Entrevista: Alpha Lyræ


 

Temos o prazer de apresentar uma entrevista exclusiva com Guido Jeri, músico peruano radicado no Reino Unido, e a mente criativa por trás do projeto Alpha Lyræ. Nesta conversa, Guido partilha connosco o percurso de criação do seu álbum, desde as primeiras demos até à gravação final, inspirada pelo nascimento da sua filha e pelos desafios do mundo contemporâneo. Para os amantes de música introspetiva e poderosa, esta conversa oferece uma visão profunda do mundo criativo de Guido Jeri e do que esperar do projeto Alpha Lyræ. Sem mais demora, vamos mergulhar nas palavras e na música deste talentoso artista.

 

Olá, Guido, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade para esta entrevista. Alpha Lyræ é um projeto muito recente. Quando surgiu esta ideia pela primeira vez?

Olá, Pedro, estou muito bem e obrigado pela oportunidade. O projeto teve início durante o início da pandemia quando decidi comprar a minha primeira guitarra elétrica. Antes apenas possuía uma guitarra acústica durante quase 20 anos e não tinha experiência em música. Comecei a gravar ideias que se tornaram demos e, ao longo de 3 anos, tive material suficiente para entrar em estúdio e gravar as músicas profissionalmente. O nascimento da minha filha despertou a necessidade de criar algo único, por isso o conceito e a letra do álbum girarem em torno dela e do seu futuro neste mundo caótico em que vivemos.

 

Quais foram os teus principais objetivos para este projeto? Que inovações tentaste introduzir?

Não havia objetivos claros, sendo este o meu primeiro projeto musical. Todas as minhas influências fluem em todas as músicas, do death doom a post rock, prog rock e post metal. Eu não compus a música para soar especificamente como outra pessoa ou com qualquer propósito comercial, apenas as criei para expressar o que estava a sentir naquele momento. As minhas principais inspirações, porém, foram Morningrise dos Opeth e Mirror Reaper dos Bell Witch.

 

Enquanto músico peruano, quando decidiste mudar-te para o Reino Unido e com que intenções?

Moro no Reino Unido há mais de 8 anos, tendo morado anteriormente também em Barcelona durante um período semelhante de tempo. A minha mudança não esteve relacionada com a música, mas aproveitei ao máximo, indo a centenas de espetáculos.

 

Este teu álbum de estreia já foi composto e gravado em solo britânico?

Eu já tinha o riff principal de H.I. em segundo plano durante quase 20 anos, mas finalmente ganhou forma no Reino Unido enquanto compunha o álbum. Também compus o interlúdio Pillars Of Wisdom há alguns anos atrás, quando estava em Barcelona. Todo o resto foi composto e gravado no Reino Unido entre março de 2020 e dezembro de 2023.

 

Alpha Lyræ é o teu primeiro longa-duração e mostra essa inteligente mistura essencialmente de doom e death metal (e também de outros sub-géneros como referiste anteriormente), como nos bons velhos tempos. Que nomes ou movimentos são as tuas principais influências?

A música esteve sempre presente na minha vida por isso há muitas influências dos mais diversos géneros. O meu desejo inicial era fazer um álbum parecido com Morningrise dos Opeth, misturando passagens pesadas e suaves. Também ouvi muito death doom e funeral doom em 2020, que influenciou diretamente alguns dos sons que ouves. Somado à mistura está o meu amor pelo post rock, prog rock, prog metal e post metal, que também podes ouvir em maior ou menor grau nas diversas músicas do álbum.

 

És o único nome citado como membro de Alpha Lyræ. Todos os processos de criação e de gravação foram feitos de forma solitária ou tiveste alguma ajuda extra?

Eu compus todas as músicas e letras, porém recebi feedback constante de alguns bons amigos a quem fui apresentando as ideias durante os três anos de composição das músicas. A bateria foi gravada por um desses amigos, Alfonso Vargas, em Lima, Peru, próximo do final do processo, em dezembro de 2023. Por fim, preciso mencionar Wynter Prior, que misturou e masterizou o álbum e que também teve ótimas contribuições e ideias que fizeram o álbum soar como soa.

 

E as músicas são introspetivas e tratam de aspetos pessoais? Quais?

Todas as letras e o conceito giram em torno do nascimento da minha filha, o seu lugar nesta situação instável no mundo e os meus medos sobre o futuro dela nele.

 

A música escolhida para o vídeo foi a enigmaticamente intitulada H. I. Primeiro, por que escolheste este tema para single?

Pessoalmente, acho que é a música mais completa e complexa do álbum, e também a mais longa. Também, gosto do meu riff de 20 anos!

 

Em segundo lugar, podes explicar o significado de H. I.?

H.I. significa Human Intelligence (Inteligência Humana), que acredito ofusca quaisquer ilusões ou realidades falsas que são alimentados pela sociedade ou pela tecnologia moderna. A inteligência humana deve abraçar um continuum de possibilidades da experiência humana e superar os comportamentos esperados que a sociedade impõe aos indivíduos.

 

Existe alguma possibilidade de levar este projeto para palco e tocar ao vivo? Tens alguma coisa planeada com essa finalidade?

Não há planos para tocar ao vivo, mas as portas estão sempre abertas. Eu preciso de dois guitarristas e um baixista!

 

Obrigado, Guido, mais uma vez foi uma honra. Queres enviar alguma mensagem para os nossos leitores e para os teus fãs?

Obrigado, Pedro por me permitires compartilhar os meus pensamentos e espero que os teus leitores deem uma volta pelo álbum e aproveitem o passeio.


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