O doom metal em Portugal continua bem vivo, uma vez que
os Dawnrider continuam o seu percurso ascendente. The Third Crusade já
tinha ficado bem lá para trás numa reta cronológica e por isso já havia quem
perguntasse onde andaria o quarteto. Pois bem estava a reagrupar para lançar a
sua mais imponente obra até à data: The Fourth Dawn. Principal tópico de
conversa com três dos mestres do doom metal nacional.
Olá, tudo bem? Antes de mais, obrigado pela
disponibilidade e parabéns pelo vosso novo álbum. Mais uma vez, mantendo o
número de ordem do lançamento no título, correto? Já é uma tradição?
FILIPE RELÊGO (FR): Olá, Pedro. Antes de mais, obrigado pela oportunidade de falarmos sobre o
nosso último trabalho. Como já deves ter reparado, continuámos a lógica de
inserir o número de cada novo disco no título do álbum. No futuro, caso nos continue
a fazer sentido, assim continuará.
O que se passou no seio dos Dawnrider para
tanto tempo sem lançamentos? O último álbum, The Third Crusade já foi em 2014…
JOÃO VENTURA (JV): Para além de várias mudanças de line-up, entre elas um novo
vocalista, ainda se meteu esta situação da pandemia que toda a gente já sabe no
que deu para o universo da cultura, da música e de outras artes.
HUGO CONIM (HC): Exato. Apesar
deste disco ter sido concluído antes da pandemia, em dezembro de 2019, esta
situação da pandemia fez com que houvesse um atraso no lançamento.
Pelo meio ainda houve um split com os Hookers onde participaram
com um tema. Qual foi o objetivo na altura?
HC: O split com os Hookers
aconteceu, pois era uma banda de amigos nossos e depois de fazermos um concerto
juntos, decidimos fazer esse split para marcar a nossa amizade entre
bandas.
Com um intervalo de tempo tão grande entre
lançamentos, os temas agora apresentados são todos recentes ou álbum provêm dos
tempos mais antigos?
FR: As músicas no The
Fourth Dawn é tudo material recente (salvo seja visto termos gravado em
2019 e estarmos em 2022) e com este line-up.
Mas, agora, podemos dizer que os Dawnrider
estão de regresso e em plena força. Como sentem The Fourth Dawn? Como o vosso melhor
desempenho de sempre?
FR: Sim, claro. A cada álbum
ambicionamos sempre melhorar, o que nos parece algo natural na evolução de uma
banda. Continuamos a crescer e a evoluir como pessoas e músicos o que,
consciente ou inconscientemente, irá ter impacto nos nossos últimos trabalhos.
O The Fourth Dawn é o resultado dessa progressão, e o mesmo certamente
será com os que se sucederem.
Que efeito teve a entrada do Filipe Relêgo
na vossa evolução e na preparação de The Fourth Dawn?
JV: O Filipe Relêgo (Viking)
entrou primeiro para a banda como baixista. Eventualmente, devido às
experiências anteriores como vocalista, acabou também assumindo os vocais. Ele,
para além de se manter fiel ao clássico espírito Doom Metal nas
letras, acrescenta ainda uma nova dinâmica vocal às canções.
A pandemia teve alguma coisa a ver com o
vosso regresso aos lançamentos ou nem por isso?
FR: Todas as músicas assim
como as letras, foram feitas e escritas antes de sequer surgirem os primeiros
casos relacionados com a pandemia. Por isso não houve uma influência per se
dos últimos acontecimentos no The Fourth Dawn. Como já referido,
tínhamos tudo gravado em 2019, tendo sido feita a mistura e masterização em
2020. O único efeito da pandemia sobre este novo álbum foi ter, por várias
vezes, atrasado o lançamento.
Este álbum também marca o salto da Raging
Planet (que havia lançado os vossos três primeiros discos) para a Alma Mater
Books & Records. Como se proporcionou essa mudança?
HC: Foi através do meu amigo Tann
de Ironsword (também da mesma editora) que ouviu o álbum e falou ao
Fernando sobre o mesmo.
