Reviews: DEVILSBRIDGE; DISTRÜSTER; EREB ALTOR; MALFESTED; REBEL SOULS

 


Sense Of (DEVILSBRIDGE)

(2022, Fastball Music)

Endless Restless tinha sido o EP de estreia dos Devilsbridge que não tinha deixado boas memórias. Sense Of é o álbum que se lhe segue e que, embora melhorando ligeiramente, volta a não convencer. Os aspetos mais relevantes a destacar são o bom trabalho rítmico (bateria e baixo têm, efetivamente, um excelente desempenho) e o uso frequente de alterações de tempos. Isso torna Sense Of mais dinâmico e menos previsível. Os riffs de metal moderno seguem os trâmites normais, ou seja, não são de todo descartáveis, embora também raramente nos empolguem. Vocalmente, também nos parece que Dani Nell está melhor, embora num tema com a religiosidade e emotividade de Pain (quanto a nós a peça mais bem conseguida deste trabalho), pedisse um pouco mais de soul. O que está em falta neste disco é que dificilmente se vai conseguir distinguir entre milhares de lançamentos, porque não tem identidade nem personalidade vincada. Por outro lado, classificando-se como modern metal melódico, deveria ter havido um maior empenho na criação de melodias mais consistentes. [74%]



 

Sic Semper Tyrannis (DISTRÜSTER)

(2022, Ossuary Records)

Os Distrüster são muito jovens. Estão ativos apenas desde o ano passado e Sic Semper Tyrannis é a sua estreia. Apesar de ser um jovem coletivo, os seus membros já carregam alguma experiência. Uma experiência que lhes permitiu rapidamente definir o seu som – guitarras ferozes e bateria pesada em temas curtos, diretos e demolidores. Algures entre o crust, o speed e o death metal, Sic Semper Tyrannis passa a correr na sua pouca mais de meia hora de duração, com escassos argumentos que nos prendam a atenção. O objetivo é ser o mais direto possível, sem floreados e com atitude. Conseguido, naturalmente. Mas, questões relacionadas com cuidado nos arranjos, melodia ou musicalidade ficam relegados para segundo plano. E em algum momento estes aspetos se mostram? Sim, senhor, na faixa de encerramento, Calm Under Fire, um tema mais longo, com mais de seis minutos, onde a banda mostra o que ainda pode fazer no futuro. Vamos esperar que eles agarrem essa hipótese de caminho. [70%]



 

Nattramn (EREB ALTOR)

(2022, Hammerheart Records)

Ereb Altor é uma banda sueca formada em 2003 por membros do grupo de epic doom metal Forlorn (que desde então mudaram o seu nome para Isole). Os primeiros álbuns da banda foram elogiados pela sua tecelagem perfeita da era Viking dos Bathory com o tradicional epic doom metal. Com o terceiro álbum, Gastrike, e o seu sucessor, Fire Meets Ice, o coletivo entrou numa sonoridade mais influenciada pelo black metal. Nattramn, o quinto longa-duração da banda, originalmente lançado em 2015, continua na linha dos dois últimos, focado em fundir o metal épico com as frias atmosferas de black metal, ficando a sensação de ser um álbum mais sombrio do que antes. Os Bathory continuam a ser a maior influência da banda, o que fica claro nos ritmos, nos riffs e na utilização frequente de vocais limpos, embora essa influência surja mais pela nostalgia e não tanto por uma cópia de Quorthon. Esta reedição faz parte do conjunto de reedições que a editora neerlandesa Hammerheart Records tem vindo a promover do fundo de catálogo dos suecos. [87%]



 

Unethical Creation (MALFESTED)

(2022, Necktwister)

Uma banda nascida no meio de uma pandemia que lança um EP conceptual a respeito de um cientista genial, mas muito pouco ético e que cria uma praga perfeita para se espalhar no mundo. É a temática de Unethical Creation, o segundo EP dos belgas Malfested. O estilo? Um death metal que tanto bebe na escola mais antiga, como na mais recente. Mas, independentemente disso, o que mais salta à vista em Unethical Creations é a inclusão de belos breaks melódicos e atmosféricos que criam o perfeito contraponto e equilíbrio com os momentos mais devastadores, bem como as deliciosas harmonias sacadas às guitarras. Neste aspeto, muita influência do death melódico nórdico, sueco principalmente, que os Malfested conseguem enquadrar na perfeição. Um trabalho a rondar a meia hora com cinco temas de bom death metal e com uma criativa história. Venha mais! [80%]



 

Dawn Of Depravity (REBEL SOULS)

(2022, Blood Fire Death Records)

Os Rebel Souls nasceram na Alemanha como um duo e as coisas não correram muito bem. Pelo menos a atender pelo final abrupto, apenas três anos depois. No entanto, a banda renasceria em 2013, já em Espanha. Da primeira geração apenas há registo de três demos; da segunda, Dawn Of Depravity é já o segundo álbum. Um álbum que nem começa nada bem, mostrando nos primeiros dois temas um death metal brutal, mas sem grande critério. Curiosamente, são as tréguas, com um break acústico, inseridas em Poisoner Of The Harvest que faz alterar tudo. Ou então foram os ouvidos do crítico que acordaram para uma nova realidade. E essa é uma realidade feita de uma bem doseada mistura entre agressividade, especialmente trazida pelo desempenho vocal, e uma capacidade melódica que parecia não existir. O solo e os riffs de Sea Of Crisis é dos melhores momentos do disco e surge bem acompanhado por enormes variações e trabalho harmónico e riffs da guitarra em Three Thousand Screams ou um soberbo trabalho do baixo em Virulent. Depois de uma abertura pouco interessante, Dawn Of Depravity acaba por crescer e mostrar-se um disco de death metal muito competente. [80%]

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