Entrevista: Leaves' Eyes

 


Quatro anos se passaram entre The Last Viking e Myths Of Fate. Quatro anos onde os Leaves’ Eyes encontraram a sua melhor forma de sempre, tudo para nos presentearem com o álbum de celebração dos seus 20 anos de carreira. Um álbum que é o balanço perfeito entre as suas raízes mais melódicas e radiofónicas e o seu passado recente mais agressivo e metaleiro. O vocalista Alexander Krull explicou-nos esta evolução e já foi antecipando a sua vinda a Portugal, a acontecer no primeiro trimestre do próximo ano.

 

Olá, Alexander! Obrigado pela oportunidade de te entrevistar mais uma vez. Como estás desde a última vez que conversamos?

Obrigado pela entrevista! Os últimos dois anos foram muito ocupados com as bandas e também a produzir muitas músicas e vídeos para outras bandas.

 

Myths Of Fate acaba de ser lançado. Como têm sido as reações até agora?

Os feedbacks são realmente incríveis! Estamos muito gratos por todos os ótimos feedbacks e também pelas ótimas reações aos nossos 5 videoclipes!

 

Myths Of Fate é lançado quatro anos depois de The Last Viking. Por que demoraram tanto para lançar um novo álbum?

The Last Viking foi lançado no meio da loucura da covid em 2020 e o nosso The Last Viking – Midsummer Edition um ano depois, quando ainda esperávamos fazer uma tournée. Como sabemos tudo foi diferente, portanto, na verdade, todos perdemos muito tempo na pandemia.

 

Sobre o que falam essas músicas? Existe algum conceito ou linha orientadora recorrente ao longo do álbum?

As histórias das músicas são independentes e desta vez não é um álbum conceptual como em The Last Viking com toda uma história sobre o rei nórdico Harald Hardrada. Em Myths Of Fate as músicas são baseadas no lado mais mágico e misterioso da mitologia nórdica – seres sobrenaturais, lugares místicos e armas enfeitiçadas.

 

Como foi o processo de composição deste álbum? Mudaram alguma coisa em relação ao anterior?

Como o nosso amigo de longa data e membro da banda Tosso saiu depois de muitos anos com os Leaves' Eyes, enfrentámos uma nova situação e ajustamo-nos. Tosso ainda é um amigo muito próximo e estamos sempre em contacto. Com a banda tivemos uma ótima equipa de trabalho para o novo disco. Às vezes as coisas mudam e algo novo surge. Por exemplo, a nossa cooperação com Jonah Weingarten foi realmente fantástica. Já trabalhámos juntos no documentário do filme Viking Spirit e na banda sonora cinematográfica. Desta vez cooperamos com as suas ideias de orquestração cinematográfica. Isso foi ótimo!

 

In Eternity é a primeira música que Elina escreveu para Leaves’ Eyes. Como foi trabalhar com ela na parte de composição?

Muito especial porque a música também é uma dedicatória para a minha falecida mãe. Elina estava a cantar no funeral da minha mãe e quando voltou para casa começou a escrever a música. Quando trabalhámos nas ideias das músicas e também do videoclipe que estávamos a filmar na Islândia e na Polónia, houve alguns momentos muito emocionantes.

 

Este é o vosso álbum mais mainstream e rádio friendly de sempre, com faixas como In Eternity quase cruzando a fronteira da pop. Na tua opinião, isso mostra a evolução dos Leaves’ Eyes?

Uau, não estava a pensar assim (risos). Com os Leaves' Eyes temos uma grande variedade musical – não é apenas uma forma de fazer música. Eu gosto que possamos fazer músicas como In Eternity e também algumas músicas ainda mais experimentais juntamente com o material mais baseado em metal sinfónico.

 

O que vos fez seguir essa direção mais mainstream?

Lembro-me de quando lançamos Elegy do segundo álbum Vinland Saga, algumas pessoas também compararam a nossa música com músicas mais comerciais porque a música também foi usada em algumas séries de TV. Para mim, trata-se de escrever e lançar ótimas músicas com Leaves' Eyes como um artista que gosta da variedade desta banda.

 

Também apontando nessa direção, está a tua reduzida participação vocal quando comparada a alguns dos álbuns anteriores. Porque decidiram isso? Foi planeado?

