O mestre dos trocadilhos
está de volta. Ultrapassada que está a trilogia em torno de Time, Mikey Wenzel e o seu projeto Starquake criaram outra obra,
desta vez com um título retirado de um filme dos irmãos Marx. Uma inspiração
que vem de A Night At
The Opera dos Queen ou mesmo de Sgt.
Pepper, dos The Beatles. Curioso é saber
que a metal queen Doro esteve para
cantar neste trabalho. Tal não se concretizou, mas nem por isso At The
Circus deixa de ser imponente com toda
uma panóplia de instrumentistas a dar vida a um criativo conjunto de temas. De
tudo isso, nos falou o mentor Mikey Wenzel.
Olá,
Mikey, como estás? O que tens feito desde a última vez que conversamos, em
2019?
Olá, Pedro, se bem me lembro, comecei a escrever para o novo álbum
imediatamente após o anterior estar pronto. Portanto, como todos sabemos, a
pandemia surgiu, e tive que ficar em casa a maior parte do tempo, o que me deu
longas horas para ajustar e aperfeiçoar as minhas demos. Quando senti que tinha escrito o melhor álbum dos Starquake até hoje (tens que almejar o
melhor, se almejares o medíocre acabas na média) comecei a gravar e a misturar,
masterizar e finalmente lançar o novo álbum de Starquake, At The Circus.
A melhor notícia desta vez é que o teu novo álbum não tem
a palavra Time no título (risos). Porquê?
Porque a trilogia que tinha começado com o meu álbum a solo está terminada,
A Matter Of Time, Times That Matter e Time Space Matter é suficiente, mas nunca se sabe, talvez um dia eu
faça um álbum chamado Time Don't Matter
In Space!
Mas é novamente uma ópera rock, certo? Qual é a história?
Sim, é um álbum de conceito solto. Life's
A Circus é uma das faixas do álbum e resume muito bem. O álbum fala sobre
todas as coisas estranhas que tornam as nossas vidas tão especiais, fazem delas
um circo.
No último álbum, tiveste uma banda e alguns convidados.
Desta vez estás sozinho, mas com uma lista maior de convidados. Em primeiro
lugar, por que decidiste fazer tudo sozinho?
Bem, basicamente ainda são os mesmos músicos, só quis escrever de forma um pouco
diferente. Mais ou menos como o mestre-de-cerimónias do circo e os artistas. Starquake ainda é basicamente eu com os
meus amigos, fazendo a música que gosto, música que todos gostamos, música que
esperamos que todos possam ouvir e gostar também. Eu acho que não importa se
são chamados de banda ou convidados, adoro-os a todos e estou muito grato a
cada um deles por fazer deste álbum o que é.
Em segundo lugar, o que procuras quando
convidas um determinado músico para tocar um determinado instrumento?
Ah, eu conheço a maioria desses músicos, alguns deles
muito bem, já tocamos juntos em bandas antes, e para aqueles que não conhecia
antes, tive a sorte de encontrar a combinação perfeita para o papel que eles
tinham que fazer neste espetáculo de circo.
E conseguiste todos os convidados que
querias ou houve alguém que não tenha sido possível?
Para dizer a verdade, o álbum foi originalmente planeado para ser lançado
pela editora com a qual eu trabalhava até o final do ano passado e o meu contacto
na editora tinha sugerido a Doro
como vocalista convidado no dueto. Isso não resultou, mas todos os outros
músicos ficaram muito felizes em fazer parte deste álbum e eles, na realidade, elevaram
a música a um novo nível.
Após
o lançamento de Time Space
Matter, o mundo foi atingido por uma pandemia. De que forma lidaste com isso
e como afetou ou não a criação de At The Circus?
Eu gostaria de pensar que a pandemia não afetou o novo álbum. Vê bem, criar
um novo álbum dos Starquake segue sempre
o mesmo padrão: eu escrevo músicas e produzo demos sozinho, encontro-me com os músicos individuais para gravar as
suas partes, termino o álbum. Portanto, a única coisa diferente dessa vez foi:
a maioria dos músicos gravou as suas coisas por conta própria e enviou-me os
arquivos. Às vezes eu pedia alguns ajustes, mas na maioria das vezes, como já
trabalhamos juntos antes, eles sabiam exatamente o que eu queria que fizessem. Correu
tudo muito bem.
O álbum é longo no tempo e número de
canções com alguns interlúdios. Não tens receio que tais interlúdios possam
afetar a coesão do álbum?
Não, de maneira nenhuma. Algumas dessas faixas são introduções para as
músicas seguintes e foram compostas especificamente para caber ali. OK, a faixa
mais curta é No Strings Attached, que
podes saltar, mas é tão curta que nem vale a pena. E está a construir um
quadro, juntamente com Strings Attached
(trocadilho intencional, há um quarteto de cordas a tocar). Essas duas faixas
funcionam como suportes para Life Without
You a música mais comercial e pop
do álbum.
Do que estás a falar com um título como At
The Circus? É alguma análise crítica?
O título do álbum remonta à minha primeira ideia, escrever um álbum conceptual
como Sgt Pepper e A Night At The Opera. A Night At The Opera, dos Queen, recebeu o nome de um filme dos
irmãos Marx, por isso procurei os títulos dos filmes dos irmãos Marx, e At The Circus parecia bom e há uma
música de circo no Sgt Pepper dos The Beatles (Mr. Kite). Assim, escrevi um pouco mais de Circus nas músicas. Como disse: a vida de toda gente é uma espécie
de circo.
Mas
é um álbum conceptual, não é? Em que consiste a história?
Aqui não estou propriamente a contar uma história, é apenas a vibração
básica e os temas musicais recorrentes que reaparecem ao longo do álbum, além
dos quadros que mantêm tudo junto. Tomemos, por exemplo, as faixas 3 e 15, as
guitarras de harmonia numa música tocam a melodia do refrão da outra e
vice-versa, além das faixas Usher In -
Usher Out que começam e terminam o álbum. A faixa 1 NÃO é uma abertura, por
isso chamei-a de Noverture, a faixa 17
é chamada de Underture (novamente,
trocadilho), encerrando o álbum de uma hora, reunindo todos os temas musicais
novamente. Talvez um dia eu escreva uma pequena e interessante história, talvez
isso seja a base para um novo álbum conceptual.
Sabemos que Starquake é um projeto de
estúdio que envolve muitas pessoas, mas será possível para fazer algumas
apresentações ao vivo selecionadas?
Nada está planeado ainda, mas sei que nunca devemos dizer nunca. Seria uma
grande tarefa levar Starquake para o
palco, mas pode ser feito. É que ainda vejo isto puramente como um projeto de
estúdio.
Muito obrigado, Mikey, mais uma vez. Queres acrescentar
mais alguma coisa?
Bem, Pedro, MUITO OBRIGADO pela oportunidade de fazer esta entrevista. Obrigado
a todos que receberam o álbum e nos disseram o quanto gostaram, OBRIGADO por
todas as boas críticas que recebemos. E para todos vocês por aí: se gostam de classic rock dos anos 70, The Beatles e Queen e Iron Maiden,
deveriam pelo menos ouvir este álbum, ou talvez até o comprar em https://starquake1.bandcamp.com/album/at-the-circus.
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