FR: Como qualquer banda,
queremos sempre evoluir e levar o nosso trabalho ao maior número possível de
pessoas. Achámos que estava na altura de darmos um passo maior e com isso
procurar novos horizontes. Parece-nos que com a Alma Mater Books and Records
(AMR) iremos conseguir. Por exemplo, no dia 3 de fevereiro tivemos o orgulho e
o prazer da Decibel Magazine ter estreado o lyric video do The
Final Call.
A mistura e masterização estiveram a cargo
de Tony Reed. Foi sempre uma vontade/sonho vosso trabalhar com ele? De que
forma o Tony incrementou as vossas criações musicais?
JV: O Fernando Ribeiro,
da nossa editora Alma Mater Books and Records (AMR), achou que o The
Fourth Dawn merecia alguém já com currículo. Entre todos achámos uma
excelente sugestão e o Hugo sugeriu o Tony Reed que conta com trabalhos
com Saint Vitus, uma referência incontornável do Doom bem como outras
bandas da cena. Achámos uma ótima escolha e realmente ele deu exatamente o que
nós queríamos ao álbum. Aquela definição crystal clear, mas mantendo
aquele grão de “sujidade” Doom.
HC: Como já referido pelo
João, o Tony Reed foi o nome sugerido ao Fernando. Achei que ele fez um
ótimo trabalho com os últimos discos dos Saint Vitus e, sem quaisquer
dúvidas, fez também um ótimo trabalho em Dawnrider.
FR: Estou plenamente de
acordo com o João e o Hugo, mas conviria ressalvar algo. O Tony Reed
esteve a cargo da mistura e da masterização. A produção do The Fourth Dawn
foi feita por nós, Dawnrider. Por
isso no que toca à composição e produção o Tony não teve qualquer contributo.
Teve sim na mistura e na masterização. E estamos bastante satisfeitos com o
resultado. O trabalho que fez com Saint Vitus e connosco Dawnrider
é excecional. Ele conseguiu um equilíbrio entre todos os instrumentos e a voz,
deu o seu toque e nós gostamos imenso do resultado.
Como decorreram as sessões de gravação?
JV: Gravámos no Algarve no
estúdio Leviathan Recordings, do Sebastien Matias, com o nosso
amigo Vítor Bacalhau da Coalman Recordings. Foi uma experiência
ótima e descontraída onde conseguimos captar a essência da banda ao vivo, sem
merdas nem metrónomos.
Olhando para a vossa data de nascimento
(2004) já lá vão quase 20 anos. De que formam olham para trás para o caminho já
percorrido?
HC: O balanço destes anos com
Dawnrider é muita estrada, muita diversão, amizades forjadas a aço que
duram para a vida, e muita música boa...
Fazia tudo outra vez!
FR: Eu sendo o elemento mais
recente em Dawnrider, posso dizer que estes últimos seis anos tem sido
um enorme prazer tocar com estes cavalheiros. Para além de fazermos algo que
gostamos e transversal a todos, que é tocar Doom Metal, é com enorme
orgulho que os chamo de amigos e de irmãos. Dawnrider é mais que uma
banda, é uma família do Doom. Como o Hugo uma vez disse, somos uma Irmandade
do Rock n’Roll. E estou plenamente agradecido e orgulhoso do que
conseguimos e percorremos até agora. Quanto a planos, gravar e tocar bastante!
E que venham outros vinte anos, e outros vinte, e outros vinte!… Dawnrider
ainda agora começou.
E, já agora, que projetos ainda por
realizar nos próximos, sei lá, outros 20 anos?
FR: Compor, tocar, compor,
tocar, compor, tocar… (risos).
Obrigado, pessoal! Querem acrescentar mais
alguma coisa que não tenha sido abordado?
FR: Deixem-se de merdas e sejam fiéis a vocês próprios. Ouçam muito Metal,
Doom, Rock, façam muito sexo, bebam muita cerveja, mas saiam da “toca”
quando houver concertos, façam amizades, apoiem o Metal e as vossas
bandas locais… tudo SEM moderação! Whether facing the absence of light or in the wild amongst wolves,
in Doom we trust! The rise of The Order of Dawn is imminent! E obrigado nós, Pedro! Vemo-nos na estrada. Doom on!
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