Bem, em alguns dos discos anteriores eu também não faço vocais em todas as faixas, e sempre que a música exige, pode haver alguns guturais obscuros meus ou vocais masculinos de fundo. E sim, gosto da ideia de ter um pouco menos de mim desta vez (risos).

 

Ainda assim, Sons Of Triglav é uma das músicas mais pesadas da vossa carreira. O que te inspirou a escrevê-la?

Sons Of Triglav também é uma música muito especial e está ligada à mitologia eslava. Temos convidados na música que são amigos muito próximos e do grupo polaco de reconstituição Viking e Eslavo Triglav. O deus de três cabeças Triglav e o seu culto têm uma conexão muito forte, especialmente com a área da Pomerânia, como a cidade de Szczecin (alemão: Stettin), de onde vieram partes da minha família por parte do pai.

 

E quanto à tua abordagem vocal? Tentaste alguma técnica nova para este álbum?

Na verdade, não, apenas tentei encaixar a minha voz na música e também criar algum contraste com as melodias e os vocais femininos. Às vezes fazemos alguns coros masculinos ou faço alguns fundos melódicos por cima.

 

Pelo que pude ouvir, Elina tenta algumas novas abordagens que divergem um pouco dos vocais operáticos típicos do symphonic metal (os versos de Forged By Fire e Fear Of The Serpent são ótimos exemplos disso). Isso foi planeado ou apenas o melhor ajuste para as músicas?

Foi muito bom trabalharmos juntos nas sessões vocais no Mastersound Studio. E sim, foi planeado usar uma ampla gama e variedade de voz de Elina. Tentamos sempre adequar o estilo vocal às músicas e no estúdio desenvolvemos algumas boas ideias para as belas linhas vocais.

 

Este é o primeiro álbum com Luc Gebhart. Como foi o processo de receção na banda?

É ótimo ter Luc nas fileiras dos Leaves' Eyes! Na verdade, depois de Tosso nos ter deixado, um velho amigo e ex-membro da tripulação, Andy, sugeriu-nos Luc. Andy era o professor de guitarra de Luc naquela altura – o mundo é pequeno! Portanto, tudo correu bem com Luc e agora estamos a tocar em duas bandas, a fazer músicas e ótimos vídeos juntos e em tournée em volta do mundo!

 

O artwork de Myths Of Fate é a vossa capa mais abstrata até agora. Que instruções deram a Stefan Heilemann para ele criar esta obra-prima?

É sempre ótimo trabalhar com Heile, somos uma equipa fantástica e ele transforma sempre as nossas visões em obras de arte fantásticas. Desta vez eu queria ter Elina como três personagens diferentes das três Norns da Mitologia Nórdica na capa. Todas as músicas do álbum têm histórias de fundo decisivas e principalmente dramáticas e trágicas, e essa é a maneira perfeita de ter as três Norns na arte, já que elas são as moldadoras do destino.

 

Se tivesses que classificar todos os álbuns dos Leaves’ Eyes e Atrocity, em que posição estaria o Myths Of Fate?

Essa é uma pergunta muito difícil e talvez eu possa responder melhor daqui a alguns anos. Myths Of Fate é com certeza um ótimo álbum dos Leaves' Eyes, um dos nossos principais lançamentos e os fãs parecem estar a adorar!

 

Recentemente adiaram alguns espetáculos da tournée europeia para 2025. O que vos levou a fazer isso?

Na verdade, isso foi decidido pela agência da tournée, pois queriam ajustar algumas datas para desafios imprevistos, já que algumas coisas não estavam a funcionar como planeado. Parece que as crises mundiais estão a afetar cada vez mais os negócios ao vivo.

 

O que estão a preparar para o próximo espetáculo no Porto? Que surpresas têm planeadas?

Mal podemos esperar para voltar a Portugal – já faz algum tempo. Com certeza traremos um ótimo set ao vivo e estamos ansiosos para conhecer os nossos fãs portugueses!

 

Obrigado, Alexander. Foi uma honra. Queres enviar alguma mensagem aos vossos fãs portugueses?

Muito obrigado por esta entrevista e um grande obrigado a todos os nossos fãs em Portugal pelo apoio, esperamos ver cada um de vocês na próxima digressão! Até lá aproveitem Myths Of Fate!


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