Creation (THE WORLD IS FAKE)
(2023,
Independente)
Alexandre
Carvalho, João Oliveira, José Ferreira, Pedro
Madeira e Sérgio Cunha compõem os The World Is Fake, projeto
da zona de Famalicão, e apresentam-se com Creation um registo
instrumental fortemente marcado por paisagens sonoras diversas. De tal forma
que cobre todo um espectro musical que começa no rock mais introspetivo
e atmosférico, por vezes até com laivos de psicadelismo, com alguma aproximação
ao trabalho de Soundscapism Inc. e que se desenvolve em catadupa até
doses de riffs maciços já bem dentro do metal. E aqui, com o nome de Ayreon a surgir
na nossa memória, muito devido ao trabalho rítmico bem desenvolvido e a um
conjunto de dinâmicas que se criam entre as guitarras e os teclados que sugerem
bastante criatividade. Como se comprova no espetacular Civilization. Os
oito temas de Creation estão disponíveis para audição streaming
no Bandcamp da banda, mas a qualidade deste álbum merecia um formato
físico. Aguardemos! [86%]
Starlight (EPIC)
(2022,
Escape Music)
Tanya
Rizkala e Mario Agostine continuam o seu
trajeto de criar bom hard rock. E, depois de Like A Phoenix, Starlight
vê o duo, acompanhado de Souheil "Sous" Moukaddem, saudar a
chegada de um novo baixista na pessoa de Chris Childs (Thunder, Tyketto).
Assim nasce Starlight, mais um disco que boas malhas rock/hard rock
lideradas pela poderosa voz de Tanya e pelas guitarras bem desenvolvidas,
criativas e às vezes bem pesadas, de Mario e onde a melodia joga sempre um
papel fundamental. Este é um disco que abre forte, bem dentro do hard rock e
com toques de glam metal, mas que acaba por se desenvolver em muitas
outras direções, terminando numa sensual Mais Lui cantada em francês. E
que mostra, nos momentos mais calmos e melódicos, uma aproximação ao trabalho das
lendárias Heart. Claramente um passo em frente em relação a Like A
Phoenix. [84%]
What We Could Have Been (MEAN TO YOU)
(2023, Independente)
Depois de toda a gente ter abandonado o barco,
o baixista Mulles decidiu continuar com o projeto Mean To You.
Aparentemente teria significado para ele. Não deverá é ter muito significado
para muita mais gente. Strong, o EP de estreia ainda trouxe algumas boas
melodias enraivecidas, como é apanágio deste género, mas o novo What We
Could Have Been (este título não traz um sentimento de mágoa depois de tudo
o que aconteceu ao projeto?), apesar das seis músicas de um rock e metal
dinâmico e direto, pouco mais acrescenta. No entanto, a agressividade parece
estar mais controlada, os temas são um pouco mais rápidos e o som em geral é
menos obscuro. O novo vocalista também ajuda, trazendo mais energia. Todavia,
as canções continuam a ter pouca personalidade e a não serem particularmente
convincentes. [65%]
Apocryphal Spells (DECAYED)
(2024, Haloran Records)
Apocryphal Spells continua como um dos mais bem guardados
segredos da lenda portuguesa de black metal Decayed. Foi
originalmente lançado pela Hoth Records em 2012, em formato vinil e numa
edição limitadíssima a 40 exemplares numerados à mão, tendo sido registado por
um line-up exclusivo composto por JA, AS e Reaper.
Tudo elementos a conferir a Apocryphal Spell caraterísticas de um
lançamento de culto. Para a inúmera falange de fans da banda em todo o mundo,
surge agora uma nova oportunidade de adquirir este trabalho que é lançado, pela
primeira vez em formato CD digipak totalmente remasterizado e na sua
versão completa. A responsabilidade é da Haloran Records, embora surja,
mais uma vez, em formato limitado, agora, a 200 exemplares. [79%]
Aeternum Vale (BALTUM)
(2023, Independente)
Losing Myself, EP de avanço, já tinha deixado boas
indicações a respeito desta jovem banda nacional, os Baltum. Já bem
perto do final do ano, o longa-duração de estreia, Aeternum Vale, vem
confirmar essas premissas. Diz a banda que cada música é uma história, talvez
baseada na realidade, talvez baseada num vil pensamento ou até num momento de
fraqueza. São contos de violência e morte, contos de vingança e sofrimento,
contos que terminam com uma despedida eterna. Tudo isto em nove temas longos e
uma introdução. Com fortes bases harmónicas e melódicas em tonalidades extremas
de sofrimento e negritude. Uma forma elaborada de construir um black metal
impregnado de elementos death metal, sempre com uma desoladora frieza nórdica e
sempre com o aspeto melódico a pairar sobre todas as composições. [83%]
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