Entrevista: Comaniac


 

Depois de três álbuns de estúdio e diversas bem-sucedidas tours pela Europa, os Comaniac voltam aos discos com None For All. E esta é mais uma cabal demonstração das suas habilidades na criação de verdadeiros hinos de thrash metal contemporâneo com bases tradicionais. Como aliás já tinham deixado bem claro os cinco singles disponibilizados antes do lançamento do longa-duração. Com este álbum como tema de fundo, estivemos à conversa com o vocalista e guitarrista Jonas Schmid.

 

Olá, Jonas, parabéns pelo vosso excelente novo álbum. O que têm feito os Comaniac desde o lançamento do álbum anterior, Holodox, em 2020?

É claro que a pandemia teve um grande impacto sobre nós desde 2020. O nosso terceiro álbum de estúdio Holodox foi um tanto esquecido devido aos acontecimentos mundiais e não recebeu a atenção em todas as áreas que acho que merecia. Mesmo assim, tentamos tirar o melhor proveito da situação difícil e trabalhámos em novas músicas em vez de fazer espetáculos ao vivo. A pandemia teve, portanto, um grande impacto na música de None For All, tanto musicalmente, quanto liricamente. Em geral, porém, a música tem sido uma constante neste período, dando-nos coragem e força para atravessar tempos sombrios e incertos.

 

Holodox foi um ótimo álbum. Achas que seria uma tarefa difícil criar algo ainda maior? Olhando para None For All, achas que alcançaram esse objectivo ou nem pensas nisso?

O nosso objetivo foi sempre desenvolver musicalmente em cada álbum e acho que conseguimos fazer isso com None For All. Holodox certamente deixou um lugar importante para ocupar, mas acho que demos passos significativos em termos de composição e qualidade de gravação.

 

Dito isto, quais foram as vossas principais preocupações em relação a esta nova criação?

A maior incerteza foi o facto de termos gravado e misturado tudo nós próprios pela primeira vez e não sabermos se tínhamos o know-how ou não. Mas o som do álbum foi elogiado pela crítica. Encontramos um bom equilíbrio entre precisão e crueza.

 

Em relação ao processo criativo, seguiram o mesmo caminho de sempre ou desta vez tentaram novas abordagens?

Acho que as composições se tornaram mais refinadas a cada álbum. Os diferentes instrumentos interligam-se muito melhor. No passado, o riff estava no centro e todo o resto era como que remendado em torno dele. Hoje, a voz, a bateria e o baixo têm uma influência muito maior nas composições, o que confere às músicas mais profundidade e diversidade.

 

No aspeto lírico, que temas são apresentadas neste conjunto de músicas?

A tensão entre a indiferença e empatia está liricamente no centro do álbum. Incorpora vários confrontos com a pandemia. Mas este tema é também a continuação do conceito lírico de Holodox.

 

Holodox foi produzido por Tommy Vetterli dos Coroner; para este, tu e o guitarrista Valentim Mössinger assumiram essa posição. Por que optaram por um trabalho interno?

Foi uma decisão que foi cuidadosamente pensada. Valentin trabalha no “negócio de áudio” há anos e gravou instrumentos e atualizou equipamentos no seu estúdio para cada um dos nossos álbuns anteriores. Para este álbum, finalmente estávamos prontos para fazer tudo sozinhos. Outro fator decisivo foi a nossa ambição de finalmente fazer um álbum onde não tivéssemos que fazer quaisquer compromissos. Não queríamos ter nenhuma limitação de tempo ou musical.

 

Como foi o processo de gravação? Correu tudo bem?

No final, tudo correu bem. Mas as gravações demoraram cerca de um ano e meio. Nunca tivemos tanto tempo para um álbum antes. Apenas queríamos que fosse perfeito.

 

Ao longo do ano de 2023, lançaram seis singles, começando com Alma Martyr, música incluída no Holodox. Por que começaram essa lista de lançamentos de singles com uma música mais antiga?

Isto ocorre principalmente por razões de marketing. Se não enviares nada novo para plataformas como Spotify ou YouTube durante muito tempo, o algoritmo começará a ignorar-te. Com o lançamento do primeiro single, queríamos principalmente despertar os nossos canais novamente e encerrar o capítulo Holodox, por assim dizer, bem como anunciar o novo capítulo None For All.

 

E depois cinco singles de None For All. Foi uma forma de sentir o pulso dos fãs?

Hoje em dia, os lançamentos de singles são um importante fator de promoção. Isso deu-nos a oportunidade de promover cada single individualmente através das plataformas de streaming e alcançar mais pessoas e também um público que talvez nunca tenha ouvido falar de nós antes.

 

Já tiveram a oportunidade de tocar este álbum ao vivo? O que têm programado para uma tournée?

De momento, não há planos para uma tournée, mas é claro que estamos a trabalhar nisso e esperamos estar de volta à estrada na Europa em breve. Afinal, já se passou mais de um ano desde a nossa última tournée. E depois das boas críticas de None For All, também estou convencido de que há muita procura. Fizemos alguns espetáculos locais com o novo álbum e estamos ansiosos para o apresentar em palcos maiores.

 

Obrigado, Jonas, mais uma vez. Foi uma honra. Queres enviar alguma mensagem aos nossos leitores?

Muito obrigado pelo vosso apoio. Se quiserem comprar o álbum em vinil ou CD, visitem a nossa homepage ou o Bandcamp.

https://comaniac.ch/

https://comaniac.bandcamp.com/


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