Entrevista: Els Focs Negres

 

Cantar em catalão não lembraria a ninguém a não ser aos mais acérrimos independentistas daquela região espanhola. Mas, no Algarve há quem goste de inovar e explorar caminhos inexplorados. Por isso, os Els Focs Negres, coletivo composto por gente com créditos firmados no panorama metaleiro nacional, optaram por seguir a via menos óbvia – precisamente: cantar em catalão. Martiris Carnívors: Himnes per a un nou Apocalipsi é o segundo registo do coletivo, para já apenas disponível em vinil. Um disco que, mesmo sendo lançado este ano, promete tornar-se um clássico. O trio formado por Monsenyor BTHZR (vocais), Hugo Serp de Cascavell C. (guitarras) e Marco Arpes Infernals Marouco (guitarras), concederam-nos uma das mais hilariantes entrevistas da nossa história.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Três anos depois da estreia homónima, o que nos trazem de novo os Els Focs Negres no seu novo álbum, Martiris Carnívors: Himnes per a un nou Apocalipsi?

HUGO SERP DE CASCAVELL C. (HSCC): Este álbum não traz nada de novo, não gostamos de coisas novas, veneramos o antigo, o genuíno o puro e o bizarro e este álbum é isso tudo!!!

NONSENYOR BTHZR (BTHZR): Tudo mal, sempre. Trazemos um disco ainda melhor do que o primeiro. E tu, o que achas do disco? Já ouviste?

MARCO ARPES INFERNALS MAROUCO (MAIM): Destruição mundial of death a conquista das baratas.

 

Podemos ir um pouco atrás, uma vez que é a primeira vez que estamos a conversar? Sendo membros de outras bandas, o que vos motivou a juntarem-se neste projeto?

BTHZR: As bandas são como as gajas: uma nunca é suficiente, e dá sempre problemas.

MAIM: Eu fiz-me de convidado curti o som e eles precisavam de um guitarrista na mesma onda radiofónica e como gosto de café aos domingos de manhã juntou-se o útil ao desagradável.

HSCC: Foi um "chamamento" divino!

 

E de onde surge a ideia de cantar em catalão? 

MAIM: Porque podemos.

BTHZR: De onde surge a ideia de cagar sentado/sentada? Porque escreves sonetos em finlandês? Porque pôr batata no Bacalhau à Braz e não, por exemplo, tomate, quivi, grelos, brócolos, carne humana, carne de cão? São questões deveras importantes, não apenas na Catalunha, mas também em Foz do Arelho.

HSCC: Temos bandas em inglês e em português, esta estava destinada a ser diferente!

 

Têm feedback de como os catalães (naturalmente, os mais independentistas) receberam esta vossa ideia?

MAIM: De momento muito bem a Metal Hammer espanhola é de um catalão e ele até já anunciou o álbum no site por isso devem estar a gostar.

BTHZR: Feedback é quando encosto a guitarra ao amp e faz aquele piiiiiiiiiiiii delicioso que diferencia o Metal de qualquer outro estilo musical.

HSCC: Temos vendido alguns discos para Barcelona e parece que tem gostado... mas senão gostassem, para nós era igual.

 

E, já agora, como é que aparecem os vossos nomes artísticos? E qual o seu significado?

MAIM: Numa noite no purgatório perto de Paderne o espírito da Inês desceu e começou a tratar-nos por esses nomes… foi um batismo bem regado como qualquer missa.

BTHZR: Substância; Leite; Pão.

HSCC: Medronho!!!

 

Três anos depois da estreia, que aspetos acham que mudaram desse álbum para o atual? 

MAIM: Se este álbum tivesse sido editado nos anos 80, hoje em dia era considerado um clássico, é assim que vejo o álbum, ficou mais completo com as harmonias e melodias de guitarra, o Monsenhor fez um trabalho soberbo com as vozes.

HSCC: Acho que seguimos exatamente a mesma linha sonora e estética que a banda tinha no início, mas a diferença é que este disco foi composto totalmente de raiz na sala de ensaio.

 

Como funciona o processo de composição nos Els Focs Negres?

HSCC: Na sala de ensaios, a tocar a antiga, suor nas paredes e riffs nos dedos e as músicas surgem naturalmente.

 

O tema final tem um momento de silêncio ao qual se segue uma faixa escondida. Que tema é e porque surge assim?

HSCC: Porque gostamos de fazer coisas pouco convencionais... é um tema de Heavy Metal cantado em catalão, como os restantes...

 

Como decorreu o processo de gravação que vos permite ter esta sonoridade tão vintage e tradicionalista?

MAIM: Quando és vintage e tradicionalista só pode sair isto.

HSCC: Saiu naturalmente, com os nossos gostos e influencias, só podia sair algo assim.

 

Em termos físicos, este álbum é lançado apenas no formato vinil. Porquê essa opção? Há projetos para uma edição em CD? 

MAIM: Existe a possibilidade de sair em CD no mês de novembro, vamos ver. Não houve opção, tivemos ofertas de duas editoras para sacar o vinil em conjunto e outra oferta de outra editora para o CD, este atrasou por motivos do além.


Como vimos, todos vocês têm outras bandas/projetos. De que forma os EFN se enquadra nas vossas agendas?

MAIM: De momento não há problemas. On The Loose não toca, por isso da minha parte ao vivo é só Els Focs Negres.

HSCC: Nós adoramos os nossos ensaios no purgatório, por isso arranjamos sempre tempo para isto!

 

E termos de palco? Tem sido fácil fazer essa gestão de agendas? Já agora, o que têm planeado para os próximos tempos?

MAIM: De momento temos planeado tocar no All Metal Fest em Faro e vamos ficar à espera de convites que nos cativem, não vamos tocar muito por isso as missas têm que ser bem escolhidas.

 

Obrigado, pela oportunidade! Querem acrescentar mais alguma coisa?

HSCC: Qual é o teu Papa favorito? O nosso é o João Paulo II.

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