Reviews: The Villainz; Riverwood; The Cross; Vultus; Omnia Moritur

 

Sexy & Arrogant (THE VILLAINZ)

(2022, Wormholedeath Records)

Nascidos em 2016, fruto da parceria entre Jess e Nic Kasprzyk, os The Villainz são um coletivo francês de garagem/hard rock cuja imagem e temática assenta essencialmente na componente sexual, no álcool e no terror. E bem podermos dizer que o título do seu álbum de estreia (sucessor do EP de 4 temas de 2017) representa fielmente a orientação da banda. Mas, musicalmente, que é o que nos interessa, Sexy & Arrogante apresenta dez faixas poderosas, escandalosamente in your face, cheias de energia e groove, a lembrar os saudosos Motörhead. O som sujo faz sobressair a decadência, mas não consegue esconder alguns tiques doom/stoner, nem sequer a componente maquinal de Pink Inside, por exemplo. O baixo, cortesia de Tom Colinot, tem neste trabalho um desempenho destacado, contribuindo para grande parte da coesão dos temas e injetando, ainda, o necessário nitro. [81%]



 


Shadows And Flames (RIVERWOOD)

(2022, Independente)

Quando se fala em oriental metal, a fasquia situa-se bem alta, muito por culpa de uns tais israelitas chamados Orphaned Land, em primeiro lugar, mas também dos tunisinos Myrath. Mas há outras bandas que lhes seguem as pisadas, se não em termos de mediatismo, pelo menos em termos de qualidade. Os egípcios Riverwood são um desses melhores exemplos. Shadows And Flames é o seu segundo álbum, sucessor da estreia Fairytale de 2018 e mostra uma banda bastante evoluída. Não só ao nível da composição, conjugando o peso do metal com elementos orientais, orquestrações, guitarras acústicas e linhas de piano, como ao nível do conceito. Shadows And Flames é composto por duas partes (o capítulo I, Shadows e o capítulo 2, Flames) de um metal capaz de ombrear com os mais evoluídos coletivos do género. Não falta também a desenvolta componente cinematográfica, nem os coros, nem a dualidade vocal a variar entre o limpo e o gutural. Shadows And Flames é uma verdadeira aventura pelas arábias que vale a pena descobrir. [84%]



 


Act II – Walls Of The Forgotten (THE CROSS)

(2022, Pitch Black Records)

Os brasileiros The Cross já estão ativos há bastante tempo mas, sucessivas paragens têm prejudicado a sua carreira, de tal forma que Act II – Walls Of The Forgotten é apenas o seu segundo álbum, depois do trabalho homónimo de 2017 e de uma série de lançamentos menores pelo meio. Para este álbum, alguns convidados de peso foram chamados, nomeadamente Achraf Loudiy (Aeternam), Leo Stivala (Forsaken) e Aaron Stainthorpe (My Dying Bride). Musicalmente, o que este segundo ato nos traz é quase uma hora dividida por seis longos temas de doom e epic metal que, pelo menos em termos vocais, acaba por tocar o death metal. As guitarras criam bom momentos harmónicos, no seu registo lento, angustiante e grave. Ambiências diferenciadas, como passagens limpas e atmosféricas, são adicionadas, criando uma sombria sensação de misticismo. E, também, vocais limpos, algumas vezes num registo teatral e declamado, conferem uma dose de dramatismo a este álbum. Act II – Walls Of The Forgotten tem bastante material interessante, mas destacaremos, a segunda metade como a que mostra as composições mais criativas. [76%]




 

Sol Invicto (VULTUS)

(2022, Iron Shield Records)

Tendo nascido como Sadistic em Guadalajara, Espanha, este coletivo mudou o nome para Vultus e também mudou a sua base de operações para Berlim, Alemanha. Estilisticamente o duo situa-se no campo de um black metal não puro porque se socorre de alguns elementos do heavy e do thrash. Sol Invicto é o EP de estreia – sete temas em 26 minutos onde se inclui uma intro acústica onde são incorporadas harmonias elétricas. Em estúdio a questão de ser apenas um duo não parece ser um problema, como se percebe pela incursão pela componente épica do black na variedade de guitarras clássicas e vocais limpos em Venomous Words ou nos diferenciadores ritmos apresentados em Mors Ab Alto. Curto, mas intenso e diversificado, Sol Invicto é um bom disco de estreia. [80%]



 


Ex Inferis (OMNIA MORITUR)

(2022, Crime Records)

Morte - o fim inevitável de todas as coisas vivas. E os Omnia Moritur, banda norueguesa, mergulha nos abismos mais profundos da escuridão e da morte. Ex Inferis é o álbum de estreia da banda e contém sete peças que guiarão o ouvinte na jornada pelas paisagens sombrias, sinistras e perturbadoras que os Omnia Moritur visualizam. Orquestrações tradicionais enriquecem o seu death metal rasgado, havendo ainda a considerar elementos polirrítmicos e sombrios de doom, em algo inovador e original. Aliás, os primeiros minutos de Incursio mostram claramente que, este álbum, além de sinistro e tenebroso também consegue ser épico e progressivo. Os temas são longos e bem preenchidos de variações que os conduzem para diferentes cenários, partindo quase sempre do death metal mas podendo chegar ao gótico, ao ambiental, ao cinematográfico, ao experimental, ao industrial e ao black metal. Ex Inferis não é um disco de audição fácil e não está particularmente adequado a quem não suporta emoções fortes, mas é aconselhado a quem gosta de arriscar novas sonoridades. Principalmente no campo mais extremo. [78%]

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