Entrevista: Death Has Spoken

 


Com as coisas a abrir ligeiramente em termos de pandemia (e ainda antes do seu país se vir envolvido numa gigantesca onda de solidariedade para com os seus vizinhos ucranianos), fomos apanhar os Death Has Spoken numa curta tour pela Polónia. Tudo ainda a respeito de Call Of The Abyss, segundo álbum ainda datado de 2021. E foi o vocalista/guitarrista Karol Pogorzelski quem nos respondeu.

 

Olá, Karol! Como estás? Obrigado por esta oportunidade! Novo álbum cá fora – quais são os sentimentos dentro dos Death Has Spoken?

Obrigado, este ano começou muito bem para nós. E sobre sentimentos dentro da banda? Grande apetite por espetáculos e mais um álbum.

 

Mas, antes de mais nada, podes apresentar a banda aos metalheads portugueses?

Claro. Death Has Spoken é o projeto musical iniciado na Polónia no início de 2017. Inspirado em temas de doom metal com influências de black e death metal. Depois de gravarmos o nosso álbum de estreia Fade, completamos a nossa formação e tornamo-nos uma banda a tempo inteiro. Em 2020 gravamos um single chamado Downfall que lançamos com outras duas bandas de doom metal na forma de um split EP intitulado Unyielding. Depois disso focamo-nos no nosso segundo álbum chamado Call Of The Abyss, finalizado e gravado na metade de 2021. Os membros dos Death Has Spoken são eu, Karol Pogorzelski (vocais e guitarra ritmo); Marcin Grygoruk (guitarra solo), Maciej Chodynicki (baixo) e Mikołaj Kupczyński (bateria).

 

Com que intenções nasceu Death Has Spoken?

Eu e Maciek tínhamos acabado de fracassar num outro projeto musical, um para o qual tínhamos grandes planos. Portanto, não será difícil descobrir que estávamos de mau humor. Além disso, algumas semanas antes, pagamos um estúdio de gravação por uma reserva de data. Ou seja, tínhamos duas opções: gravar faixas que não gostávamos ou tentar escrever algo novo num período muito curto de tempo. Eu tinha planos de me mudar para outra cidade, por isso reunimo-nos para a última jam session. Durante aquela sessão nasceu a ideia de experimentar doom metal. Descobrimos que temos muitas ideias nesse género. E foi assim que tudo começou.

 

E porque um nome como este? Como surge Death Has Spoken?

Saiu assim, mas demorou algum tempo. Estávamos à procura de um nome que descrevesse a nossa música, letras etc. Tínhamos algumas ideias, mas rapidamente desistimos delas. Queríamos incluir no nome da banda todos os tópicos sobre os quais falamos. E acho que conseguimos.

 

Como já referiste, o vosso lançamento anterior foi um split onde contribuíram com apenas uma música (como as outras duas bandas). Quais foram os propósitos desse lançamento?

Todas as três bandas trabalharam em estúdio nas suas músicas quase ao mesmo tempo. Achamos que seria uma boa oportunidade lançá-las juntos e demonstrar diferentes estilos de death doom metal da Polónia. Também tínhamos planos para alguns espetáculos pela Polónia. Infelizmente começou toda essa confusão com a pandemia e acabamos com apenas dois espetáculos.

 

Essa música aí presente, Downfall não consta de nenhum outro lançamento. Por quê?

A música foi escrita logo após o lançamento do nosso álbum de estreia Fade. Inicialmente pensamos em adicionar Downfall à tracklist do novo álbum. Mas tivemos duas mudanças nos membros da nossa banda e por causa disso o nosso estilo musical também mudou um pouco. Resolvemos recompor o Downfall e lançamo-la como single para mostrar a todos a nova face da banda.

 

Para quem conhece esse split e o vosso trabalho anterior, Fade, o que podes dizer sobre Call Of The Abyss em forma de comparação? Que pontos ligam este novo álbum aos anteriores?

Fade conta uma história sobre a morte e todas as coisas que acontecem (ou podem acontecer) logo depois disso. O personagem principal percebeu que o fim tinha chegado, mas não sentiu medo. De alguma forma, ele sabe que a sua jornada está apenas a começar. Ele começa a pensar em todas as coisas que fluem, querendo aliviar todos que ama, mas, de repente, entende que isso é inútil e sente alívio. Ele vê o seu novo caminho e, mesmo que esteja cheio de escuridão, acredita que essa luz fraca que brilha o ajudará a passar por isso. O final do primeiro álbum é uma metáfora da vida após a morte e Call Of The Abyss continua essa história. Navega direto para a escuridão do Norte, através dos ventos e tempestades para as terras desconhecidas. Mas, durante esta viagem, o personagem principal parece profundamente debaixo d'água. Ele sente-se calmo e ouve a chamada deste abismo profundo. E decide cair nele. Logo descobrirá que não era isso que ele esperava.

 

De alguma forma a pandemia afetou a forma e o ritmo de criação deste novo álbum?

Na verdade foi útil. Tivemos problemas com foco e acabamento do material novo. Durante a pandemia não tivemos escolha. Sem espetáculos, sem ensaios, tudo o que podes fazer é escrever novas músicas.

 

Como decorreu o processo de gravação? Tudo como planeado?

Foi muito exaustivo, mas fizemos tudo no prazo, principalmente como planeamos. Eu disse 'principalmente' porque durante a sessão de vocais eu tive muitos sentimentos e expressões e quase perdi a minha voz. Felizmente tive que descansar um pouco e depois pude voltar.

 

Já têm algum espetáculo planeado para promover este álbum?

Sim, estamos agora na primeira parte da tournée pela Polónia. Poucos espetáculos pelo país juntamente com outras bandas de cá. Depois, alguns meses de pausa durante o verão e continuaremos a parte dois. Estamos muito animados por finalmente podermos apresentar o novo material de Call Of The Abyss.

 

Obrigado, mais uma vez, Karol. Queres acrescentar mais alguma coisa ou enviar alguma mensagem para os vossos fãs?

Saudações aos leitores e editores da Via Nocturna. Obrigado pelo apoio. Lembrem-se de verificar os nossos perfis nas redes sociais. Estamos a trabalhar em algumas coisas novas e esperamos poder apresentá-las nesta metade do ano.


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