Entrevista: In The Woods...


 

Quer se queira quer não, os In The Woods… ficarão para sempre associados a álbuns geniais como Omnio ou Strange In Stereo. O seu fim, em 2000, deixou muita gente em sofrimento. Felizmente, o regresso aconteceu mais tarde. E desde o seu regresso, em 2014, a banda já lançou três álbuns, sendo Diversum o seu mais recente trabalho. Este é um disco onde se estreia uma nova editora e um novo vocalista e para nos falar dele e de um pouco da história de uma das mais geniais bandas do metal, estivemos à conversa com Kare Andre Sletteberg (guitarrista) e Nils Drivdal (baixista).

 

Olá, pessoal, como estão? Em primeiro lugar, deixa-me dizer que é uma verdadeira honra fazer esta entrevista. Portanto, desde já, obrigado pela disponibilidade. Diversum é o vosso novo álbum. O que nos podes dizer a respeito deste novo álbum?

KARE ANDRE SLETTEBERG (KAS): É um novo álbum, um álbum que queríamos fazer. E estamos muito felizes com o resultado do Diversum.

NILS DRIVDAL (ND): O prazer é nosso. O novo álbum é um álbum do qual estamos muito orgulhosos e somos uma banda mais do que nunca. Este é um álbum feito por uma banda que finalmente conseguiu aceitar todas as nossas disfunções e com isso, fizemos esta função.

 

Estilisticamente, o que é que os vossos fãs podem esperar deste álbum? Algo mais voltado para o black metal como o vosso início ou algo mais voltado para a vanguarda? Ou uma mistura de ambos?

KAS: Não somos tão obcecados em colocar a nossa música em géneros como alguns podem pensar que somos. Apenas fazemos a música que queremos fazer e se isso se encaixa em certas linhas de um género, realmente não importa para nós.

ND: Uma boa mistura. Mais uma vez, fizemos o que queríamos e pensamos sobre o que queríamos fazer como um todo.

 

Então, podemos dizer que em Diversum mantém a vossa marca registada, mas conseguem injetar algo novo em relação aos álbuns anteriores?

KAS: Há novos elementos neste disco em relação aos dois anteriores. Isso vem naturalmente com a mudança de cantores e compositores. Fazemos música de que gostamos e, como disse anteriormente, não nos limitamos, não tem que conter algo que faça referência a HotA, Omnio ou SiS…

ND: Fazemos sempre o que fazemos. E usamos o nosso mindset como um todo, captando a vibe que temos naquele momento. Isso é o que fazemos, fazemos música do fundo das nossas almas, sem "Vamos fazer esse tema para o álbum" ou coisas assim. Simplesmente acontece. É o que todos nós temos dentro de nós, misturados como uma banda, como uma equipa, uma força.

 

Neste álbum, podemos ver algumas novidades a acontecer. Primeiro, a estreia de uma nova editora. O que aconteceu com essa mudança da Debemur Morti para Soulseller?

KAS: Bem, são algumas coisas que a banda precisava. Algo fresco e algo novo. A SoulSeller pensa mais nos fãs do que em ganhar muito dinheiro. Isso também é bom!

ND: Nada muito sério, queríamos tentar algo novo.

 

Em segundo lugar, também estrearam um novo vocalista na pessoa de Bernt Fjellestad. Desde quando ele está a bordo? Já teve a oportunidade de colaborar no processo criativo?

KAS: Ele entrou em dezembro de 2021, levando as coisas a sério e sendo anunciado ao público no início de janeiro de 2022. Ele tinha a música para trabalhar e criou algumas linhas vocais e melodias brilhantes.

ND: Não me lembro exatamente, mas acho que dezembro de 2021? Todos nós conhecemos Bernt há mais de 20 anos e agora ele é a última peça do quebra-cabeça da nossa força e parece mais forte do que nunca. Estamos contentes, no mínimo.

 

Falando em integrantes, no primeiro álbum após o vosso regresso, Pure, ainda tinham os irmãos Botteri. Mas neste álbum já não estão na banda. O que aconteceu?

KAS: Não vou entrar em detalhes sobre tudo isso, mas eles sentiram que coisas novas eram necessárias e que tinham cumprido o seu dever. A tournée foi muito difícil para eles, e para o resto da banda... Eles estão a lançar novas músicas com frequência.

ND: Eles fazem as suas coisas com novas bandas, etc, e desejamos-lhes boa sorte, são pessoas impecáveis e sim, queremos que eles tenham sucesso.

