The Balladas VI (AXEL RUDI PELL)
(2023, Steamhammer/SPV
Mesmo os corações metaleiros mais
empedernidos e endurecidos conseguem emocionar-se com uma boa balada. E as
baladas desde sempre fizeram parte do metal. Mas, num nome como Axel
Rudi Pell são ainda mais importantes. Senão reparem: no top 10 dos
temas mais ouvidos via streaming do compositor alemão estão… 9 baladas!
Por isso, a sua criação de baladas continua a mostrar-se fresca e a saga de as
juntar em compilações já vai no sexto capítulo. Todavia, The Ballads VI
traz algumas surpresas. Dos 13 temas, cinco são gravações completamente novas,
onde se incluem as versões de Diamonds And Rust, de Joan Baez e Dust
In The Wind, dos lendários Kansas, num arranjo apenas com guitarra,
piano e vocais. As restantes três são dois instrumentais, Revelations
(que serve de introdução ao álbum) e Hidden Secrets, e Morning Star,
tema pensado para ser incluído no próximo álbum de originais previsto para
2024. Os restantes temas são as baladas ou os momentos mais calmos dos últimos
quatro álbuns de estúdio de Axel Rudi Pell: Beyond The Light vem
de Knights Call (2018), As Blind As A Fool Can Be, de Sign Of
The Times (2020), She’s A Lady (versão de um tema de Paul Anka),
I Put A Spell On You (original de Screamin’ Jay Hawkins) e Room
With A View (de Tony Carey), de Diamonds Unlocked II (2021),
e, finalmente, Gone With The Wind, Fly With Me e Quarantine 1
(o terceiro instrumental do álbum) de Lost XXIII (2022). [85%]
Unreal (CZAKAN)
(2023, Pride & Joy Music)
Em 1989, State Of Confusion, foi eleito
álbum do mês pela Metal Star. Era a estreia de uns Czakan,
oriundos do sul da Alemanha. A partir daí não mais se ouviu falar da banda. Até
ao início deste ano quando a reedição desse álbum deixava no ar a eminência de
um regresso. Que se confirma agora, 34 anos depois, com o line-up
original e 14 novas canções juntas em Unreal. E mantendo o mesmo
espírito de um hard rock/heavy metal que cheira a anos 80 (naturalmente
modernizado fruto de uma produção com as técnicas atuais) e que traz como referência
os Scorpions. E se há 34 anos o sucesso dos Czakan foi efémero, o
mesmo será de esperar com Unreal. É um mau disco? Não. Tem potencial
para se destacar? Também não. Se excluirmos a abertura bem rockeira, Free
Line, a excelente melodia de Breaking All The Rules ou o rock
‘n’roll em tons de sleaze e glam que até lembra Cinderella,
de Get Down, pouco mais há de memorável ou destacável neste disco. É bom
ter a banda de volta, as hostes andam animadas, Unreal é outro passo
dado para os alemães, mas os tempos não se repetem e os tempos de State Of
Confusion ficaram, definitivamente, muito lá trás. [75%]
Riffobia (RIFFOBIA)
(2023, Floga Records)
Depois de seis anos de ausência, os gregos Riffobia
regressam com o seu terceiro álbum, homónimo, numa clara demonstração de
identidade. E esperem nove descargas (mais uma introdução) de um thrash
carregado de intensidade, agressividade e melodia. Um thrash assente
numa sonoridade orgânica e pura que nos remete para nomes como Kreator, Sodom
ou os seus compatriotas Suicidal Angels. Riff atrás de riff,
verso após verso, varrimento de bateria atrás de varrimento de bateria, não
faltará oportunidade para muito headbanging neste registo pleno de
oportunidade e de grande malhas e hinos thrash. Hinos que se
revestem de uma fineza criativa, destacando-se nesse aspeto a ponta final de Riffobia,
uma verdadeira explosão que todos os amantes do género deverão experimentar. [85%]
Reino de Satã (TESTEMUNHAS DE JEOVÁ)
(2023, Selvajaria Records)
Ainda alguém se lembra de como soavam os D.
R. I. ou os Ratos de Porão, nos seus primórdios? Pois bem, é isso
que o novo coletivo nacional Testemunhas de Jeová trazem para a mesa.
Doze temas, onde se inclui Haverá Futuro?, versão de um original dos
brasileiros Olho Seco, em pouco mais de 16 minutos. Não dará para muito
é certo, mas dá perfeitamente para o que se pretende – crítica mordaz à Igreja
(com letras escritas ainda antes das polémicas mais recentes), velocidade
estonteante, riffs eletrizantes e versos diretos e simples (com vocais
sempre limpos e percetíveis) a pedir berros a plenos pulmões. E numa faixa como O
Inferno Vai Chegar estas testemunhas chegam a surpreender com um espetacular trabalho de baixo. Os temas variam
entre os 20 segundos da impronunciável DMBCSRACDLCFDCC (ao bom rigor de Scum,
lendário disco de estreia dos Napalm Death) e os dois minutos e meio da
tal versão. Uma pura, crua e autêntica descarga de thrash crossover com
uma simplicidade e objetividade como há muito não ouvíamos. [80%]
Filth (THY GRAVE)
(2021, Addicted Label)
Quando se trata de ferir
musicalmente, os Thy Grave são uma das melhores propostas. E nem é
preciso ser muito extremo, nem rápido, nem devastador. Basta ao quarteto
moscovita usar e abusar das distorções cáusticas e dos feedbacks
abrasivos. Oito anos depois da estreia, os Thy Grave evoluíram para algo
maior, mais opressivo e, como o próprio título deixa antever, algo muito mais
sujo. O seu doom/sludge traz vocais completamente angustiantes e riffs
lentos, pesados e de enorme sofrimento. Aliás, títulos como The Depth
Devourer ou Approach To Suffering deixam isso bem claro: um som
muito profundo, grave que não se reflete apenas numa aproximação ao sofrimento.
É mesmo a queda nele. [60%]
Comentários
Enviar um comentário