Reviews VN2000: SUPERHORROR; RADDAR; V/A; INCITER; AEVERIS

 


Devilish Whisper (SUPERHORROR)

(2023, Independente)

As distorcidas mentes dos italianos Superhorror estão de regresso com um novo disco intitulado Devilish Whisper. A banda mistura histórias de terror com o punk rock e o glam e esta nova proposta surge bem apimentada de muita loucura e farra (ou a possível quando, efetivamente, já se está morto!) sempre com boas guitarras e uma sonoridade global muito suja. A estrear Vale como novo baixista, a banda considera este um álbum muito importante, uma vez que se aproxima o vigésimo aniversário da sua atividade post-mortem. E, atender por este Devilish Whisper, o processo de decomposição ainda não começou, por isso os italianos ainda estão em muito boa forma. O guitarrista Casey (The Brokendolls, ex-Thee S. T. P.), o vocalista Jack (Speed Stroke) e o ex-baixista da banda, Mr. 4, vieram do mundo dos vivos e juntaram-se à festa como convidados. [74%]



 

Signal (RADDAR)

(2021, Independente)

A história dos Raddar é conhecida com a banda a salientar ter sido a primeira a praticar hard rock e a sair do Texas. Os Raddar gravaram algumas coisas que apenas veriam a luz do dia em 2019 através do álbum Transmission e noutra história rocambolesca por trás. O projeto resulta de mais de 40 anos de parceria entre Razar King e Randee Lee e continua ativo, primeiro com o lançamento de Signal (sucedendo, em 2021, a Transmission) e, mais recentemente, já este ano, com o lançamento de Beacon (que analisaremos em breve). Quanto a este Signal, o duo surge acompanhado pelo baterista Michele Sanna e, pontualmente, pelos teclados adicionais de Michael Teems. Musicalmente, Signal segue a tendência do álbum anterior, Transmission. Desconhecemos se estes temas também vêm ou não dos anos 70, embora toda a vibe seja dessa altura. Hard rock melódico que segue algumas das regras definidas pelos Deep Purple, sendo que o órgão analógico joga um papel fundamental nessa abordagem. Mas, sendo texanos nem podia ser de outra forma: a atitude do rock sulista de uns Lynyrd Skynyrd ou Outlaws está também muito presente. Messiah’s Comin’, Signal e Tokyo Monsters são as nossas faixas favoritas num disco que cria bastante prazer na sua audição. [83%]



 

Twenty (V/A)

(2023, Ethereal Sound Works)

Quem quiser entender em toda a sua plenitude o movimento rock e metal (e não só!) nacional dos últimos 20 anos, tem obrigatoriamente que conhecer o catálogo da Ethereal Sound Works (ESW). A completar os primeiros vinte anos de existência, a celebração é feita com o lançamento de uma compilação naturalmente intitulada Twenty. Esta inclui temas das bandas que a editora assinou e lançou entre os anos 2020 e 2022. Para os anos anteriores, aconselhamos descobrir as outras compilações, nomeadamente Seven, Thirteen (as edições normais ou as especiais) e Seventeen. A ESW é uma das editoras mais ecléticas e com uma maior sensibilidade para a qualidade em Portugal. E isso fica provado em Twenty, seja em português (Usoutros, M. C. U., Dogma e Malignea), em inglês (a maioria) ou mesmo instrumental (Soundscapism Inc.). Desde o rock contemplativo deste último nome ao black metal sinfónico (My Enchantment) ou cru (Mallus Spiritus), passando pelos mais diferenciados registos sonoros (que incluem Left Sun, Oz, Rainy Days Factory, Living Tales ou Hourswill), Twenty é uma montra da enorme qualidade que os lançamentos da editora tiveram nestes últimos dois anos. Destaque para Cirenaica, tema dos Malignea, agora já lançado no álbum homónimo da banda, mas na altura da elaboração desta compilação, ainda em forma de advanced track. E, também para o tema de 2020 dos Oddfella, Contact, primeiro single da banda lisboeta desde o EP homónimo de 2017. E, para terminar como começámos, esta compilação é a verdadeira porta de entrada para descobrir uma das mais ativas e criteriosas editoras nacionais da atualidade e conhecer alguns dos mais importantes lançamentos do movimento rock e metal nacional dos últimos 2 anos. [94%]



 

Dark Daggers Of Divine Decease (INCITER)

(2023, Selvajaria Records)

O trio mineiro Inciter, formado por Insulter (baixo, vocais), Carnage (bateria) e Transgressor (guitarras, backing vocals), traz de volta o bom e perigoso thrash/black metal que levou ao topo bandas compatriotas como Sepultura (principalmente, na fase do seu álbum Morbid Visions) e Sarcófago. Dark Daggers Of Divine Decease foi lançado no Brasil pela Headbangers’s Behaviour e, mais tarde, em Portugal pela Selvajaria Records, e é o segundo longa duração da banda, ao qual devem ser adicionados mais dois EPs e um split. Apresenta nove temas obscuros e agressivos, com uma sonoridade muito orgânica e old-school, melodias infernais e riffs sufocantes. Isto num registo sólido, coeso, sem quebras e muito equilibrado. [74%]



 

White Elephant (AEVERIS)

(2022, Independente)

Da Bélgica chega-nos este jovem coletivo, Aeveris, nascido em 2021 e que, após o lançamento de alguns singles em formato digital, assina White Elephante, o álbum de estreia. Os elementos fazem ou fizeram parte de constelações, mais ou menos conhecidas e relevantes, como Fields Of Troy, Thorium, Lethal Injury, Horizons ou Always Fallen e juntos prometem abalar os alicerces do metalcore belga e europeu. Seguem tendências de bandas icónicas do género como Lamb Of God, Killswitch Engaged ou Slipknot, mas têm o bom hábito de injetar algumas harmonias provenientes do death metal melódico, como At The Gates. Isso é percetível em faixas como Four, Voiceless Are The People (onde a inclusão de coros épicos transforma esta música no momento mais marcante de White Elephante) e Pointless Agenda. Os elementos acústicos introduzidos em Made Of Guilt, adicionados aos pormenores anteriormente referidos, mostram que os Aeveris não procuram apenas a pura devastação – também tentam que as suas composições sejam tecnicamente evoluídas e melodicamente catchy. O que é parcialmente conseguido. [73%]

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