Sooo Extra (EX NORWEGIAN)
(2023, Think
Like A Key Music)
O 14º álbum do projeto indie pop Ex
Norwegian oferece onze irreverentes e ensolarados hinos de rock,
perfeitos para aquelas rotações de rádio em dias claros e para as listas de
reprodução streaming mais ousadas da atualidade. Faixas como Real Bad
Bunny e Scalers Blues misturam reviravoltas melódicas irresistíveis
que transformam letras peculiares em refrões inteligentes, ou seja, como a boa
música pop deveria soar. Enquanto músicas como Short On The Wire
e Send Nudes irradiam
um som de banda completo, o álbum revela o seu segredo: é um impressionante
trabalho a solo de Roger Houdaille. A letra divertida de Extra – the
band is extra, we got none tonight, it’s alright – empresta uma nuance
atrevida ao título do álbum, Sooo Extra, sugerindo que há muito mais
para descobrir do que parece à primeira
audição. E, efetivamente, há. Há, acima de tudo, muito para fãs de longa data,
mas também é sabido que a banda nunca teve medo em arriscar. É como não basta
ser uma boa banda de pop rock; tem que se mostrar que há mais. [75%]
Hypnagogia (FORSAKEN ART)
(2023, Ethereal Sound Works)
Hipnagogia - estado que se situa no período de adormecimento, entre a
vigília e o sono; as imagens correspondentes são nítidas e vivas, sugerindo a
realidade. Tendo por base esta premissa, quase 20 anos depois da sua formação,
os Forsaken Art transformam-se em duo com Carlos Rosão a
juntar-se a Nuno Silva Pereira (Reverent Tales) e lançam Hypnagogia.
Entretanto, o som muda dos tons agressivos do black metal para as
paisagens sonoras assustadoramente atmosféricas da música ambiente sombria
baseada em samples, beats, noises, alguns spoken word
e dispersas guitarras distorcidas. Músicas que mergulham os ouvintes num mundo
de melancolia e desolação e os transporta para um reino devastado e
sobrenatural. Uma exploração do lado negro da experiência humana, com texturas
etéreas e efeitos sonoros misteriosos. Muita manipulação sonora? Sim! Uma
profunda experiência sensorial? Absolutamente! Mas, desse processo resultam
canções cativantes? Nem por isso. [60%]
Le Noir (LOW MAK)
(2023, Raging Planet)
Low Mak é um produtor musical e DJ português radicado
em Madrid e a sua música é focada em paisagens eletrónicas e de manipulação
sonora. Pode dizer-se que a sua música é emocional e densa, com um labirinto de
melodias oníricas. Depois de um EP e vários singles, chega finalmente o
primeiro álbum Le Noir, via Raging Planet. E, na realidade, nem
existiam
planos para Le Noir ser um álbum, mas sim um compêndio de singles,
até Rick Chain (Besta, Sinistro) dar o mote de juntar tudo
num álbum. Vem assim ao mundo este disco composto por onze faixas cobertas de
uma eletrónica negra e muita densidade sonora aos quais se adicionam samples
vocais de spoken word e alguns apontamentos subtis de guitarra. Como
convidados, aparecem Hits Mike no tema-título e X1-Y2 em Change.
[60%]
Velha Condessa (VELHA CONDESSA)
(2023, Independente)
Não é muito fácil falar de Velha Condessa,
disco de estreia do coletivo lisboeta com o mesmo nome. O álbum é composto por
alguns temas longos, com delicadas composições, requintados arranjos e
deliciosas evoluções. Um misto de prog rock e space rock orgânico dos
anos 70 com um cheirinho analógico e ambientes psicadélicos e atmosféricos,
fruto dos teclados vintage. Momentos muito ricos! No lado oposto temos
temas mais curtos, assentes no rock dos anos 90 ou no indie,
claramente menos interessantes, bastante mais comedidos e onde se nota uma
menor entrega na sua criação. Mas, o maior problema dos Velha Condessa
não é esse. É um vocalista muito low profile e sem garra que não
consegue ajudar a projetar os maiores momentos para superiores patamares onde
deveriam e mereciam estar. Criatividade não falta a estes lisboetas; talento
está provado que também não. Portanto, só falta limar algumas arestas. O resto
está tudo lá! [79%]
Fly To The Sun (FLY TO THE SUN)
(2023,
Universe Records)
O projeto Fly To The Sun junta músicos dos Jethro Tull, Kansas, Jeff Beck, Mr. Big, Ringo Starr’s All-Stars, entre outros e estreou-se com o trabalho homónimo. Um curto álbum de pouco mais de meia hora composto por oito temas ecléticos que abrangem diversos estilos desde o rock progressivo a ritmos africanos, passando pela eletrónica, pelo pop e R&B. Uma miscelânea que acaba por não resultar assim tão bem, porque a par de momentos interessantes, surgem outros perfeitamente desnecessários. Cabe neste caso a introdução com uma irritante eletrónica dançante. Não se deixem assustar. O que virá a seguir é substancialmente melhor. Nomeadamente ao nível riqueza instrumental, de alguns ritmos mais eletrizantes, do uso da flauta e de uma guitarra elétrica que se mostra muitas vezes tímida, mas que se solta quando é preciso. Tudo conjugado no melhor tema, Call Me, que tem esse problema de pedir para continuar e isso não acontecer. Os arranjos são bastante interessantes e as músicas, atraentes para uma ampla gama de gostos musicais, têm uma estrutura musical animada com conteúdo lírico positivo. [76%]
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