Reviews: MUANA; LOBO MAU; NEYBAS; UNTIL THE SUN; ICON FOR HIRE

 

Um Monge Na Cidade (MUANA)

(2022, Independente)

Muana surge no cenário musical nacional para que nada fique como estava. Um Monge na Cidade é o primeiro disco do projeto e representa uma viagem pela introspeção, pelo autoconhecimento, pela essência humana, pela espiritualidade. Mas também pelo ativismo ambiental e ecológico, pela defesa dos direitos humanos, pelo direito à autodeterminação, pela proteção da família. Em muitos momentos mais filosófico que musical, Um Monge na Cidade cruza ritmos tradicionais africanos (onde o mentor Nuno Teixeira tem fortes ligações) com sonoridades rockeiras muito inspiradas no sul dos EUA, com a inclusão da harmónica e do hammond. Todavia, o instrumento fundamental é a guitarra folk acompanhada pela voz de Nuno Teixeira. Um projeto fora-da-caixa, como refere o autor, e que nós corroboramos. [71%]



 


Agarrado ao Mundo (LOBO MAU)

(2022, Independente)

Depois de Na Casa Dele (2020) e Vinha A Cantar (EP, 2021), os Lobo Mau já têm a rodar por aí o seu novo disco, intitulado Agarrado Ao Mundo. O trio, formado por David Jacinto, Gonçalo Ferreira e Lília Esteves, que já colaboraram com a mítica banda TvRural, apresenta nove novas canções com base numa mistura entre o folk e o rock clássico. Um disco onde a as guitarras distorcidas, a componente eletrónica, os elementos acústicos, os trompetes e a dualidade vocal (masculina-feminina) têm todos igualdade de oportunidades na definição do som da banda e na forma como os temas são compostos e arranjados. O resultado é um disco curto, mas cheio de vivacidade, com sucessivas evoluções e surpresas. Um disco eclético, diversificado e enriquecido. [83%]



 

Sunshine Hotel (NEYBAS)

(2022, Independente)

A banda de rock de Connecticut Neybas lançou o seu quinto álbum, Sunshine Hotel, uma interessante e eclética coleção de músicas carregadas de ganchos e que abrange vários géneros. Uma variabilidade que inclui desde o rock tradicional e punkafunkadelic, ao ska e reggae, temperado com uma pitada de caribe (muito presente e de forma espetacular, num dos melhores momentos do disco em Crank This Up), Nova Orleans e grooves de jam. Embora os melhores momentos sejam mesmo quando o coletivo opta pela sua abordagem ao country mais ou menos tradicional. E isso acontece em At The Sunshine Hotel, Sunshine Girl (algo mais próximo do punk-country) e, especialmente, Big Love (The Doorman’s Theme). A música dos Neybas é orgânica, enérgica e dançante, com boas vibrações e ecos do final dos anos 60 e início dos anos 70. No fundo, uma convincente forma de convite para uma estadia no Hotel Sunshine, localizado no bairro Bowery, em Nova Iorque, local de relevo histórico para a cidade e para os punks. Lá se encontram os famosos CBGB, Joe Strummer Memorial e Joey Ramone ́s Place. E, em momentos, os Neybas também piscam o olho a esse movimento. [79%]



 

A Night At The Rhythm Room (UNTIL THE SUN)

(2022, Independente)

The Rhythm Room é uma histórica sala de blues localizada em Phoenix, Arizona. E foi, precisamente aí, que os Until The Sun resolveram gravar o seu novo álbum. A Night At The Rhythm Blues foi captado a 13 de janeiro deste ano e tanto pode ser considerado um álbum de originais como um álbum ao vivo. Porquê? Porque dos dez temas que compõem este trabalho, sete são completamente novos. Apenas Burning Home, que fez parte do segundo álbum da banda, Drowning In Blue, e covers de dois clássicos, uma dos Led Zeppelin, Whole Lotta Love e outra de Etta James, At Last, não o são. Os temas novos mostram a banda a caminhar cada vez mais no sentido do blues (nas suas diferentes fações), com Brandon Teskey a mostrar os seus dotes de exímio guitarrista e Alyssa Swartz com um domínio de voz que lhe permite adaptar facilmente a tons mais bluesy, mais rockeiros, mais soulful ou mais funk. O dueto que os acompanha – o baixista Bruce Jensen e o baterista Chris Tex – são os parceiros perfeitos para segurar a rede sobre a qual voam aqueles dois trapezistas. [89%]



 

The Reckoning (ICON FOR HIRE)

(2022, Kartel Music Group)

Os Icon For Hire (IFH) já cá andam há 15 anos e muito tem mudado desde que surgiram em Illinois. E, cerca de ano e meio após Amorphous, regressam aos disco com The Reckoning, um disco que se revela se não mais pesado, pelo menos mais denso e profundo. No entanto, a matriz continua a ser a sua postura pop-metal ou rap-metal, onde as guitarras densas e bem distorcidas se cruzam com passagem de sintetizador e fraseado métrico típico do género. A mistura não é nova e até tem sido cada vez mais utilizada dentro do mundo do metal. Aqui e ali surgem algumas influências grunge, uma tendência retro a encaixar na modernidade do som geral da banda. O problema, todavia, está no facto dos IFH inserirem 13 temas em apenas 37 minutos. Os temas neste estilo são diretos, é certo, mas esperava-se que conseguissem evoluir um pouco mais. Ainda assim, destacamos Shadow como melhor do disco, pela sua rara abordagem melódica, bem como o bom trabalho desenvolvido pela vocalista Ariel Bloomer. [70%]

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