Entrevista: Eigreen

 


O primeiro disco dos Eigreen carrega com ele uma mistura de uma ansiedade e libertação que se pode associar à natureza quando materializada por instrumentos. O primeiro single, It’s On, marcou presença no disco Novos Talentos Fnac 2020. Já este ano, em janeiro, surge o single Into You em exclusivo pela Antena 3 e em fevereiro White Sharks, acompanhado de um lyric video. Francisco Frutuoso, o criativo por trás de todo este projeto que se revela a cada dia, esteve à conversa com Via Nocturna.

 

Olá, Francisco! Obrigado pela disponibilidade! Os Eigreen são uma entidade nova, por isso começo por perguntar quando e porquê decidiram iniciar este projeto?

Olá, Pedro, desde já, (desculpa este atraso) obrigado eu pelo interesse e por esta entrevista. Gosto de pensar que o projeto teve vários começos ao longo dos anos, no entanto, se considerarmos o início do projeto como o ponto no tempo em que foram criados os primeiros esboços, então deve ter mais anos do que os dedos que conto nas minhas mãos. Tudo começou no meu quarto, com um interface “emprestado” pelo Carlos (baixista), e com um olhar mais próximo da curiosidade do que do objetivo de fazer um disco. Aos poucos e poucos estes rabiscos começaram a ganhar forma e a transformar-se em algo maior do que simples experiências, chegando ao ponto de sentir o desejo e a necessidade de os partilhar com alguém. 8 anos depois de já terem pés e cabeça, comecei a estagiar na Blue House, em Coimbra e, tendo visto a oportunidade de gravar algo numa fase em que não estava com nenhuma banda ativa, decidi agarrá-la e chamar um grupo de amigos que achei serem perfeitos para a ocasião.

 

Em que nomes ou movimentos procuras encontrar as tuas inspirações?

Já ouvimos várias comparações desde que a nossa primeira música saiu, algumas delas de bandas com menos anos do que aqueles que estas músicas têm, outras que nenhum de nós conhece. Para mim, é bom conhecer novos projetos através destas comparações e não deixar que o público seja influenciado pela realidade no que toca a comparações estilísticas. Gosto de pensar que o mistério também faz parte da música, e por essa razão, prefiro não revelar nomes ou movimentos que nos inspiram. Cabe a vocês dizerem o que acham.

 

Já tinham tido outras experiências musicais anteriores? De que forma é que elas se revelam neste novo projeto?

Já todos tínhamos, pelo menos, tocado/cantado ao vivo. Eu e o Rui já tocávamos nos Flying Cages, entre outros projetos, desde 2011, por isso já nos era natural tocar um com o outro. A minha irmã, que me acompanha desde criança em cantorias caseiras, tinha acabado de fazer parte de um concerto em homenagem ao Por Este Rio Acima do Fausto, onde me recordo vivamente do Carlos e do Ribeiro a gabarem, como se previssem o futuro que nos esperava. O Carlos tocou vários anos numa banda que tínhamos com o Rui, chamada Locals, e fazia parte do nosso grupo quando tínhamos aulas de música no Sítio de Sons. Teve ainda uma banda com o Ribeiro, que pelos vistos tinha o à-vontade para tocar ao vivo com os dentes. Infelizmente, nunca vi a acontecer. Pessoalmente, Eigreen surge um pouco como “escapatória” de experiências para aplicar em Flying. Eventualmente essas experiências foram evoluindo, até serem o que são hoje.

 

Um dos aspetos mais curiosos da banda é o nome. Eigreen esconde possíveis interpretações a respeito do vosso estilo. Foi essa a razão da sua escolha? De que forma surgiu?

O nome surgiu de um jogo de palavras ligadas à natureza da banda, mas eventualmente acabou por soar bem foneticamente e fazer sentido com as músicas que apresentamos. Um dos aspetos mais apelativos para a escolha, foi precisamente o facto de não definir propriamente um estilo, até porque o álbum acaba por beber  de várias fontes diferente. Gosto da ideia de não ter de me enclausurar num só submundo a que estamos habituados a chamar de género, mas sim de poder explorar aquilo que me/nos apetecer, quando me/nos apetecer. Um nome que não se vincula a um estilo pareceu ser apropriado.

 

De que forma definiriam Eigreen?

Uma família de 5 que quando se reúne parecem crianças.

 

Chegaste a referir que estas músicas estiveram muito tempo escondidas num baú. Porquê não as tiraste antes e o que te motivou a mostrá-las agora?

Como dito anteriormente, durante anos e anos estas músicas eram apenas experiências. Não foram iniciadas com o intuito de “vou fazer um álbum”, nem sequer de vou fazer uma música. Foram feitas para explorar ideias a aplicar nas bandas que tinha (Flying Cages, Locals, Pinhata, No Bueno, etc.). A primeira vez que pensei que estavam a ganhar um rumo diferente foi quando ouvi a minha irmã a cantar a It’s On, sem ela saber bem o que era, no corredor de nossa casa. A partir desse momento, o bichinho de criar algo maior foi crescendo, mas sempre com um receio de não ser bom o suficiente e com poucas oportunidades para as gravar. Com a pausa de Flying Cages, a Luísa acabou por me convencer a mostrá-las ao resto do pessoal, que pareceu ficar entusiasmado para me acompanhar nesta viagem. E assim aconteceu.

 

Daqui podemos depreender que as músicas do álbum de estreia já estavam feitas há muito tempo? Nesse caso, ainda são representativas do que os Eigreen andam a fazer agora?

Tudo o que andamos a fazer neste momento tem inevitavelmente influência deste primeiro álbum. Algumas músicas mais semelhantes do que outras, outras menos, mas acho que a “essência” da banda não deixará de estar presente mesmo nas músicas mais distantes.

 

De que forma correram os trabalhos de gravação com o Niki Moss? Tudo como planeado?

Na verdade, as gravações foram feitas na Blue House e na garagem onde ensaiamos. O Miguel acabou por ficar encarregue das misturas. Já tínhamos trabalho juntos no álbum Woolgather (Flying Cages) e foi uma decisão bastante simples de tomar quando o escolhi para este trabalho. Adoro o trabalho dele, adoro-o como pessoa. Tem um gosto gigantesco por ensinar e isso para mim vale mais do que tudo, ainda por mais vindo de alguém que sabe bem o que faz, e ainda assim tenta colocar-se na visão dos outros com a maior humildade possível. O Mike faz magia.

 

Sei que já têm andado por diversos palcos. O que ainda têm previsto neste aspeto?

Essa é uma cortina ainda por abrir. À medida que o tempo vai passando vamos desvendando as novidades. Cada coisa a seu tempo. Por enquanto podemos dizer que adoramos tocar ao vivo e que daremos tudo para continuar a progredir nesse aspeto. É ficar atento.

 

Muito obrigado, Francisco! As maiores felicidades! Projetos e ambições para os próximos tempos?

Que nada disto acabe por aqui e que seja sempre a crescer e a aprender!

Comentários