Entrevista: Goodbye, Ölga

 


A comemorar 20 anos de carreira, mas com um hiato de cerca de 10 anos e complicações com uma forçada mudança de nome, os (agora) Goodbye, Ölga regressam aos discos e logo em formato duplo com um trabalho homónimo.  A banda surge, agora, reduzida a um quarteto com a sonoridade muito mais poderosa e intensa e com um foco maior nas guitarras. Desta forma, o coletivo consegue explorar sonoridades mais dentro da estética rock e do post-punk. Como referiu a banda à nossa entrevista.

 

Olá, pessoal! Obrigado pela disponibilidade! Que bela forma de comemorar os primeiros vinte anos de carreira, não acham? Este duplo álbum foi pensado precisamente com essa finalidade ou foi uma coincidência?

Foi pensado para essa finalidade. Depois de um hiato de quase 10 anos da edição discográfica queríamos assinalar a data com algo representativo do nosso percurso e daquilo que estávamos a fazer nos ensaios. Conseguimos reunir um conjunto bastante alargado de músicas e então decidimos lançar um álbum duplo para comemorar em “grande” a nossa existência.

 

E porquê chamar ao disco o nome da banda? Uma forma de afirmação ou porque sentem que só agora atingiram a vossa identidade?

Com muita ironia à mistura, devido à forçada mudança de identidade, talvez como uma forma de afirmação. A ideia era dar a conhecer esta nova fase da banda e como nos vimos obrigados a alterar o nosso nome original (ÖLGA), devido a uma ação judicial por parte de uma artista norte-americana, pensámos que faria sentido utilizar o novo nome da banda para título do disco.

 

A esse respeito, o que se passou, efetivamente?

Basicamente fomos ameaçados com um processo devido ao nome da banda, por parte de uma artista norte-americana “supostamente “detentora dos direitos do nome olga e de todas as suas variantes. Isto fez com que a nossa presença na internet, contas em redes sociais, plataformas de distribuição, etc.; fossem bloqueadas e grande parte das edições online dos álbuns anteriores apagadas.

 

De que forma é que todo esse processo vos afetou?

Além de grande parte dos nossos anteriores trabalhos terem sido apagados das principais plataformas online, tivemos que forçosamente alterar o nosso nome. Mas sempre encaramos esta situação como algo curioso e digno de uma boa historia para se contar aos amigos.

 

Pandora já ficou lá trás, cerca de 10 anos. O que se passou neste longo intervalo de tempo?

Embora o projeto tenha ficado em pausa durante este período, nunca paramos de tocar e dedicámo-nos também a outros projetos musicais paralelos como Michael Nice, Yu John, ou L Mantra. Além disso a formação da banda alterou-se com a incorporação de um novo baterista (Filipe Ferreira) e baixista (Tiago Fonseca) que acrescentam novas influências e energia ao projeto.

 

E que outras mudanças, para além do nome e de membros, claro, na banda, nestes últimos 10 anos?

Em formato quarteto a nossa sonoridade está muito mais poderosa e intensa, existe um foco maior nas guitarras e procuramos explorar sonoridades mais dentro da estética Rock e do Post-punk.

 

Voltando ao mais recente disco, qual o significado de “disco preto” e “disco vermelho”? Qual foi a vossa ideia?

A ideia foi fazer a distinção entre as sonoridades e ambientes explorados em cada um dos lados do álbum. O lado vermelho representa o lado mais colorido e luminoso da banda. É composto por temas mais antigos, melodiosos e com uma sonoridade mais próxima do indie e do punk rock. O lado negro por sua vez, representa o lado mais sombrio, com um conjunto de temas mais recentes, energéticos e com uma sonoridade mais próxima do post-punk e do post-rock.

 

Para trás ficaram os singles Concrete Falls e Cop’s Delight.  Porque estas escolhas?

Optamos por estes dois, por serem temas com ritmos frenéticos e com muita eletricidade. São temas centrados nas guitarras, diretos, sujos e crus e que de alguma forma representam esta nova fase da banda.

 

Já há mais algum vídeo depois destes ou em preparação?

Sim, o próximo vídeo será do tema You e será novamente realizado e editado pelo João Teotónio.

 

O álbum foi gravado durante o ano 2021. Que influência tiveram as restrições associadas à pandemia?

Devido aos constrangimentos provocados pela situação pandémica, o método de composição e de gravação foram alterados. Ao contrário do habitual método coletivo de composição na sala de ensaio, grande parte dos temas do álbum foram compostos em casa, de uma forma individual. Recorrendo aos recursos tecnológicos, fomos partilhando as ideias e aprimorando os temas.

 

Optaram por gravar vocês próprios com a coprodução de Eduardo Vinhas, um eterno colaborador. Como decorreram os trabalhos?

As gravações foram feitas no nosso estúdio e aconteceram num ambiente bastante criativo, sem a pressão do tempo, o que tornou possível realizar várias experiências sonoras. O Eduardo é alguém com quem desenvolvemos uma enorme cumplicidade e que compreende perfeitamente o nosso universo, que proporciona um ambiente de trabalho descontraído e que contribui ativamente para os arranjos finais dos temas.

 

A apresentação aconteceu no dia 11 de fevereiro. Como correram as coisas? E depois disso, tem havido muito palco ou há previsões disso para os próximos tempos?

A apresentação no dia 11 de fevereiro correu muito bem! Estávamos muito ansiosos por regressar aos palcos e o concerto foi muito intenso. Quanto a novas datas estamos a tentar agendar mais concertos, mas infelizmente as agendas para 2022 já se encontram bastante preenchidas, provavelmente uma pequena tour só mais para o último trimestre deste ano.

 

Muito obrigado, pessoal! As maiores felicidades! Querem acrescentar alguma coisa que não tenha sido abordada?

Obrigado nós pela ajuda na divulgação do nosso último trabalho.

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