Reviews: Dead Lord; Willian J Tsamis Tribute; Therion; Dawn Of A Dark Age

 

Dystopia (DEAD LORD)

(2022, Century Media Records)

Acabados de sair do lançamento do seu quarto álbum de estúdio, Surrender, os Dead Lord oferecem aos seus fãs uma prenda bem deliciosa. Este EP Dystopia traz dois temas do anterior álbum e um conjunto de versões, onde cada música tem a sua própria abordagem única. Nestas versões, destaque para as excelentes e exuberantes interpretações de Sleeping My Day Away e Ace In The Hole, originalmente de D-A-D e Winterhawk, respetivamente. Com pouco mais de 27 minutos, Dystopia mostra, num conjunto de temas aparentemente familiares, uma matiz mais rica do que os ouvintes poderiam esperar. Agora, naturalmente, queremos é novos temas originais! [86%]



 

A Crack In The Sky (V/A)

(2022, Pitch Black Records)

A Crack In The Sky é o álbum oficial de tributo a William J Tsamis (13 de março de 1961-13 de maio de 2021), lendário guitarrista dos seminais Warlord. William J Tsamis é um verdadeiro herói do heavy metal, integrado numa banda que cedo se destacou da concorrência, muito por culpa da sua forma de compor e de tocar. Como nenhum outro músico da época, ele teve a capacidade de casar peso arrasador com sensibilidade melódica na criação de composições grandiosas que, quando envoltas em linguagem e imagens relacionadas à eterna batalha entre o bem e o mal, alcançaram intensidade e grandeza incomparáveis. Para além de seu trabalho com os Warlord, William J Tsamis também canalizou a sua criatividade para projetos menos conhecidos, mas igualmente potentes e indiscutivelmente mais pessoais, onde se incluem os Lordian Winds e os Lordian Guard. De especial destaque são os dois álbuns dos segundos, que lançou com a sua falecida esposa Vidonne Sayre Riemenschneider nos vocais, que, apesar das deficiências materiais, aparecem como alguns dos discos de Heavy Metal mais únicos e brutalmente honestos da década de 1990. Este trabalho de homenagem que a editora cipriota Pitch Black Records traz agora a público, junta 16 faixas que correspondem a 16 versões de temas da banda americana especialmente gravados para este tributo e surge, precisamente, um ano após a sua morte. Nele participam bandas jovens e experientes, oriundas de todas as partes do globo e que provam, cada uma à sua maneira, como as criações de Tsamis são majestosas e, ainda hoje, influentes. Um álbum todo ele carregado de classe e emoção, mas que termina de forma assustadoramente emotiva em tons de lamentação e saudade com o curto outro que batiza o álbum e executado por Socrates Leptos. [90%]



 

Symphony Masses: Ho Drakon Ho Megas (THERION)

(2022, Hammerheart Records)

Symphony Masses: Ho Drakon Ho Megas foi o terceiro disco dos Therion, originalmente lançado em 1993 pela Megarock Records e é outro dos trabalhos a quem a Hammerheart Records deu uma nova vida. Dos Therion pouco há a acrescentar a respeito da sua grandiosidade e a constante evolução que marca a sua carreira é um dos aspetos que mais deve ser destacado. Se Beyond Sanctorum era muito mais que um simples disco de death metal, também este Grande Dragão o é. Tem pontos de contacto com o álbum anterior e muitos outros pontos de contacto com o que haveria de vir no futuro. Este é um disco que fica marcado por uma radical mudança de formação, remanescendo apenas Christofer Johnsson e é, também, aquele onde se estreia o baterista Piotr Wawrzeniuk. Musicalmente é mais uma fantástica aventura de criatividade, evoluindo de um death metal experimental para algo mais experimental com toques de death metal. Os arranjos de inspiração clássica (ex: The Eye Of The Eclipse) e de tendência oriental (ex: Symphoni Drakonis Inferi) voltam a marcar presença num disco que se apresentaria com uma forma única de fazer heavy metal. [86%]



 

Lepaca Kliffoth (THERION)

(2022, Hammerheart Records)

Completando três anos de intensa criatividade, os Therion lançaram, em 1995, pela Megarock Records com posterior novo lançamento, um ano depois, já pela Nuclear Blast Records, Lepaca Kliffoth, mais um portento de criatividade e vontade de fazer algo mais além. O death metal ficou, definitivamente, para trás e a banda andava agora por um dark gothic metal carregado de intrincados arranjos orquestrais (cada vez mais orientados para a composição clássica) e de elaborados jogos vocais (também com a ópera a surgir). Nesta nova reedição a cargo da Hammerheart Records (que completa o triunvirato de álbuns dos suecos), não faltam os bónus Enter The Voids, que surgiu na versão em vinil, e The Veil Of Golden Spheres, anteriormente pertencente ao mini CD The Beauty In Black e, mais tarde, presente na versão japonesa do próprio Lepaca Kliffoth. Claro que quem gostava de forma fanática de death metal não deve ter gostado desta evolução (o próprio site deathmetal.org desaconselhou a audição~deste álbum), mas quem tem capacidade de perceber o rigor da composição e toda a criatividade aqui presente e não tem uma visão fundamentalista da coisa, certamente concordará connosco que esta é uma obra fundamental em qualquer discografia! [94%]



 

La Forche Caudine 321 a.C. – 2021 d.C. (DAWN OF A DARK AGE)

(2021, Antiq Records)

Como encarariam a ideia de introduzir o clarinete no black metal? Pois bem, Vittorio Sabelli, músico de formação clássica e jazzística, faz isso nos Dawn Of A Dark Age e, depois de vários discos dedicados aos seis elementos e de um outro (o anterior La Tavola Osca), o italiano volta a dedicar a sua homenagem à suas origens samnitas no seu último álbum Le Forche Caudine 321 a.C. - 2021 d.C., um registo inspirado em eventos históricos. Musicalmente, o projeto assenta a suas bases num black metal altamente criativo e jazzístico, sendo o que realmente se pode apelidar de avant-gard black metal. Nestes dois longos temas, Sabelli é acompanhado por um grande número de convidados tocando todo o tipo de instrumentos inimagináveis. Naturalmente, o resultado é verdadeiramente espetacular, assim como se os Therion e os Haggard se tivessem fundido. O clarinete é o elemento fundamental e é ele que projeta a música do projeto para outros patamares. Mas, elementos folk, guitarras acústicas e distorcidas, guturais, blastbeasts, narrações e sons da natureza juntam-se e confluem para um trabalho majestoso e grandioso onde nunca se sabe o que virá a seguir. Obrigatório descobrir e saborear! [97%]

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