar no futuro...

 

Em Voyages usaram diferentes linguagens, mas desta vez centraram-se apenas no inglês. Porque tomaram essa decisão?

Esta é uma decisão inconsciente, os temas foram sendo desenhados e houve um foco natural na escrita dos temas em inglês. Não houve propriamente um plano, mas a história que foi desenhada pedia uma maior coesão ao contrário do tema Viagens do álbum anterior.

           

Voyages deu lugar a Life Before Your Eyes. Porque a escolha deste título? O que significa?

Life Before Your Eyes tem mais do que um significado... Este álbum tem pontos de ligação ao anterior Voyages, presentes desde logo na letra do primeiro tema, Spread Your Love, que tem frases e expressões em comum com Karma Style, um dos singles de Voyages. Estes são, por assim dizer, dois temas com um cunho mais espiritual e que dissertam um pouco sobre o sentido da vida e o que vem a seguir... Se Karma Style apela a uma existência altruísta e de purificação espiritual com a promessa de um after life recompensador, já Spread Your Love nos diz que devemos dedicar a nossa passagem pela vida a espalhar amor como forma de atingir esse estado de purificação porque a seguir... não há mais nada! O ciclo fecha-se com o último tema que dá o nome ao álbum e que foi roubar a letra ao tema de abertura. Esta perspetiva da banda na elaboração de todo o conceito do álbum prende-se, sem dúvida, com a vivência experienciada por vários dos seus elementos ao longo da composição e da gravação do mesmo, incluindo o nascimento e a morte de entes queridos... No fundo, o ciclo da vida a desenrolar-se diante dos nossos olhos! Num sentido mais obscuro, Life Before Your Eyes pode entender-se como o filme das nossas vidas que nos passa diante dos olhos nos nossos momentos finais... Nessa perspetiva, pretendeu contar-se ao longo do álbum a história de uma relação rápida, intensa e atribulada entre dois amantes com um fim que se adivinha fraturante e inevitável, explorando todo um conjunto de sentimentos presentes nesta viagem emocional através de uma relação a dois.

 

Já que falam disso e sendo este um álbum conceptual, em que se baseia a história?

Este álbum tenta contar a história de uma relação curta e atribulada de um casal, onde se evidenciam imensos sentimentos vividos ao longo desse curto espaço de tempo. Apesar de a ideia de um fim estar muito presente no álbum, este não é um disco pessimista ou declaradamente negro, longe disso! Há vários momentos de exaltação e celebração da vida, de que Silhouettes And Shadows, Fire ou Higher Ground (mais dois temas unidos pela letra) são bons exemplos. É, no fundo, um disco de contrastes que nos fala de encontros e desencontros, paixão e traição, romance e separação... Como é a vida, que todos os dias nos passa diante do olhar! Recomenda-se uma escuta sequencial dos temas para melhor tentar emergir no universo que quisemos construir para este álbum.

 

Um dos aspetos mais salientes dos OZ é o uso de diversos vocalistas. De que forma é feita a distribuição dos temas por cada um? É planeado antecipadamente ou não?

Não temos nada planeado à partida, mas vamos imaginando cenários e vão sendo construídas letras. Depois tentamos sempre perceber como ficaria melhor vocalizado dentro da riqueza vocal que compõe o projeto.

 

Em Life Before Your Eyes contam com um conjunto de convidados. Antes demais, podem apresentá-los e falar um pouco sobre o seu input no resultado final?

Sim! Temos o Rui Salvador, um amigo e companheiro de outros projetos que nos gravou 2 solos de guitarra fantásticos. O Eduardo Oliveira é também um companheiro de outros projetos e participou neste disco como convidado no baixo. Temos ainda a Sofia Portugal nas segundas vozes femininas em vários temas. O Pedro Pereira também gravou vários temas na guitarra, ele trabalha com o nosso produtor em outros projetos e tem uma abordagem muito interessante aos temas. Por último deixamos o Rui Ferreira (CAPS) que produziu o álbum e contribuiu ativamente com um conjunto de ideias e partes instrumentais.

 

Quando convidam alguém o que estão à procura? E já agora quando começam a trabalhar num tema já têm uma ideia de quem o poderá enriquecer ou isso surge mais tarde?

Na elaboração e gravação dos temas por vezes vão surgindo algumas incertezas e muitas vezes alguém de fora irá trazer um input fresco às “brancas” que possam surgir na composição. Aí entram amigos músicos que nos conseguem desbloquear ideias e enriquecer os temas. Não é nada programado, vai acontecendo à medida que os temas vão sendo construídos.

 

Sendo certo que as coisas não estão fáceis, mas há planos para levar este disco para palco?

Neste momento estamos a avaliar algumas hipóteses, tentaremos levar o nosso novo álbum para algumas salas e mostrá-lo ao vivo sempre que se proporcione. Temos um evento marcado, mas ainda aguardamos pelo que irá acontecer para podermos anunciar em breve.

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