Entrevista: Spirit Adrift

 


Spirit Adrift tem essa particularidade de ser um projeto a solo de Nate Garrett que vai evoluindo em número de elementos, de acordo com os interesses do seu líder. A solo, em duo, em quarteto e, agora para Ghost At The Gallows, em formato power trio. Acabado de chegar de algumas atuações intensas com os Pallbearer e Rwake, fomos falar com o multi-instrumentista americano sobre este álbum, por muitos considerado como melhor do projeto.

 

Olá, Nate, obrigado por esta oportunidade. Como estás?

Muito bem. Acabei de fazer alguns espetáculos incríveis com duas das minhas bandas favoritas, Pallbearer e Rwake. Todos nós crescemos juntos na cena metal do Arkansas, portanto foi como uma grande reunião de família. Alguns dos meus momentos favoritos a tocar música. O novo disco foi bem recebido pelos fãs. Estamos prestes a tocar no festival Metal Injection na Califórnia com os Testament, portanto, tudo bem. Eles são outra das minhas bandas favoritas.

 

Ghost At The Gallows acaba de ser lançado. Como têm sido as reações até agora?

As pessoas parecem adorar. Muitas pessoas dizem que é o nosso melhor disco e eu tenho de concordar com isso. Se colocasses uma arma na minha cabeça e me obrigasses a ouvir um álbum dos Spirit Adrift todos os dias durante um mês, eu escolheria Ghost At The Gallows.

 

Spirit Adrift passou de uma banda de um homem só, para quatro membros, para um duo e agora são um power trio. Por que continuas a mudar a formação?

Spirit Adrift é, basicamente, um projeto a solo. Nunca o chamei assim no início porque a frase “projeto a solo” fez-me estremecer. Quem diabos sou eu para ter um PROJETO A SOLO? Os meus pensamentos foram, quem se importa? No início, eu mantive-me anónimo. Foi sempre apenas música. Por isso, sim, eu escrevo músicas e quem quiser acompanhar é bem-vindo. Seja a gravar, seja em tournée. Atualmente, esta é de longe a melhor formação que a banda já teve. Sem desrespeito pelos membros anteriores, adoro amo todos que estiveram na banda. Mas esta é a melhor formação. Esta malta toca música como os nossos heróis do old-school estadium metal.

 

Despediste-te de Marcus Bryant e deste as boas-vindas a Mike Arellano e Tom Draper. Como foi o processo de os receber na banda?

Tem sido incrível. Eu estava a tocar com Mike numa banda de crossover thrash quando me mudei para o Texas. Às vezes começava a tocar músicas aleatórias de metal da velha guarda, Sabbath da era Dio, Metallica antigo, Slayer, Judas Priest. Ele conhecia todas as músicas, tocava-as perfeitamente. Portanto, ele foi a escolha óbvia. Já sou fã de Tom Draper há algum tempo. Spirit Adrift e Carcass fizeram alguns espetáculos juntos e descobri que ele é fã de Spirit Adrift. Através do destino e das circunstâncias ele acabou por se juntar à banda. Acho que Mike é um dos melhores bateristas do mundo e acho que Tom é um dos melhores guitarristas do mundo. Eu diria isso mesmo que eles não estivessem na minha banda.

 

Também tens um convidado muito especial em These Two Hands. Podes apresentá-lo? O que procuraste atingir quando o convidaste?

Na verdade, nunca o conheci. Originalmente, Brian dos The Sword entraria e tocaria alguns teclados. Mas por alguma razão, em algum momento decidimos que Ghost At The Gallows não seria um álbum com teclados. Todos os outros lançamentos dos Spirit Adrift possuem teclados, embora possam ser subtis. Mas mantivemos tudo natural e trouxemos um violoncelista de verdade. Ele gravou as suas partes, enviou-as e ficou perfeito. Apenas mais uma camada de tragédia e belas qualidades harmónicas.

 

Como foi o processo de composição para este álbum? Mudaste alguma coisa em relação aos trabalhos anteriores?

É sempre igual, mas ligeiramente diferente. Durante o processo de composição trabalho muito duro nas músicas. Não quero que haja um segundo da minha música que não seja bom. Nem um maldito segundo. Para este álbum, tive muito mais tempo com cada parte do processo. Mais tempo para escrever, mais tempo para acompanhar a música, mais tempo para gravar vocais, mais tempo para misturar.

 

Os novos membros tiveram a oportunidade de participar do processo de composição deste álbum?

Nem por isso. Mike criou muitas partes fixes de bateria nas quais eu nunca teria pensado e Tom contribuiu com a guitarra solo. Mas no que diz respeito à composição das músicas, fiz sempre isso sozinho. O nosso antigo guitarrista Jeff contribuiu com alguns riffs, mas fora isso eu escrevi todas as músicas e letras. Para o próximo álbum, Tom tem-me enviado muitas ideias de riffs, portanto será um processo mais colaborativo.

 

Até agora, todos os vossos álbuns possuem um tema recorrente. Que é o deste?

A morte.

 

E quanto aos teus vocais? Adotaste alguma técnica nova para este álbum?

Tive muito mais tempo para deixar os meus vocais exatamente como sempre quis. Nas gravações anteriores nunca tivemos tempo suficiente para eu acertar tudo. Desta vez, se eu não estivesse satisfeito com uma linha vocal, mesmo que fosse apenas uma palavra, voltava ao estúdio e acertava. Eu trabalho todos os dias para melhorar os meus vocais. Diariamente. Eles foram sempre o elo mais fraco dos Spirit Adrift, mas agora posso quase dizer que estou orgulhoso dos vocais. Em muitas bandas de metal old school, a música é muito boa, mas os vocais são um pouco idiotas. Eu quero evitar isso.

 

De que forma gravaram este disco? Ao vivo em estúdio?

Mike e eu tocamos as músicas juntos para captar as faixas de bateria. Depois trouxemos as faixas de bateria de volta para o Texas e gravei todo o resto aqui. Tom veio dois dias antes da nossa tournée com os Corrosion of Conformity e tocou os seus solos.

 

Quais são os vossos planos de tournée para esse álbum? Portugal estará incluído?

Veremos. Como toda a gente sabe, fazer tournées agora está uma merda. Temos muitos amigos e fãs em Portugal e adoraríamos tocar no teu belo país. Mas muito disso está fora do nosso controle, com a economia, a guerra e bandas de merda a ter um domínio sobre as tournées. Mas esperamos ver-te em breve.

 

E agora? O que vem a seguir para os Spirit Adrift?

Eu gostaria de te poder contar. Nunca fui muito bom em ver o que estava por vir. Vou continuar a escrever músicas.

 

Obrigado, Nate. Queres enviar alguma mensagem aos teus fãs portugueses?

Obrigado a todos os nossos fãs em Portugal. Esperamos ver-vos em breve!


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