Entrevista: Tarot

 


Depois de terem terminado a sua tour europeia e ainda antes de compartilharem palco, na Austrália, com os lendários Cirith Ungol, fomos conhecer melhor o mundo Tarot. Glimpse Of The Dawn é o nome do mais recente trabalho da banda oriunda da Tasmânia e surge após oito anos em silêncio. Um hiato temporal muito bem aproveitado para se criar um álbum que segue novas regras em termos de composição, com o resultado à vista. E para melhor percebermos tudo o que mudou no seio dos Tarot, estivemos à conversa com a banda.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. Glimpse Of The Dawn é o vosso novo álbum, lançado oito anos depois de Reflections. O que aconteceu durante este hiato tão longo?

Após o lançamento do nosso álbum anterior Reflections, em 2016, expandimos a nossa formação para podermos tocar ao vivo. Demorou muito para acertarmos, pois as nossas músicas precisavam ser reorganizadas para o cenário ao vivo, por isso, de certa forma, tivemos que recomeçar como banda. Nos anos seguintes, fizemos muitos espetáculos pela Austrália e, em 2019, iniciamos o processo de composição do novo álbum, que ensaiamos e desenvolvemos juntos. Desta vez, queríamos que o novo álbum refletisse como soamos como uma banda ao vivo, em oposição aos nossos trabalhos anteriores, que eram principalmente eu a trabalhar sozinho.

 

Tendo em conta este longo período, todas as músicas apresentadas em Glimpse Of The Dawn são novas, ou foram buscar algumas composições mais antigas?

Todas as músicas de Glimpse Of The Dawn foram compostas por volta de 2019 ou algo assim. Todas as músicas apresentam novas ideias escritas desde quando a atual formação da banda começou a tocar junta.

 

Em termos musicais, que pontos de proximidade e separação existem entre este trabalho e os anteriores?

A principal diferença entre o novo álbum e os anteriores é que já não sou o único compositor. Em Glimpse Of The Dawn trabalhámos juntos para compor e arranjar a música e as letras, por isso acho que é uma boa representação de como a banda soa hoje. Eu também sinto que ter vários compositores adiciona novos elementos ao som, permitindo-nos avançar em novas direções e ao mesmo tempo manter o som central. Seremos sempre influenciados pelas mesmas bandas – Uriah Heep, Rainbow, Deep Purple etc., mas agora está filtrado por mais gente o que acho que acrescenta muito.

 

Assim sendo, como descreverias Glimpse Of The Dawn para quem não conhece os Tarot?

Eu diria que o álbum pega no som inspirado em Uriah Heep/Rainbow/Deep Purple dos nossos lançamentos anteriores e expande-o de todas as maneiras possíveis. Ter vários compositores ajudou a impulsionar o nosso som, portanto esperem muitas harmonias de guitarra e vocais, órgão Hammond, sintetizadores, baixo quente e preenchimentos cremosos de bateria!

 

Também se verificou uma expansão da formação. Quando e por que sentiram a necessidade de incluir mais membros?

Precisávamos trazer mais membros porque esse tipo de música não pode ser tocado ao vivo sem duas guitarras, vários vocalistas, baixo, teclado e bateria. Assim que decidimos começar a tocar ao vivo, ficou claro que teríamos que ter pelo menos cinco de nós a tocar para que isso funcionasse.

 

Quanto ao processo de composição, já vimos que houve trabalho colaborativo entre todos os integrantes da banda. Mas, como funcionam as coisas neste aspeto nos Tarot?

Normalmente, um de nós cria o esqueleto de uma música por conta própria e depois traz para a banda para dar corpo e também adicionar mais. Acho que esse processo funciona bem para nós, com uma pessoa a preparar o trabalho de base para a ideia central e depois o resto de nós a ajudar a adicionar mais melodias, vocais, letras, etc. Também costumamos deixar algumas secções um pouco vazias para que possamos pensar em ideias enquanto gravamos para manter um pouco de espontaneidade no processo de gravação.

 

Este álbum foi gravado em vários estúdios da vossa terra natal, a Tasmânia. Por que tomaram essa opção?

Estamos todos muito interessados em gravar e produzir, por isso sabíamos que gostaríamos de passar muito tempo a experimentar e a ajustar coisas enquanto gravávamos e misturávamos. Fazia sentido para nós não termos nenhum limite de tempo que existiria se gravássemos o álbum inteiro num estúdio profissional. No entanto, também queríamos ter certeza de que poderíamos gravar a bateria com toda a banda a tocar junta, portanto fizemos isso no Crawlspace Studios com Joe Haley no comando.

 

Por esta altura já devem ter terminado a vossa tournée europeia. Como correram as coisas?

A nossa primeira viagem à Europa foi uma experiência extremamente positiva. Ficamos impressionados com a resposta dos fãs europeus quando tocamos. Foi incrível finalmente poder tocar para todos os nossos fãs que compram os nossos discos há mais de dez anos. Os espetáculos foram bem frequentados e todos tiveram muitos fãs a cantar juntamente connosco e a enlouquecer. A tournée culminou com um espetáculo muito divertido no Keep It True, onde tivemos a sorte de tocar para o nosso maior público até agora!

 

O que mais têm planeado em termos de tournée?

O nosso próximo espetáculo será em Melbourne com os Cirith Ungol. Sou fã deles desde a adolescência, portanto é um pouco surreal fazer um espetáculo com eles e eu nunca teria esperado que eles viessem à Austrália!

 

Existem muitas bandas em todo o mundo chamadas Tarot. A possível confusão com nomes e bandas não vos afeta?

Não estamos muito preocupados com isso, para ser honesto. Achamos que o nome combina bem com a nossa música.

 

Obrigado, pessoal, mais uma vez. Querem enviar alguma mensagem aos nossos leitores ou aos vossos fãs?

Obrigado pela entrevista e obrigado a todos que nos vieram ver na Europa e a todos que adquiriram o nosso novo álbum!


Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)