Entrevista: Dolmen Gate


 

A verdade é que o fim dos Ravensire, a cena nacional associada ao epic metal ficou, claramente, mais pobre. Por isso, os Dolmen Gate foram bem-vindos ao nosso panorama. Sem intenção de substituir quem fosse apenas procurando trilhar o seu próprio caminho. E, surpreendentemente, apenas com dois temas editados já tinham sido convidados para dois dos maiores festivais europeus. O álbum de estreia já está disponível há algum tempo, via No Remorse Records, e foi para nos falar dele e do trajeto que até ele levou, que estivemos à conversa com três elementos da banda.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade! Para começar podem apresentar os Dolmen Gate? Quando é que se juntaram e com que objetivos?

KIKO: Boas! Dolmen Gate é a Ana na voz, eu e o Artur na guitarra, Nuno no baixo, e Alex na bateria. A banda começou no final do verão de 2021, o Alex veio falar comigo a perguntar se eu queria fazer uma banda de heavy metal, mas com uma vertente mais épica. Era esse o único "objetivo" inicial.

 

Alguns de vocês já vêm dos Ravensire. Com o fim destes, sentiram essa necessidade de continuar esta sonoridade épica?

NUNO: Não foi por causa do fim dos Ravensire que eu pensei em automaticamente continuar com bandas do género. Aliás, eu quando terminei Ravensire, não me apetecia tocar de todo! Ravensire consumiu muito de mim. Foram 10 anos em que dei tudo à banda, com as decisões a serem quase todas da minha responsabilidade (especialmente depois do F sair, que sempre foi uma ajuda nessa parte), incluindo o final da banda. Mas o Alex como sempre gostou muito do heavy épico, depois de se juntar com o Kiko, começou a fazer-me a cabeça para voltar e lá acabou por me convencer. O facto de tocarmos este género tem mais a ver com o sermos fãs do estilo, do que propriamente um plano para colmatar alguma lacuna que haja.

 

Como surge o vosso nome? Tem algum significado especial?

KIKO: Na altura em que estávamos à procura de nome lembro-me de ver algures na internet uma carta Magic com esse nome. Achei que era capaz de encaixar na potencial estética da banda. Tinha a parte histórica, com um elemento bastante próprio do passado megalítico desta zona da Europa e, com a junção da palavra "Gate", um elemento místico também.

 

Para além dos Ravensire, podem falar um pouco das vossas experiências musicais anteriores e das aprendizagens que trazem para este novo projeto?

KIKO: Para além de Dolmen Gate toco em Nagasaki Sunrise, assim como o baterista Alex. São bandas bastante díspares na sua estética sonora, não diria que exista grande ponto de união, mas é isso que me atrai. Se existe tal ponto será a vontade de fazer experimentar e fazer coisas novas.

 

Recentemente lançaram o vosso álbum de estreia, Gateways Of Eternity. Mas, como tem sido o vosso trajeto até agora? 

NUNO: Como o Kiko disse, isto começou em 2021 com ele e com o Alex. Pouco tempo depois o Fred (ex-Inquisitor) entrou para o baixo e eu para a guitarra. A seguir foi a vez da Ana assumir os vocais, mas o Fred acabou por sair por falta de tempo. Foi este lineup (Kiko, Alex, Ana e eu) que foi gravar a demo. Como não tínhamos baixista, o Kiko (que era o único que tinha um baixo em casa) acabou por gravar as partes de baixo da demo. Já com a demo alinhada, optei por passar a ser eu o baixista e entrou o Artur para a guitarra. Já com o lineup completo, começámos a trabalhar no álbum (que ficou gravado uns meses depois) e a dar os primeiros concertos.

 

Como se definiriam, em termos musicais e líricos, para aqueles que não vos conhecem?

KIKO: Musicalmente diria que somos heavy metal épico, uma junção de Slough Feg, Bathory, Doomsword, Solstice e certamente mais outras influências inconscientes.

ALEX: Em termos musicais diria que somos marcadamente uma banda de heavy metal épico, na senda de Manowar, Manilla Road, Omen, Solstice, Bathory etc. Posto isso, temos influências díspares que se notam na composição, que vão desde influencias de 70s (principalmente na voz), US metal e heavy metal clássico. A nível lírico diria que há uma influência Tolkien/Robert E. Howard/Michael Moorcock inerente ao estilo (tal como muitas bandas da nova vaga de épico como Smoulder, Visigoth, Eternal Champion). Alem disso existe a influencia histórica e de folclore local, assim como de escritores como Edgar Allan Poe ou William Blake.

 

Este álbum foi gravado com o Paulo Vieira. Como correram as coisas?

KIKO: Impecável! O Paulão é excelente profissional. Super rápido, as sessões de gravação eram sempre bastante fluidas. Para além de técnico, fez muitas vezes o papel de produtor, dando dicas de pequenos arranjos ou elementos estéticos que poderiam melhorar as músicas.

 

Em determinada fase do processo estiveram em negociações com várias editoras, tendo a escolha recaído na No Remorse. Sendo uma label com forte ênfase no epic metal foi um fator determinante para a vossa escolha ou houve outros?

NUNO: Desde o início que a ideia foi encontrar uma editora que tivesse uma forte presença europeia e mundial no underground mais tradicional. Enviámos a demo a algumas editoras que já conhecíamos (ou por ter trabalhado no passado, ou por conhecermos pessoalmente) e felizmente o feedback foi bastante bom. A No Remorse acabou por ser uma escolha natural, não só pelo impacto e visibilidade que têm vindo a conquistar, mas porque sempre demonstraram interesse em bandas onde estivemos no passado (nomeadamente Ravensire).

 

Quanto a palco, já passaram por festivais lendários como o Up The Hammers Festival e o Keep It True Festival. Como foi a sensação de terem pisado esses palcos com um projeto e um álbum recentes?

NUNO: Antes de mais, os convites foram uma grande surpresa! Na altura em que surgiram, apenas tínhamos dois temas editados, pelo que não estávamos nada à espera de começar logo pelos dois festivais mais representativos do underground tradicional. Os concertos em si foram fantásticos, cada um à sua maneira. Em Atenas o espaço é mais pequeno, mas o calor do público é incomparável! Houve músicas que de certeza a esmagadora maioria nunca tinha ouvido, mas ao fim de um refrão já estavam a entoar as melodias e os cânticos connosco. Na Alemanha havia muito mais gente, mas a malta da Europa do Norte é um pouco menos efusiva! Mesmo assim, foi um ambiente caloroso e adorámos cada segundo em palco!

 

O que mais têm ainda previsto neste campo?

NUNO: Agora que o álbum finalmente saiu, estamos em conversações para mais concertos ao vivo nos próximos tempos. Para já, temos confirmada a nossa presença em Vagos no dia 4 de agosto, no festival Skulls of Metal em Jaen (Sul de Espanha) em outubro, e em Pindelo dos Milagres no final do ano. Mas de certeza que mais datas se seguirão!

 

Muito obrigado, pessoal! Dou a oportunidade de acrescentar mais alguma coisa…

NUNO: Obrigado nós pelo apoio. A quem esteja a ler isto, caso tenha interesse em explorar o nosso som, é dar um pulo a https://dolmengate.bandcamp.com, https://www.facebook.com/DolmenGate ou no Instagram @dolmengate. Into Glory Ride!

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