Entrevista: Apocalypse Conspiracy


 

Apocalypse Conspiracy é o nome de uma jovem banda nacional, formada por gente com experiência no meio. O primeiro trabalho, homónimo, já roda por aí e só vem confirmar o poderio da cena nacional da atualidade. O final de outubro e novembro serão as alturas propicias para testarem o poder dos algarvios ao vivo, mas ainda antes disso, a banda juntou-se para falar com Via Nocturna.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Apocalypse Conspiracy é um novo projeto recentemente criado. O que vos motivou a dar este passo?

Os Apocalypse Conspiracy apesar de iniciarem atividade como banda em 2021, é um projeto que já tem alguns anos e que foi ganhando forma pela mão do Pedro e do Miguel. Inicialmente como Divine Conspiracy, alguns dos temas e riffs que estão presentes nas composições atuais foram compostos durante estes anos.

 

Já tinham tido outras experiências musicais anteriormente?

Todos os elementos da banda contam com experiências noutros projetos. O Miguel foi guitarrista de Wicked Edge, o Ruben foi baixista em In The Umbra e Deathland, o Ângelo foi baterista dos Deep Odium e atualmente é baterista de Baltum e Cold and Deceased e o Pedro foi guitarrista de Wicked Edge, baixista de In Kold Blood e de Hematoma.

 

Que nomes ou movimentos mais vos influenciam ou influenciaram neste processo?

São vários os nomes que podemos referenciar como Metallica, Testament, Exodus… tudo nomes dentro do thrash metal; Lamb of God tem sido também uma banda que nos tem influenciado pelo groove que apresenta nos temas. No entanto e derivado dos diferentes backgrounds de todos os elementos os temas acabam por conter muitos elementos de diferentes vertentes. Podemos dizer que ao longo dos anos, existiram fases em que ouvíamos mais certos estilos e depois ouvíamos outros, e isso reflete-se na forma como os temas surgem.

 

E não perderam muito tempo, uma vez que o primeiro álbum já roda por aí. Como foi esse processo que esteve na origem destas criações?

Realmente foi tudo muito rápido, no entanto decorreu tudo naturalmente. Antes da banda iniciar atividade em 2021, muitas ideias estavam na gaveta prontas a ver a luz do dia, era uma questão de encontrar as pessoas certas. O Ruben e o Ângelo eram as peças que faltavam. A partir daí, a ideia de gravar logo 2 singles foi imediata o que aconteceu em inícios de 2022, tendo a primeiro atuação decorrido na Battle of the Bands em Portimão em março 2022. A partir daí, as composições foram surgindo rapidamente e alguns concertos foram feitos, e tudo isso deu origem ao primeiro álbum que foi gravado em novembro 2022.

 

E como decorreram os trabalhos no Leviathan Recording Studios?

Foi uma experiência brutal a todos os níveis. Crescemos imenso como banda e como músicos.

 

Trabalharam com Sebastien Mattias e com o Matt Alexander, certo? Que input tiveram eles neste produto?

Certo. O Matt Alexander trabalha em Boston, EUA e é amigo do Miguel há anos, como vinha cá de férias houve a possibilidade de conjugar as férias com a gravação do álbum nos Leviathan Studios do Sebastien, a quem temos de agradecer toda a disponibilidade e profissionalismo que demonstrou durante todo o processo. O Matt foi responsável pela produção, gravação, edição e masterização do álbum. A parceria Matt e Sebastien está presente no resultado final, do qual nós saímos muito satisfeitos. Ficou muito acima do que alguma vez tínhamos pensado.

 

A pandemia teve alguma coisa a ver com o vosso nascimento enquanto banda? Pergunto isso, porque temos temas com títulos que nos remetem para essa situação…

O Pedro e o Miguel tocaram juntos durante anos em bandas de covers, no entanto e como já foi mencionado atrás, os originais sempre estiveram presentes e muitos dos temas e riffs que fazem parte dos Apocalypse Conspiracy hoje, nasceram durante estes anos. A pandemia fez parar o mundo e como tal o trabalho das bandas de covers ficou igualmente suspenso. Daí ao nascimento dos Apocalypse foi uma questão de esperar que a pandemia reabrisse o mundo. Em dezembro 2021 nascem os Apocalypse Conspiracy. Quanto aos nomes dos temas, como por exemplo a Virus, nada tem a ver com o vírus biológico, digamos. Esse tema em particular descreve de certa forma a maneira de como as pessoas são facilmente manipuladas hoje em dia pelos diferentes meios de comunicação, quase como que um vírus que infeta o pensamento e a vontade própria. O tema é como que um alerta para que as pessoas se revoltem e façam com que o sistema as oiça. A guerra (principalmente a II Guerra Mundial) está igualmente muito presente em grande parte dos temas (Radioactive Chaos, Anonymous, Lies, Deathwatch, No One Wins), mas a forma como é abordada essa temática foca sempre a responsabilidade política e a forma como pessoas comuns deixam tudo em nome de uma causa muitas vezes vaga e sem propósito, e como os povos sofrem não compreendendo as razões para tanta destruição, ódio e morte.

