Reviews: VICK LECAR'S GALLUS REX; HYLDR; DISMAL; OLD SEA AND MOTHER SERPENT; VISCERAL

 


Vick LeCar’s Gallus Rex (VICK LECAR’S GALLUS REX)

(2023, Righteous Path Records)

Vick LeCar nasceu no Santiago do Chile, mas acabaria por ir para os Estados Unidos em fuga do regime ditatorial chileno, na década de 80. Aí construiu uma sólida carreira participando em alguns álbuns de nomes conhecidos, nomeadamente com Joe Lynn Turner. O seu mais recente projeto é Gallus Rex onde Vick LeCar surge apenas acompanhado de Ru Williams, sendo que o trabalho homónimo de estreia, com esta denominação, traz uma explosão de blues rock enérgico e aditivado. Com as guitarras sempre em destaque e o Hammond a acompanhar na perfeição, poderemos dizer que este EP vem forjado com os históricos Deep Purple e Black Sabbath. Todavia, a introdução de harmónica e guitarra acústica leva-nos para outras ambiências, mais modernas e mais citadinas – a perigosa Los Angeles de Mötley Crüe ou Cinderella. Num caso e noutro, a sua guitarra brilha intensamente e as suas composições revelam-se muito apelativas. Pena que 23 minutos passem demasiado depressa. Aguardamos por algo mais alargado. [85%]



 

Order Of The Mist (HYLDR)

(2023, Independente)

Verdadeiramente fantástica esta estreia dos Hyldr, coletivo belga de gothic/doom metal. Atmosferas misteriosas e sinistras conjugam-se com um fantástico trabalho harmónico das duas guitarras (por vezes em registos acústicos de rara beleza!) e com duas vozes. Sendo estranho que o PR apenas refira Lady IX nesse papel, fica a dúvida se será ela sempre a assumir os vocais e essa dualidade de abordagem. A ser assim, trata-se de um brilhante trabalho de metamorfoses vocais! Order Of The Mist apresenta um conjunto sombrio de canções que, ainda assim, consegue brilhar intensamente. Todo o álbum é composto por uma áurea de misticismo e melancolia, carregando um sentimento negro, triste e belo. Também uma capa religiosa pode ser escutada, principalmente em Nibelungen. Mas é na componente épica que assenta muito do brilhantismo de Order Of The Mist. E da sua forte componente emocional! [91%]




 

Via Entis (DISMAL)

(2023, Aural Music)

O sexto álbum da carreira dos Dismal volta a ser uma pequena maravilha. E funciona como se Dario Argento ou Ennio Morricone começassem a compor para os seus filmes algo dentro de uma linha mais carregada de eletricidade. Cinematográfico, sinistro e religioso (os apontamentos de canto gregoriano em The Reign Of Utopia são geniais), Via Entis navega pelos campos da magia e do misticismo criando atmosfera teatrais únicas de simbolismo. Neste aspeto, os ambientes criados pelo violino são magistrais. Já se sabe que os atuais Dismal se enquadram num estilo difícil de definir. O seu metal é complexo, mas soft; não segue nenhuma regra estabelecida e nem apresenta estruturas definidas dentro do tradicional estrofe-refrão-solo. Neste contexto, a inclusão de estruturas neoclássicas numa base gótica assume cada vez um maior destaque. Quinta Essencia, o seu álbum anterior lançado há três anos, foi a sua obra-prima, mas Via Entis, não estando ao mesmo nível de beleza, volta a demonstrar uma banda com uma abordagem criativa muito acima dos standards habituais. [90%]



 

Plutonian (OLD SEA AND MOTHER SERPENT)

(2021, Addicted Label)

Quatro temas a variar entre os 11 e os quase 26 minutos. É assim que o duo do oblast de Moscovo, com o estranho nome de Old Sea And Mother Serpent, regressa aos discos com Plutonian, nove anos após a estreia Chthonic. São quatro temas obscuros e psicadélicos cheios de fuzz num heavy/stoner/doom/sludge cáustico, abrasivo e sombrio. Os longos temas vão-se desenrolando lentamente, adicionando camadas e tornando-se cada vez mais opressivos e claustrofóbicos. As linhas principais são difusas e surgem esporadicamente, enquanto os vocais vão sussurrando angústia e sofrimento. O extremismo das ideias ou a vontade de avançar para algo que realmente ferisse, fez com que o duo incluísse quase cinco minutos de uma nota com reverb no final de Subterranean Solstice. Uma experiência dolorosa e que não facilita nada a vida aos ouvintes! Depois, Plutonian fecha com um instrumental, faixa que coloca um pouco mais de variabilidade num álbum que peca pela uniformidade rítmica. [71%]





The Tree Of Venomous Fruit (VISCERAL)

(2022, Raging Planet)

The Tree Of Venomous Fruit é a estreia do projeto nacional Visceral nascido da mente de Bruno K (guitarras e vocais) e acompanhado por Guilherme Henriques (vocais), Alexandre Ribeiro (baixo) e Mentor Serpens (bateria). E o projeto traz um conjunto de curtas e diretas descargas de um brutal old school death metal a atirar para cenários ainda mais extremos, como algum grindcore e até black metal. O álbum soa muito orgânico, com uma produção cuidada e poderosa e mantendo a consistência entre peso e velocidade. Momentos de tréguas não acontecem, mas destaca-se a inclusão de algumas harmonias, pelo menos em alguns dos temas ligeiramente mais longos. É nestas alturas que os Visceral mostram que sabem bem o que estão a construir. [72%]

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