Afterlifelines (RAGE)
Steamhammer/SPV
Lançamento: 29/março/2024
Três anos foi o tempo que demorou aos Rage
para prepararem o seu novo trabalho. Intitulado Afterlifelines, é um
álbum duplo dividido num primeiro CD, Afterlife, num registo de um thrash
pesado, tradicional, mas a tocar a modernidade e melódico; e um segundo, Lifelines,
onde a banda alemã procura recuperar sonoridades dos tempos de Lingua Mortis,
com uma abordagem mais sofisticada e orquestral. São duas faces de uma mesma
moeda chamada Rage, neste álbum pontualmente reduzidos a um trio, mas
que se tornam não só diferentes nos estilos, como também na qualidade. O
primeiro CD, Afterlife, está ao nível dos piores momentos dos Rage.
É impossível criar álbuns interessantes quando os temas raramente passam dos
três minutos e meio, quando a mesma estrutura e o mesmo break se repetem
tema após tema, após tema. E, quando das canções não fica muito mais que a
memória de um solo. Infelizmente, isso acontece com demasiada frequência em Afterlife.
Para terem uma ideia, a primeira mudança significativa nas estruturas das
canções apenas surge em Toxic Waves… o sétimo tema do alinhamento (mas
também ele sem muito por onde expandir, porque, mais um exemplo, pouco passa
dos três minutos e meio). Ainda assim, este tema parece ter o condão de
despertador, porque daí até ao final, assistiremos ao melhor que este primeiro
CD tem para oferecer, sendo de destacar Justice Will Be Mine que promete
tornar-se um verdadeiro hit ao vivo. No entanto, a conversa já é outra
quando passamos para o segundo CD, Lifelines. E rapidamente iremos
perguntar por onde andaram os Rage na primeira metade do álbum.
Parcialmente, os créditos devem ser dados ao convidado Marco Grasshof
pelo seu trabalho no piano e nas orquestrações. Mas a verdade é que os defeitos
apresentados no CD 1 nunca se repetem num CD 2 que, sem perder a força típica destes
teutões, vê as canções engrandecidas com breaks bem definidos e nunca
repetidos, orquestrações magistrais, linhas melódicas como há muito não
apresentavam, uma musicalidade tocante e uma capacidade de mostrar emoção como
nunca se viu. Surgem equilíbrios assentes no uso magnifico de guitarras
acústicas e clássicas, momentos vocais de arrepiar (com Peavey Wagner, à
semelhança de The Resurrection Day, a voltar a ter uma prestação onde
frequentemente foge da sua zona de conforto) ou arranjos para cordas que
complementam as composições. Aspetos que trazem a fineza da composição e o
trabalhado da música clássica e dos musicais à força do thrash dos Rage.
Ora vejam lá se Dying To Live, Interlude ou o brilhantemente
emotivo encerramento In The End não induzem uma conexão para o Fantasma
da Ópera, por exemplo? Este segundo CD sim, já traz toda a riqueza
estrutural e de composição que se exige a uma banda como os Rage! E que
fica bem patente nos quase 10 minutos de Lifelines. Mas também fica esse
sabor amargo de perceber até onde poderia ter ido este álbum com uma primeira
metade ao nível da segunda. [89%]
Highlights
CD1: Justice Will Be
Mine, Toxic Waves, Shadow World, Life Among The Ruins, End Of Illusions
CD2: Dying
To Live, Lifelines, In The End, Cold Desire, One World, The Flood
1. In The
Beginning
2. End Of
Illusions
3. Under A
Black Crown
4. Afterlife
5. Dead Man's
Eyes
6. Mortal
7. Toxic Waves
8. Waterwar
9. Justice
Will Be Mine
10. Shadow
World
11. Life Among
The Ruins
CD2
1. Cold Desire
2. Root Of Our
Evil
3. Curse The
Night
4. One World
5. It's All
Too Much
6. Dying To
Live
7. The Flood
8. Lifelines
9. Interlude
10. In The End
Line-up
Peter “Peavy” Wagner – baixo, vocais
Vassilios “Lucky” Maniatopoulos - bateria
Jean Borman – guitarras
Convidado
Marco Grasshof – piano, orquestrações
Internet
Edição
Comentários
Enviar um comentário