Entrevista: Corrosão Social

 


Não tem sido fácil a vida dos Corrosão Social. A banda já tinha estes temas mais ou menos prontos em 2004/05, mas só agora é lançado o seu primeiro álbum.  Um álbum que se define por uma coleção de curtas descargas punk rock, cheias de adrenalina e carregadas de contestação política e social e por adicionar o exotismo dos sopros.  Fomos conhecer esta enérgica banda alentejana e tentar perceber o porque deste hiato.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Os Corrosão Social não são propriamente uns novatos, mas porque só agora este álbum?

Boas malta, daqui Corrosão Social e estamos aqui para vos falar um pouco de nós. Resumindo esta questão basicamente não houve oportunidade, condições e disponibilidade para o fazer nessa altura. No entanto, passado este tempo todo, concordamos que o álbum deveria ver a luz do dia. Infelizmente tudo aquilo que escrevemos nesta altura de uma forma meio adolescente, hoje em dia já adultos, continuamos a sentir que pouco ou nada mudou. O que acabou por dar mais sentido e força à gravação.

 

Estes temas foram compostos em 2004/2005, nos primeiros momentos de existência da banda. As versões que agora apresentam são essas versões originais ou sofreram algum update?

As músicas mantiveram a estrutura original bem como as letras. Apenas foram acrescentados os sopros e faixas de percussão com blocos latinos às músicas Ska, que não faziam parte na altura da composição. Houve alguns arranjos nos solos que surgiram no processo de gravação, mas mantendo sempre a estrutura original dos mesmos.

 

Olhando para trás, sentem que estes temas ainda vos definem musicalmente enquanto banda?

Bastante, são estilos que gostamos e continuamos a consumir até aos dias de hoje. Com a entrada dos novos membros na banda, o Duzão no baixo e o Brotas na voz, veio uma abordagem “pessoal” que se adequa na perfeição. A prova disso foram os concertos que temos dado de apresentação do álbum com esta nova formação.

 

Falo musicalmente, porque liricamente nada mudou e a vossa contestação continua perfeitamente atual. Que temas mais vos preocupam atualmente que estejam a ser tratados nas letras mais recentes?

Os temas são os mesmos, infelizmente nada mudou desde então como já referimos anteriormente. Achamos até que para pior, o que veio dar mais sentido a estes gritos de revolta. Os temas continuam a ser sobre os problemas  sociopolíticos, religiosos e da tirania que vivemos neste mundo.

 

E no período que medeia entre 2005 e a atualidade como têm os Corrosão Social ocupado o seu tempo?

Na altura a banda acabou por se desintegrar e dar origem a outras bandas dentro do estilo. Mantivemos algumas músicas de CS durante essas formações, mas acabamos por explorar outras vertentes dentro do Punk/HC. Infelizmente estas bandas não tiveram o resultado que se pretendia, por isso acabaram por morrer. Como a veia Punk se mantinha acesa, em 2015 fizemos uma primeira tentativa de gravar o álbum. Mas só no final de 2020 é que começamos o trabalho que resultou nas gravações do álbum.

 

Passado que foi tanto tempo, suponho que tenham outras composições prontas a por cá fora. Está previsto mais algum lançamento vosso para os próximos tempos?

Sim, temos alguns temas a serem trabalhados, um deles já foi tocado ao vivo com a nova formação nos concertos de apresentação do nosso álbum. Por isso nos próximos tempos é possível que seja gravado um EP de Corrosão Social. Se tudo correr bem até ao final deste ano temos novidades para apresentar.

 

Já que falamos disso, como funciona o processo de composição nos Corrosão Social?

As ideias sempre partiram de todos, mesmo quando algum elemento trazia o tema para cima da mesa. Com todas as ideias reunidas e a letra minimamente escrita, o arranjo musical vem por cima disso.  É algo que continuamos a fazer atualmente com a nova formação, todas as ideias são bem-vindas desde que seja confortável para todos. Afinal o que se faz dentro deste estilo é isso mesmo, é o “faça você mesmo”, sem barreiras ou filtros.

 

Um dos aspetos mais curiosos e diferenciadores da vossa música é a inclusão de sopros. Quando sentiram que esse seria um aspeto relevante a incluir?

Durante a gravação do álbum pensámos que poderia dar mais “cor” e mais alegria às músicas ska. Como era comum ouvir isso nos álbuns das bandas que nos influenciam dentro do ska, decidimos fazer essa experiência. O que nos surpreendeu pela positiva. Resultou e encaixou ali perfeitamente, nisso podemos todos concordar de certeza. A resposta ao álbum e as apresentações ao vivo comprovaram isso.

 

Para isso contam com alguns convidados, não é verdade? Querem apresentá-los?

Sim, os músicos que gravaram os sopros foram amigos nossos que foram especialmente convidados. São jovens músicos bastante talentosos que conhecemos a tocar nas ruas da nossa cidade. São eles o Jaime Almeida no clarinete e o José Fernandes e João Costa no saxofone. Não estavam muito acostumados a este tipo de som, mas com as suas capacidades rapidamente se deram conta do assunto. A prova está na perfeita execução das suas gravações e a sua naturalidade, o qual agradecemos profundamente. 

 

E como estamos em termos de palco? O que têm planeado para os próximos tempos?

Este ano já tivemos alguns espetáculos, dois deles de apresentação do álbum em Évora e em Lisboa. Entretanto tivemos uns imprevistos e por motivos pessoais não podemos estar presentes em alguns que fomos convidados nos últimos meses. Mas agora que está tudo a regressar à normalidade, já temos data marcada para o próximo concerto. Será anunciado em breve.

 

Obrigado, pela oportunidade! Querem acrescentar mais alguma coisa?

Queremos agradecer a ti Pedro e à Via Nocturna 2000 esta oportunidade de nos dar a conhecer ao público desta forma. Um agradecimento especial aos antigos membros da banda, ao grande Joaquim Espadaneira que fez a capa e o conceito do álbum, ao Peter Junker da Firecum pelo apoio no lançamento e divulgação, e a todos aqueles que nos têm apoiado nesta nova etapa da banda e que contribuíram para estarmos de volta.

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