 

Também Synne Soprana não está nesta nova reencarnação. Foi uma possibilidade considerada ou não? Porquê?

KAS: Nunca foi pensado ou necessário para esta versão da banda. Não a conheço pessoalmente, mas tenho certeza de que ambos os lados estão satisfeitos com o resultado.

ND: In The Woods… consistiu em muitas pessoas diferentes, Christer Cederberg, Bjørn Harstad, James Fogarty, para citar alguns. E como muitas bandas de metal antes, somos "uma nova" unidade, e esperamos que continue assim por muito tempo. Synne mora em Oslo e o que queríamos agora era ser uma banda de metal puro, portanto acho que isso nem foi pensado. Bernt pode fazer o que quiser.

 

Para este álbum, tiveram a ajuda de um músico de estúdio para teclados adicionais. Os teclados são muito proeminentes neste álbum?

KAS: Não são. Tivemos o irmão de Bernt Sørensens que colocou alguns teclados, para ter um pouco mais de profundidade do que apenas guitarras. Isso é apenas para o disco, porque ao vivo as músicas funcionarão muito bem sem eles. Até eu fiz alguns teclados no álbum, é apenas algo para preencher aqui e ali.

ND: Existem alguns, mas para nós queremos que um disco tenha "um extra", mas não tanto que não o possamos fazer ao vivo.

 

Podemos ir um pouco ao passado? O que aconteceu em 2000 quando, depois do lançamento de grandes álbuns como Omnio e Strange In Stereo, terem cessado funções?

KAS: Não é realmente algo em que insistamos. O passado é o passado e o que aconteceu não tem motivo para entrar na luz do dia. Nada de mau aconteceu, mas as pessoas precisavam de outras coisas.

ND: Queremos focar-nos no presente e no futuro. As coisas aconteceram e pertencem ao passado.

 

Na época, essa grande compilação Three Time Seven On Pilgrimage já era vista por vocês como um álbum de despedida?

KAS: Não é um álbum, é uma única compilação.

 

O que motivou o vosso regresso 14 anos depois?

KAS: A perda de um membro fundador.

ND: Oddvar AM.

 

Desde 2014, este é o terceiro álbum. Que comparações podem ser feitas entre os atuais In The Woods… e os antigos?

KAS: Acho que a única maneira de notar a diferença é sentares-te e ouvir os seis álbuns de uma só vez. A história da banda evolui.

ND: Eles são todos diferentes, então isso exigiria uma resposta muito longa (risos).

 

Diversum é lançado 4 anos depois de álbum anterior, Cease The Day. A pandemia foi a única causa para este hiato?

ND: Não, houve muitos fatores. James desistiu e também não queríamos apressar nada. Este álbum veio muito naturalmente, com Bernt a entrar nos vocais. Tudo caiu no lugar.

 

Podem explicar-nos o significado da enigmática capa? De que forma se liga aos tópicos das letras do álbum?

KAS: O significado muda em cada pessoa que a vê. Se eu fosse dizer o que acho que significa, terias uma opinião diferente. E ao não contar essas coisas, é mais fácil para o ouvinte pintar a sua própria imagem de como é.

 

Como decorreram as sessões de gravação?

ND: Muito bom (risos). Todos nós fizemos as nossas coisas. Somos, como se diz, uma banda e trabalhamos muito bem juntos, lançando ideias uns aos outros e mantendo o que todos gostamos.

KAS: Bem, foram longas. E às vezes pressionávamos o botão de gravar. Foi frustrante, mas divertido de fazer!

 

O que têm planeado para uma tour de divulgação do Diversum? Portugal estará incluído?

KAS: Estamos a trabalhar nisso. Não tenho certeza se Portugal está nos planos de uma tournée, mas adoraríamos ter um espetáculo aí!

ND: Faremos uma tournée em março/abril do ano que vem, para uma eurotour. Quanto a Portugal, porém, não sei, por muito que queiramos. Diz aos vossos promotores para nos reservarem e embarcaremos num avião (risos).

 

Muito obrigado, pessoal, mais uma vez. Querem acrescentar mais alguma coisa?

KAS: Foi um prazer. Mal posso esperar para voltar a Portugal!

ND: Obrigado pelo teu tempo, cumprimentos, mantenham-se saudáveis e metal e comam as vossas vitaminas de criança.


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