Entrevista: Shameless

 


Alexx Michael tem, ao longo dos anos, sido o condutor desse coletivo de verdadeiro hard rock (na música e na atitude) que são os Shameless. E, curiosamente, a ideia de fazer um disco de versões já andava a fervilhar na sua cabeça há algum tempo. Essa oportunidade surgiu agora e assim, o coletivo germânico assina So Good, You Should..., um misto de versões e alguns temas originais e, como já tinha acontecido no álbum anterior, com alguns convidados a emprestarem o seu talento. Para conversarmos a respeito deste álbum e também do livro que o músico recentemente escreveu, Look Inside: The Stainless Sensation, contactamos o baixista e líder dos Shameless, Alexx Michael.

 

Olá, Alexx! Como estás? Obrigado por esta oportunidade! O vosso novo álbum, So Good, You Should… acabou de ser lançado. O que nos podes dizer sobre este regresso?

Obrigado pelo convite. Este disco foi muito divertido. Eu sempre quis fazer um álbum de covers e senti que finalmente chegou a altura para o fazer. Também parece um novo começo para um novo capítulo na banda.

 

Quem está contigo nestas gravações? A mesma equipa dos últimos álbuns ou promoveste alguma mudança de formação?

Ainda sou eu, BC e Tod T Burr. Stevie Rachelle fez algumas músicas, mas os vocais principais foram feitos por Frankie Muriel (Kingofthehill) e Charlotte Tybalt da Nova Zelândia que conheci através da banda Blue Ruin de Anna Monteith em 2016.

 

Precisamente, no campo vocal, usam diferentes vocalistas. Foi opcional essa decisão?

Steve Summers não pôde gravar connosco, portanto Charlotte foi a escolha mais óbvia e natural como cantora. Ela e o seu estilo encaixam-se perfeitamente na nossa música e ela é com certeza uma das pessoas mais talentosas com quem já trabalhei e uma amiga muito próxima há muito tempo. Frankie já cantou no disco anterior The Filthy 7 em 2016.

 

Além disso, contas com alguns convidados. Pode apresentá-los e explicar como se tornaram possíveis essas colaborações?

O meu amigo Bruce Kulick tocou em algumas das músicas, assim como Tracii Guns. Conhecemo-nos há mais de 20 anos, portanto foi natural ter os dois no álbum. Também temos Jaret Reddick da banda punk Bowling For Soup, que é um metaleiro absoluto. Ele é um grande fã de Skid Row, Stryper e Mötley Crüe.

 

Costumam ter longos períodos entre os álbuns. Desta vez aconteceu novamente com um hiato de 5 anos. Por quê?

Primeiro, estive a trabalhar com os Blue Ruin no seu EP de estreia e ajudei-os com a tournée, etc. O álbum estava finalizado, mas não fazia sentido para nós lançá-lo no meio da pandemia e não poder fazer pelo menos alguns espetáculos.

 

O lançamento do teu livro Look Inside: The Stainless Sensation também foi um dos motivos?

Na verdade, não. O livro foi uma coisa totalmente diferente e não influenciou a situação da música e durante o covid o timing foi perfeito para fazer o livro.

 

Já agora, esse livro é sobre quê? Podes falar um pouco disso?

É um livro de 500 páginas sobre a história de John DeLorean, o carro DMC-12 e a empresa de motores DeLorean e como os governos britânico e americano se esforçaram para destruir a empresa, o homem e o seu nome. Gostei muito da experiência e de conversar com todas as pessoas que estiveram envolvidas na empresa. Após o tremendo sucesso, comecei a trabalhar numa segunda parte para lançamento em 2025.

 

No vosso álbum, The Filthy 7, tiveram convidados em todas as músicas. Desta vez não seguiste a mesma metodologia. Porquê?

Ainda temos convidados, mas como em todos os outros discos, alguns deles mudaram. No último disco tivemos Phil Lewis numa faixa e desta vez foi Jaret Reddick. A única coisa que provavelmente mudou foi que Charlotte se envolveu mais com a banda do que nos outros. Eu já estava habituado a escrever e gravar músicas com ela. Tudo surgiu de forma muito natural e soou incrível.

 

A respeito de So Good, You Should… é um título um pouco enigmático. Qual é o seu significado?

É um jogo de palavras. Podes terminar a frase como quiser. Tão bom, deverias... aumentar o volume, tocar de novo, contar aos seus amigos sobre isso.

 

Todo o artwork é baseado em banda desenhada, assim como o vídeo para a música Hiding From Love. De que forma isso se liga com as questões temáticas do álbum?

Logo que encontrei esse artista incrível que fez a capa, eu quis ter uma pintura para cada uma das músicas. Desde criança que adora banda desenhada. Adorei a ideia de fazer um booklet que vai lembrar as pessoas de uma história em banda desenhada. A versão em vinil vem com um grande booklet com todas as imagens num formato ainda maior. Também usamos algumas das imagens para o vídeo Hiding From Love.

 

O álbum foi gravado em 12 lugares diferentes em redor do mundo! Deve ser um record! Como conseguiste fazer isso?

Organização é tudo (risos). Não foi muito difícil, pois fizemos tudo online. Essa é uma das grandes coisas da internet e tecnologia moderna. Fizemos sempre tudo com pro tools, logic e tínhamos zoom ou Skype a rodar para que eu pudesse contar aos outros sobre certos detalhes ou mudanças. Charlotte fez a maioria dos seus vocais na Nova Zelândia, mas ela também fez algumas das músicas aqui na Alemanha quando os Blue Ruin tocaram num festival na Suíça. Frankie e Jaret são donos dos seus estúdios, portanto também foi muito fácil para eles.

 

Prontos para subir a palco? O que têm programado?

Eu apenas sigo as músicas, trabalho e certifico-me de que o carro alugado, etc., esteja organizado. Eu estou sempre a tocar baixo ou guitarra e é quase impossível para mim esquecer as minhas próprias músicas.

 

Obrigado, mais uma vez, Alexx. Queres acrescentar mais alguma coisa ou deixar alguma mensagem para os vossos fãs?

Muito obrigado por todo o apoio durante mais de 20 anos desde que lançámos o primeiro álbum. Eu nunca imaginei que ainda houvesse uma resposta tão incrível à nossa música tantos anos depois.


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