Entrevista: Llyr

 


Com membros de diversas bandas checas, entre os quais os lendários black metallers Sorath, o projeto Llyr já tem mais de vinte anos de existência. Mas, a sua produção não tem sido muito pujante, de tal forma que Wings, álbum de 2023, é apenas o seu segundo lançamento. Para percebermos porque isso aconteceu e para sabermos mais sobre este registo fortemente baseado na melodia e melancolia negra, estivemos à conversa com o baixista Jakub Uhlik.

 

Olá, Jakub, como estás? Obrigado por esta oportunidade! Antes de mais, podes apresentar os Llyr aos metalheads portugueses?

Muito bem, obrigado! Somos cinco amigos de Pielsen - parte ocidental da República Checa - que tocam doom/death metal com ênfase em melodias. Fazemos músicas que gostamos e com as quais crescemos. O nosso principal motivo é a alegria de trabalhar juntos.

 

A banda foi fundada há vinte anos, mas até agora tem apenas dois lançamentos (incluindo o novo Wings). Qual foi a causa para isso e, também, destes longos 13 anos desde a estreia?

Mudanças de pessoal, mudanças constantes de pessoal. Só quando reunimos a formação atual é que fez sentido começar a fazer um segundo disco. Encontrar um colega de banda que tenha música melancólica no sangue é difícil. Não queremos tocar com alguém que é um bom músico, mas não tem doom/death no seu coração.

 

Durante este período, tu ou algum dos outros membros estiveram ativos nos Llyr ou em outros projetos?

O baterista Míra esteve ativa na lenda checa do black metal Sorath. Também fiz parte dos Sorath durante alguns anos e gravamos juntos o álbum Horizontas Gegonoton no meu estúdio caseiro. Não vale a pena mencionar os outros projetos nos quais participei; desde que conheci a minha esposa tenho-lhe sido infiel exclusivamente com Llyr. Os demais membros também não são integrantes de outras bandas ou projetos.

 

Mas és o único membro fundador restante, ou não? Podemos assumir que este álbum foi uma criação solitária ou não foi isso que aconteceu?

Outro membro fundador é o guitarrista Franta, embora já não estivesse na banda há algum tempo. O álbum não é o meu trabalho a solo, embora eu tenha composto as bases de quase todas as músicas e grande parte das letras. Todos os integrantes participaram nos arranjos, portanto o álbum é claramente um trabalho coletivo. A nossa força reside na diversidade e eu nunca teria conseguido isto sozinho.

 

Portanto, Wings é o vosso novo álbum. Como foi a preparação para ele e que objetivos estabeleceram?

Os preparativos foram simples, trouxe a base das músicas e terminamos juntos - foi feita uma gravação demo, que depois construímos. O álbum foi feito no meu estúdio caseiro, houve tempo para tudo e a gravação ocorreu num ambiente amigável e descontraído. O objetivo era claro: fazer juntos um álbum cheio de música melancólica e melódica. Quando a editora (Magick Disk Musick, https://www.madmusick.cz/) surgiu depois, foi a euforia para nós.

 

Todas as músicas presentes neste novo álbum são recentes e criadas especificamente para Wings ou escolheram algumas ideias antigas que foram crescendo ao longo do tempo?

Todas as músicas foram escritas para o Wings e eu comecei a escrevê-las em 2016, foram finalizadas e ensaiadas por volta de 2020/2021 e depois começou a gravação.

 

Neste álbum têm alguns convidados. Podes apresentá-los e falar um pouco sobre o seu trabalho?

Markéta é uma cantora pop e ex-colega do nosso cantor Karel, embora ela já não esteja ativa no cenário musical, cantava numa banda local de versões. Borek "Admirerforestae" Sádlo é irmão do nosso baterista e vocalista da banda de black metal Sorath. Como veterano do início dos anos 90, Borek foi uma escolha óbvia para fazer a versão de Lady Temptress dos Tiamat. E, finalmente, Lord Morbivod, meu amigo e, como eu, um grande patriota de Pilsen. Morbivod produziu, misturou e masterizou o álbum, fez o arranjo programado da música Rebellion e também tirou as nossas fotos promocionais.

 

O que tinham em mente quando os convidaram?

A escolha dos convidados não foi um cálculo frio, a colaboração surgiu de forma natural. Acima de tudo, tive em mente a mistura de diferentes mundos musicais e personalidades que enriqueceram o resultado.

 

Já tiveram oportunidade de tocar Wings ao vivo?

Sim, em janeiro, no clube Divadlo Pod Lampou em Pilsen, onde trabalho como engenheiro de som. Tocamos todo o álbum Wings, uma música de estreia e 3 versões (Tiamat, Moonspell e Sorath) tudo na presença de todos os nossos queridos convidados, com quem também batizamos o álbum Wings. A belas fotos de Oscar, um conhecido fotógrafo de Pilsen, podem ser vistas aqui: https://zbytecnefotky.myportfolio.com/llyr-krest-alba-wings

 

Que mais têm planeado para este novo ano?

Faremos alguns espetáculos locais e começaremos a criar novas músicas (muito lentamente). Mas devo referir que não planeamos com muita antecedência, agimos de forma espontânea e impulsiva, deixando-nos surpreender pelo que o futuro desconhecido nos trará.

 

Obrigado, Jakub. Foi uma honra. Queres enviar alguma mensagem aos nossos leitores?

Obrigado pelo teu apoio, Pedro, é muito apreciado! E aos teus leitores - gostaria de lhes dizer para não terem medo neste momento difícil, aproveitarem a vida o máximo possível, irem a espetáculos e apoiarem bandas comprando discos. Só VOCÊS decidirão se a música underground permanecerá viva!


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