Depois
de, na noite anterior, terem dado o seu primeiro concerto esgotado da carreira
em Lisboa, os Toxikull vieram ao Porto para o segundo show de
apresentação do seu novo álbum Under The Southern Light. Ladon Heads,
Warout e Lyzzard foram as bandas escolhidas para abrirem uma
noite de muito Heavy Metal e onde mais uma vez se mostrou que o underground
nortenho está vivo e de boa saúde.
As
portas do Bourbon Room abriram um pouco depois das 21h, deixando entrar
uma multidão que deixou a sala praticamente cheia à espera de que os Ladon
Heads subissem ao palco, algo que viria a acontecer cerca de meia hora
depois. Vindos de Santa Maria da Feira, a banda liderada por Infernando é um
dos mais promissores atos da Newest Wave Of Portuguese Heavy Metal e,
durante os 30 minutos a que tiveram direito, provaram porquê. Um concerto cheio
de energia, com composições de fino recorte metálico e interpretações a roçar a
perfeição foi aquilo que os Ladon Heads apresentaram no Bourbon Room,
obrigando todos os presentes a manter os olhos colados ao palco e às suas
exibições. Foram não só capazes de aquecer o público, mas também de o
entusiasmar, elevando a barra a um nível bastante elevado. Tão elevado, que só
os Toxikull foram capazes de superar a sua exibição portentosa. Uma
verdadeira pérola que continua sem ser descoberta.
Os
Warout foram os segundos a subir ao palco. Vindos de Braga, o seu Thrash
Metal/Hardcore infetou todos os presentes desde os primeiros instantes do
concerto, de tal forma que, à segunda música, já havia invasões de palco e moshpits.
Foi uma prestação de tal forma energética que o vocalista e guitarrista da
banda, que se encontrava extremamente bem-disposto e comunicativo nessa noite,
quebrou uma corda da sua guitarra a meio do setlist, algo que forçou os Warout
a terminar o espetáculo com apenas uma guitarra, um vocalista energético e
muito air guitar. Musicalmente, tratou-se de uma prestação extremamente
sólida provando porque é que são um dos mais excitantes nomes da atual cena do Thrash
Metal nacional. Como é natural, há ainda bastantes arestas a limar, mas o
potencial é inegável e a evolução demonstrada a cada concerto é bastante
visível.
Com
mais de 10 anos de experiência, dois álbuns já gravados e um terceiro a caminho
os Lyzzard eram, de entre as bandas de abertura, a que mais prometia. Mas,
a noite não correu de feição aos portuenses. Não que tenham feito um mau
concerto. Não de todo, mas, aquando da sua subida a palco, o nível de energia e
de qualidade musical estava de tal forma elevado que se revelou extremamente
difícil superá-lo ou até mesmo mantê-lo. Com uma mistura de som bastante
confusa e uma prestação menos conseguida da reincarnação de Freddy Mercury, Tiago
Quelhas (que, em sua defesa, se encontrava engripado) não foram capazes de
demonstrar o nível a que nos habituaram no passado. Curiosamente, os melhores temas
do concerto foram Riders In The Dark e Viper’s Night, as duas novas
músicas tocadas pela primeira vez nessa noite, algo que deixou todos os
presentes com água na boca e ansiosamente à espera do sucessor de The Abyss.
Já
passava da 00h30 quando os acordes pré-gravados de Ghost Of A Dream
começaram a soar nas colunas do Bourbon Room. Era o início de mais um
concerto memorável. Apesar de ser o concerto de apresentação do novo álbum Under
The Southern Light, lançado uma semana antes pela Dying Victims
Productions, os temas escolhidos para começar o concerto foram duas malhas
com mais rotação em palco. Cursed And Punished colocou a máquina em
movimento e Nightraiser fez todos os presentes vibrarem ao som das
sensacionais harmonias e dos riffs velozes de Michael Blade. A
apresentação do novo álbum começaria no tema seguinte com Around The World.
Depois desse viriam todos os clássicos dos álbuns anteriores e Under The
Southern Light praticamente na integra (faltou apenas Ritual Blade, Going
Back Home e They Are Falling). Durante hora e meia dominaram o
palco, interagiram com o público e acrescentaram novas secções aos seus temas (Battle
Dogs é um ótimo exemplo), nunca se limitando a repetir aquilo que tinham
feito em estúdio.
Para
rechear este festim de Heavy Metal, houve ainda espaço para alguns
convidados. O lendário Chico Soares dos Xeque-Mate demonstrou os
seus (ainda) incríveis dotes vocais ao interpretar, num dueto único com Lex
Thunder, uma versão do seu próprio tema, Filhos do Metal. Infernando
(Ladon Heads) assumiu o papel de convidado surpresa para cantar Darkness
e, Rui Alexandre foi chamado a palco para tocar Knights Of Leather,
naquele que foi um agradecimento da banda pelo lançamento do EP The
Nightraiser em 2018, momento que marcou o nascimento dos novos Toxikull.
Resumindo,
tratou-se apenas de mais uma exibição perfeita a todos os níveis daquela que é
a melhor banda portuguesa do momento. Uma verdadeira demonstração de força do
coletivo lisboeta, que, mesmo com as limitações colocadas ao seu vocalista e
carismático líder Lex Thunder (também ele engripado e com claras
dificuldades para falar) foram capazes de proporcionar mais um concerto
memorável. Um concerto que, tanto a banda como os fãs, recordarão como um dos
melhores espetáculos de sempre. Um concerto onde as estrelas que subiram ao
palco, brilharam mais do que as que pendiam do teto do Bourbon Room.
Agradecimento especial: Rita Mota, Ladon Heads, Rui Freitas
(reportagem fotográfica)
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