 

Muitos dos temas começam com samples de filmes ou coisas do género. Qual é a intenção? Há algum conceito que os conecte?

Verdade, todas elas foram criadas através da audio samples soltos e compostos de forma a representar o assunto das letras. A Resist apela às pessoas que acordem e deixem de ser envenenadas pela classe política, daí aquele discurso inicial ao estilo militar seguido de uma composição instrumental original. O tema Virus inicia com um alerta não para um vírus biológico, mas para um vírus mental a que estamos sujeitos dia após dia. Um apelo para acordarmos. As introduções da Reaper e Lies iniciam os temas e representam as temáticas presentes nas letras. No caso da Reaper a figura da morte que está sempre à espreita e no caso da Lies a falha total da democracia e dos sistemas que nos governam. A Radioactive Chaos é apenas um sample que representa uma explosão, o tema aborda a temática da bomba nuclear. Ao vivo também usamos as intros como parte do selist.

 

Agora que o primeiro álbum está cá fora, sentem que todos os vossos objetivos foram atingidos?

Este foi sem dúvida um grande objetivo que tínhamos logo no inicio da banda, que foi cumprido. Este capítulo encerrou e já traçamos muitos mais, mas cada um a seu tempo.

 

E quais são os próximos passos para os Apocalypse Conspiracy?

Os próximos passos dos Apocalypse Conspiracy passam, sem dúvida, por tocar ao vivo. Uma banda precisa de palco para se sentir viva, estar em palco e sentir o publico é o nosso objetivo número 1, sempre.

 

E como estamos em termos de palco? O que têm planeado para os próximos tempos?

Felizmente muitas coisas surgiram durante o ano de estreia em 2022, e continuam a surgir. Agora com o álbum cá fora, temos algo que pode ser ouvido por todos, torna tudo mais fácil para conseguirmos chegar ao público através das ferramentas online disponíveis e através de quem comprar o álbum. Iremos agora dia 28 outubro a Famalicão à Casa do Artista Amador com os Rising Curse, dia 04 novembro estaremos em Portimão no Clube da Pedra Mourinha com dois tributos, os FEAR (tributo a Metallica) e os Beyond Strenght (tributo a Pantera), num evento organizado pela Associação Marginalia e dia 12 novembro estaremos no Bafo de Baco, na despedida dos palcos dos thrashers alemães Contradiction. Para 2024 temos 2 datas agendadas a 06 janeiro e 05 abril que serão divulgadas em breve. Os eventos de dia 28 outubro e 12 de novembro são promovidos pela Vector Sound Productions, que é igualmente responsável pelo Al-Metal Fest que se realiza em Faro e que nos tem apoiado imenso tanto no agendamento como na promoção.

 

Obrigado pela oportunidade! Querem acrescentar mais alguma coisa?

As bandas e promotores nacionais estão a desenvolver um trabalho excelente. As bandas estão com grande qualidade nos mais variados estilos o que está a tornar a cena nacional muito dinâmica, e os promotores estão cada vez mais empenhados na qualidade dos cartazes que apresentam tanto em festivais como em locais mais pequenos, e muitas vezes com poucas armas, mas mesmo assim as coisas estão a acontecer. Mas tudo isto só faz sentido se o público marcar presença, e neste momento penso que não existem motivos para dizer não a um evento com bandas nacionais, tal a qualidade que está a ser apresentada, não só em termos musicais, mas também em termos de espetáculo. Fazemos um apelo para que o pessoal marque presença nos eventos, e se não for possível, apoiem de outras formas, como partilhar os eventos, os vídeos, os temas nas redes sociais. É um pequeno gesto paquera irá ajudar bastante, porque hoje em dia é uma das ferramentas mais poderosas para que uma banda possa chegar a todo o lado. Nós, Apocalypse Conspiracy, fazemos parte da cena nacional e se a cena nacional estiver bem estaremos todos bem. Obrigado pela disponibilidade e muito obrigado pelo trabalho que têm feito em nome do Metal nacional. Saudações Metálicas.

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