Reviews Via Nocturna 2000: L. A. PROJECT; ECLIPSE; GODIVA; BIO-CANCER; MADRE

 


Electric Life (L. A. PROJECT)

(2023, Independente)

Depois do EP de 5 temas 5 Dimensions, lançado em 2022, outro EP com o mesmo número de temas para os Lisboetas L. A. Project. Chama-se Electric Life e traz uma sonoridade pouco habitual nos coletivos nacionais. Heavy metal de cariz melódico com toques de glam. Aliás, o uso de L. A. no nome e o facto de terem um guitarrista/vocalista com o nome Lukky Sparxx deixa isso logo bem claro. No entanto, sendo certo que cinco temas é uma amostra evidentemente escassa, nota-se que Electric Life não traz apenas essa componente de diversão, decadência e festa. Também aposta em composições maduras e com riffs fortes, muitas vezes a lembrar os Scar For Life. E, também aqui, com a participação de nomes internacionais como o referido vocalista, membro dos chilenos Exxocet, o baixista Rich Gray (Annihilator) e o baterista italiano Fabio Alessandrinni (Bonfire, Annihilator) em Carry On. O aglutinador de todo este projeto é o guitarrista Luís Amaro. Electric Life é um EP de fácil audição e de boas linhas melódicas, mas acaba demasiadamente rápido, pelo que após dois EPs, seria interessante este projeto começar a pensar num longa-duração. [83%]



 

Megalomanium (ECLIPSE)

(2023, Frontiers Music)

São poucas as bandas que se podem congratular de terem trazido o movimento de Hard Rock melódico dos anos 80 para a atualidade. Os Eclipse são um desses talentosos coletivos que se transformaram num farol para pequenos artistas que sonham com grandes palcos. E, com o seu nono álbum, os suecos continuam a mostrar porque é que são tão cotados pelo público. Ao longo de cerca de meia hora, Megalomanium apresenta Hard Rock melódico ao seu melhor nível, com temas curtos, diretos e melódicos, onde entre eles se encontram algumas das melhores malhas já escritas pela banda (The Hardest Part Is Losing You e Anthem são, certamente, os melhores exemplos). E se, em teoria, meia hora pode parecer curta, na prática, Megalomanium revela-se até longo demais, não pela falta de qualidade dos temas, mas pela ausência de variedade intermusical. Resumindo, são 30 minutos de boas composições de Hard Rock melódico, com melodia e riffs bastante interessantes, mas que peca pela inexistência de diversidade. [83%]



 

Hubris (GODIVA)

(2023, Independente)

Formados em 1999, os Godiva são um dos mais antigos nomes do melodic death metal luso. Por razões que só a razão deve conhecer, o seu primeiro longa-duração só surge este ano. Hubris surge após duas demos, um EP e um single de 2018, com o tema Empty Coil que também é incluído neste trabalho. E Hubris vem muito bem vestido de doses de death metal (frequentemente melódico) e alguns picos de black metal, tudo bem cozinhado em orquestrações e atmosferas sombrias. Uma sonoridade que nos remeterá para uns Cradle Of Filth ou Dimmu Borgir. E tudo fundido de tal forma que a melhor forma de olhar para Hubris é enquanto um todo único e indissociável, embora, aparentemente, não seja um álbum conceptual. Uma peça coesa e sólida onde, ainda assim, se destaca o rico tricotado que as guitarras conseguem criar. Dentro deste equilíbrio, dois temas se destacam – Godspell, a lembrar Moonspell, e Media God, ambas com um espetacular trabalho de piano. Apesar de tudo, como se percebe pelo anteriormente escrito, será difícil dissociarmos estes temas e este álbum de outros nomes. [81%]



 

Revengeance (BIO-CANCER)

(2023, Hammerheart Records)

A escola grega do thrash metal têm-nos dado bons exemplos e os Bio-Cancer são mais um nome a juntar ao rol. Oito anos depois de Tormenting The Innocent, regressam com Revengeance, numa nova editora e com uma sonoridade remodelada. E quando falamos de remodelada, falamos de mais peso e mais agressividade num thrash metal bastante mais extremo que agora se aproxima do death metal. Ainda assim, muita da matriz old school do género (como os riffs e harmonias com melodia) permanecem intactos. O que se acentua é a violência vocal, um aspeto que até se revela prejudicial para o álbum. Isto porque o registo demoníaco e berrado do vocalista é basicamente sempre o mesmo, independentemente do sentido que as composições sigam. As dinâmicas da bateria também são acentuadas, incrementando poder, blast beats e bastante maior dose de devastação. Neste aspeto, o registo vocal acompanha bem esse aumento de intensidade. Por tudo isso, Revengeance vive num limbo entre momentos muito interessantes (particularmente quando Lefteris se afasta) e outros absolutamente dispensáveis. [80%]



 

Embryo (MADRE)

(2023, Necrocosm)

Laurent Clément também é conhecido como Sin e fez parte dos black metallers franceses Christicide. Luciano Lamanna é italiano e faz ou fez parte de uma diversidade de bandas, todas do movimento underground, onde eventualmente os death/doomsters Abolition Ritual sejam os mais conhecidos. Gregorio Luciani, também italiano, é membro dos crust/black metallers Derelict. Juntos formaram os Madre, coletivo que mostra o seu industrial black metal no álbum de estreia Embryo. A componente industrial é fornecida por uma bateria maquinal e sons computorizados. A vertente black metal revela-nos uma produção primitiva carregada de horrores e fatalidade. É meia hora de metal extremo dissonante, afastado de qualquer tentativa ou propósito de criar estruturas definidas ou linhas melódicas. E mesmo quando esta densidade sonora se abre um pouco, como acontece em Cage Of Ribs, mantém-se a pressionante sensação de sufoco. Para o final, ficam guardados os melhores momentos: o melhor riif do álbum está presente em Castrated e (Sweet) Red Chalice traz uma oração em italiano. O final perfeito para um álbum verdadeiramente demoníaco. [70%]

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