Entrevista: Alex Carpani

 


Compositor, teclista, vocalista e produtor, Alex Carpani oferece-nos, no seu novo e sexto álbum, Microcosm, uma visão perfeitamente microcósmica do que pode surgir da junção entre rock progressivo com o jazz e com influências alternativas. O objetivo era fazer algo diferente de L'Orizzonte Degli Eventi e isso foi conseguido. Fomos perceber como e porque com o artista italiano.

 

Olá, Alex, como estás? Obrigado, pela tua disponibilidade. Microcosm é o teu novo álbum, já o sexto. Qual foi o processo que te trouxe até este álbum após o teu último lançamento?

Olá, estou muito bem, obrigado! Mais uma vez, queria fazer um álbum diferente dos anteriores. Microcosm é um disco que mistura muitas influências: do rock ao jazz, do alternativo ao prog. O álbum anterior L'Orizzonte Degli Eventi (2020) foi um álbum de canções de rock cantadas em italiano, onde havia pouco prog e muito hard rock e rock alternativo.

 

Quais foram os teus propósitos, objetivos e ambições para este álbum?

Queria fazer um disco com muitos instrumentos diferentes, cheios de timbres e sonoridades particulares e onde o sax tivesse um papel de destaque, pois queria que a voz e o sax dialogassem constantemente um com o outro. Claro que recorri a dois dos melhores saxofonistas da cena do rock: David Jackson e Theo Travis. Além deles, juntaram-se ao projeto Jon Davison e David Cross. Por fim, queria que o álbum fosse muito preciso do ponto de vista da produção, arranjos e gráficos.

 

Trabalhaste sozinho no processo de escrita e composição ou tiveste alguma colaboração?

Faço tudo sozinho: escrevo as partes de todos os instrumentos, arranjo e produzo, depois entrego as partes aos músicos que as tocam. Sempre trabalhei assim: sou compositor, portanto para mim é natural ter a visão geral e saber desde o início onde quero chegar, que resultado final quero alcançar.

 

Este álbum é muito diferente dos anteriores. Onde são mais evidentes as mudanças? Em que aspetos trabalhaste de forma diferente desta vez?

Neste álbum estiveram envolvidos 8 músicos, enquanto no anterior apenas 3, incluindo eu, e esta é a primeira grande diferença. O álbum anterior foi concebido para um power trio e foi muito direto, essencial e robusto em termos de som e groove. Microcosm é um álbum de ensemble, onde intervêm muitos instrumentos: bateria, baixo, guitarra, teclados, sax, flauta, violino elétrico... e vocais, claro.

 

Na gravação, trabalhaste com vários nomes bem conhecidos. Queres apresentá-los e falar sobre as suas contribuições para o resultado que se alcança nesta obra de arte?

David Jackson: colaborei com ele durante 5 anos em estúdio e ao vivo, portanto foi muito natural pedir-lhe para tocar em quase todo o disco. Gosto muito do seu som enérgico e rock e das suas interpretações intensas e subtis.

Theo Travis: esta foi a primeira vez que trabalhamos juntos. De certa forma ele é o som do sax no rock contemporâneo e eu realmente adoro a elegância e personalidade do seu toque. Foi interessante trabalhar com um saxofonista muito diferente de Jackson e, na minha opinião, isso enriqueceu o disco.

 

Qual é o significado de Microcosm? Por que escolheste este título? É um álbum conceptual?

Sim, é um álbum conceptual que gira em torno da definição do microcosmo. Na base há uma frase de um filósofo italiano, Don Carlo Gnocchi (1902-1956): “Todo ser humano é um microcosmo autónomo e inconfundível”. Queria falar do pequeno universo contido em cada um de nós, mas falando de pequenas histórias cotidianas, de experiências de vida que cada um de nós teve pelo menos uma vez na vida: emoções, lembranças, sonhos, sensações que acompanham as nossas vidas. Tudo isso contribui para compor o nosso microcosmo.

 

A abertura do álbum é uma versão de King Crimson. Por que escolheste essa música e por que a incluíste precisamente como a abertura do álbum?

Em certo sentido, Starless representa o macrocosmo, o infinitamente grande, o imenso espaço. Esse é o ponto de partida para ir cada vez mais fundo nas coisas, como um microscópio, passando do grande para o pequeno, do universo para o homem. Tinha que ser no início do álbum porque representa o primeiro capítulo, o ponto de partida desta pequena jornada. Não é realmente uma versão, mas sim um rearranjo muito pessoal dessa música. Não quis refazê-la, nem a tornar uma versão muito parecida com o original: queria transfigurá-la, torná-la diferente, mesmo que não tivesse alterado nem a harmonia nem a melodia vocal.

 

O que tens planeado para tocar este álbum ao vivo e quais serão os músicos que subirão ao palco contigo?

Já começamos a tocar o álbum ao vivo, na Alemanha e na Itália e em breve novas datas chegarão. É um álbum feito para ser tocado ao vivo. Comigo no palco tenho uma banda completamente nova: Marco Binda na bateria, Jacopo Rossi no baixo, Davide Rinaldi na guitarra e Alessio Alberghini no sax e flauta. É uma banda que funciona muito bem, onde várias almas musicais se juntam: do metal ao jazz, ao prog. Mal podemos esperar para tocar estas músicas na Europa e em outros continentes!

 

Muito obrigado, Alex, mais uma vez. Queres acrescentar mais alguma coisa?

Obrigado a vocês pelas perguntas interessantes que me permitiram falar sobre o álbum! Gostaria apenas de acrescentar que nunca toquei em Portugal e talvez esteja na altura de o fazer! Esperamos que alguém nos contrate, pois tenho a certeza de que se estabeleceria um bom relacionamento entre nós e o vosso caloroso público. Até breve então!


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