Reviews VN2000: THE ABSOLUTE END; MORTICIAN; VOÏVOD; THE CROSS; BLACK RABBIT

 


Horizons (THE ABSOLUTE END)

(2023, Independente)

São quatro temas divididos por 13 minutos. E é o quarto trabalho do projeto The Absolute End. Este é o projeto a solo do açoriano Nuno Pires que este ano já tinha assinado outro EP, Therapy. Antes já tinha lançado os singles Searching The Void e Visions (2021), No Empathy e Who (2022) e os álbuns Self Report e Vortex Of Sounds (2022). Muita produção em tão pouco tempo, associado ao facto que ser apenas um elemento, normalmente não dá bons resultados. O que se confirma. Os quatro temas de Horizons mostram, efetivamente, horizontes que ainda precisam ser muito expandidos. É um EP instrumental que, à semelhança dos trabalhos anteriores, volta a assentar em influências ambientais com a manipulação dos sons groovy da guitarra a gerar momentos algures entre o djent e o post metal. Uma experiência imersiva, mas inócua. Vale o esforço. [70%]



 

40 Years Of Metal (MORTICIAN)

(2023, Pure Steel Records)

2023 é um ano muito especial para os Mortician. Porquê? Porque celebram 40 anos desde que a sua primeira formação (da qual restam apenas dois membros) entrou pela primeira vez numa sala de ensaios e começou a fazer Heavy Metal. Desde 1983, muito se passou na vida da banda austríaca, entre elas um hiato de quase 20 anos e 3 álbuns lançados já depois da viragem do século, naquela que é a sua segunda vida. 40 Years Of Metal, que, à primeira vista, até podia ser facilmente considerado um best-of, é o quarto álbum de estúdio do coletivo que promete tocar Heavy Metal simples, cru e honesto, tanto ao vivo como em estúdio. Foi com isso em mente que os Mortician viajaram até à Polónia para gravar a comemoração dos seus 40 anos de existência. E de facto é isso que apresentam: um álbum de celebração. Infelizmente, os riffs e melodias apresentados em 40 Years Of Metal parecem ter sido escritos numa fase onde a criatividade já tinha abandonado a festa, algo que pôs em causa a qualidade do produto final. A exceção a este destino é o riff de Death Penalty, tema que fecha um álbum pouco inspirado, mas genuíno. [72%]



 

Morgöth Tales (VOÏVOD)

(2023, Century Media)

2023 é o ano em que esse seminal nome do thrash metal técnico e do metal inovador Voïvod celebra os seus quarenta anos de existência. E a forma que o coletivo canadiano encontrou para celebrar foi lançar esta compilação que cobre a totalidade da sua carreira. Morgöth Tales traz dez temas incluindo um inédito, precisamente o que dá título e encerra ao álbum. Uma faixa onde se pode perceber que toda a genica e criatividade da banda continuam intocáveis. Aqui temos algumas pérolas do seu passado mais passado ou do seu passado mais recente, mas sempre com algum sentido de surpresa. Porque alguns dos temas não serão assim tão óbvios, como por exemplo Condemned To The Gallows que havia aparecido na compilação Metal Massacre V, de 1984. De resto, os Voïvod passam em revista os álbuns Rrröööaaarrr, Killing Technology, Dimension Hatröss, Nothingface, Angel Rat, The Outer Limits, Phobos e Voïvod, com o tema, Rebel Robot onde participa Jason Newsted, naquele que foi um dos trabalhos que contou com a colaboração do ex-baixista dos Flotsam & Jetsam e dos Metallica. Fica a informação que todos os temas foram regravados propositadamente para este lançamento. Um lançamento que se torna uma peça histórica relevante do trajeto de uma das mais espetaculares bandas de sempre. [95%]



 

Resquiescit In Pace Frater Noster (THE CROSS)

(2023, Pitch Black Records)

Ora imaginem lá quando um grupo de doom metal, com as suas tradicionais passagens harmónicas no seu registo lento, angustiante e grave, decide prestar uma sentida homenagem a um irmão falecido. É o que acontece em Resquiescit In Pace Frater Noster, EP de três temas que os brasileiros The Cross lançam, como tributo ao seu baterista Louis, falecido em 2022, pouco tempo depois do lançamento de Act II: Walls Of The Forgotten. Este EP é uma poderosa e emocional demonstração de como resulta o doom metal quando aplicado a situações reais de sofrimento. Um tema longo, sofrido, com um violino que tanto tem de belo como de lamentação; um curto interlúdio com coros religiosos e spoken word e uma peça emblemática construída em guitarra clássica compõem este EP. Para este trabalho, a banda brasileira traz alguns convidados que se associam ao luto e ajudam a engrandecer uma obra onde mais importante que as composições é o sentido de homenagem. [79%]



 

Hypnosomnia (BLACK RABBIT)

(2023, Independente)

Os neerlandeses Black Rabbit estão prestes a celebrar o seu décimo aniversário e o conceptual Hypnosomnia é o seu primeiro álbum. Foi um longo trabalho de composição e produção que durou cerca de 9 anos que se resumem em 12 faixas, onde se inclui a intro que, curiosamente, serve para dar título ao álbum. Neste álbum, dos vocais vem a influência death metal e dos riffs vêm a componente do thrash metal, que se conjugam bem. Por vezes ainda há vontade de incluir riffs mais orientados para o groove metal. No global de um disco que segue as pisadas de nomes como Obituary e Pestilence, destacam-se alguns momentos como o riff central thrashy e o solo de Culmination Of Hate, a inesperada orientação musical trazida por Delta Waves e abordagem mais melódica de Descending. Uma produção poderosa e um artwork muito bom completam uma obra que poderá ter dificuldade em se destacar, pela falta de elementos que a individualizem. [70%]

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