Entrevista: Malignea

 


 

Foi com surpresa que soubemos da saída de Gonçalo Nascimento e do consequente fim dos Dogma, logo após esse espetacular álbum que foi Mallevs Maleficarvm. Felizmente, os restantes elementos continuaram, mudaram o seu nome para Malignea e o álbum homónimo de estreia desta nova entidade está a ser muito bem recebido. E agora, três anos depois, voltamos a conversar com o guitarrista Luís Possante para nos explicar essa mudança e nos falar de Malignea – a banda e o disco.

 

Olá, Luís, tudo bem desde a última vez que conversámos? E, desde essa altura, muita coisa mudou. Queres começar por explicar como se passou de Dogma a Malignea?

Boas! Tudo bem e contigo? É verdade, muito mudou desde a última vez que conversamos. Coisas terminaram e outras novas começaram. O fim de Dogma e o consequente nascimento de Malignea esteve relacionado com a saída do Gonçalo Nascimento, um dos membros originais de Dogma e cujo regresso e reativação da banda em 2014, juntamente com o Miguel Sampaio que era outro dos fundadores, foi a razão desta segunda vinda de Dogma que agora terminou definitivamente. No entanto a vontade de fazer música estava lá, mais forte do que nunca. Desde a gravação do álbum Mallevs Maleficarvm, com a entrada do Luís Abreu na bateria e o João Pedro Ribeiro na guitarra, que havia uma química fantástica entre nós. No mesmo dia que Dogma terminou nasceu Malignea. Decidimos avançar para uma nova banda com a Isabel sozinha na voz, a ocupar o lugar de frontwoman que já lhe era merecido.

 

Sendo que os membros são os mesmos com exceção do vocalista masculino, porque não continuaram como Dogma?

Já não fazia sentido continuarmos como Dogma. Quando nos voltámos a juntar em 2014 tinha ficado acordado que continuaríamos com a banda até um dos quatro elementos fundadores que restavam decidisse sair. Quando o Gonçalo nos comunicou que para ele os objetivos a que se tinha proposto estavam concluídos e que não pretendia continuar sabíamos que era altura de pôr um ponto final em Dogma.

 

Musicalmente, que diferenças mais significativas apontam entre os dois projetos?

A diferença mais óbvia para o ouvinte certamente que será o facto de que em Malignea é só a Isabel na voz enquanto em que Dogma partilhava as vozes com o Gonçalo. No entanto as diferenças vão muito para além disso. Iniciar este novo projeto deu-nos absoluta liberdade criativa sem estarmos presos a qualquer rótulo ou estilo, ao contrário do que acontecia com Dogma que com o seu longo historial não nos permitia divergir muito da sua matriz original sem correr o risco de se perder a sua identidade. Por outro lado, o facto de estarmos a compor apenas para a voz da Isabel permitiu-nos compor temas mais simples e diretos, sem aquela complexidade estrutural que por vezes tornam os temas mais difíceis de absorver. Queríamos temas que resultassem bem em álbum, mas que resultassem igualmente bem ao vivo.

 

E em termos criativos, houve alguma nova abordagem desta vez?

Não se pode dizer que tenha havido uma abordagem absolutamente radical ou completamente inovadora no nosso processo de composição. Quisemos apenas ser mais de nós próprios em termos tanto individuais como coletivos. O que deixámos bem definido desde o início é que não queríamos absolutamente nenhumas barreiras ao processo criativo, deixámos fluir a imaginação e a intuição e o resto foi a nossa química a funcionar. Quando são cinco pessoas a remar todas na mesma direção tudo se torna mais fácil e a construção deste álbum reflete esta abordagem tão simples e direta.

 

O primeiro álbum homónimo já circula por aí. Como tem estado a ser a sua aceitação?

Temos recebido excelentes críticas o que só nos deixa orgulhosos. Como criadores é sempre difícil ter uma opinião isenta sobre o nosso próprio trabalho e o feedback do público é sempre fundamental. Ficámos agradavelmente surpresos por ver que estes temas resultam tão bem em álbum quanto ao vivo e esse era um dos nossos grandes objetivos: fazer temas que nos dessem prazer tocar ao vivo. Nesse aspeto também essa meta foi alcançada e os concertos que temos dado têm sido cada vez mais poderosos e intensos.  Temos muito também a agradecer ao nosso produtor Fernando Matias da Pentagon Audio Manufacturers cuja excelência foi decisiva para a qualidade deste trabalho, bem como ao Gonçalo João da Ethereal Sound Works por ter acreditado em nós e ter levado a cabo a sua edição.

 

Porque optaram por lançar este álbum trazendo como título o nome da banda?

No fundo este álbum consiste de uma série de histórias dispersas que abordam o terrível e o fantástico, mas que também abordam temáticas do passado, do presente e do futuro. Quisemos resumir este compêndio numa única palavra simples e poderosa que condensasse a essência não só do álbum, mas também deste projeto. Nenhuma nos pareceu mais certa que o próprio nome da banda e assim, em nome da simplicidade e autenticidade, ficou Malignea.

 

A primeira metade da tour está quase concluída. Como têm corrido as coisas?

Têm corrido muito bem, estamos todos muito satisfeitos com os concertos que temos dado até agora. Temos contado com a participação de alguns amigos que muito têm contribuído para dar um maior impacto cénico à nossa atuação, nomeadamente a Vyna Vyno que tem sido a nossa bailarina e o Ricardo Pedro que tem sido a nossa Morte Vermelha e cujas performances têm sido sempre magníficas e têm trazido muito esplendor e excelência aos nossos espetáculos. Já para não falar da Carla Carreto que contribuiu com os coros na gravação do álbum e nos tem acompanhado agora também nos concertos.

 

Há outras datas futuras a serem planeadas?

Sim, pretendemos ter uma agenda preenchida pelo menos até ao final deste ano. Temos estado a trabalhar ativamente com o nosso management, a Underworld Productions, em busca de salas e festivais por todo o país onde possamos apresentar o nosso trabalho. Por isso fiquem atentos e vão consultando o nosso Facebook para ficarem a par das novidades.

 

Explica lá como foi essa história de aparecerem na rubrica do Nuno Rogeiro, Leste/Oeste?

Pelo que sei foi um amigo nosso que fez a gentileza de contactar o Nuno Rogeiro e lhe enviar material nosso. Aparentemente ele gostou do que ouviu e resolveu divulgá-lo no seu programa. Ficamos-lhe muito gratos e foi uma verdadeira surpresa quando nos disseram que tínhamos passado no Leste/Oeste. Um grande abraço ao Nuno Rogeiro e mais uma vez o nosso muito obrigado.

 

Obrigado, Luís! Querem acrescentar mais alguma coisa?

Queria deixar aqui um apelo que não é só meu, mas o de todas a bandas: vão aos concertos, aos festivais, comprem merchandising, comentem nas redes sociais, deixem likes. Tudo isso é importante para ajudar as bandas a crescer. O vosso apoio é sempre fundamental porque sem vocês, o público, as bandas não podiam existir. Muito obrigado por tudo, um abraço e até breve!

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