Entrevista: Pirate Queen

 


Toda a história e conceito criado em torno de uma banda tem sido, desde sempre, um dos aspetos relevantes no mundo da música. E o coletivo internacional totalmente feminino que dá pelo nome de Pirate Queen, leva isso com extremo cuidado. Têm origem na imaginária ilha de Lyxion, no Triângulo das Bermudas e já por cá andam há 500 anos. Algumas tempestades tropicais e furacões têm-lhe atrapalhado a vida, pelo que o primeiro álbum só recentemente foi lançado. Nada melhor que falar com a Comandante e baterista Raindrop Oceanus para nos contar melhor a sua história.

 

Olá, Comandante, como estás? Obrigado pela disponibilidade para esta entrevista. Pirate Queen é um projeto muito recente. Quando surgiu a ideia pela primeira vez?

Ahoy, Pirata Pedro, obrigado pela entrevista. Aqui é a comandante/baterista Raindrop Oceanus a responder. Bem, fomos formados em 1523 na ilha Lyxion, no Triângulo das Bermudas, portanto não é uma ideia nova. Apenas demoramos mais alguns anos para lançar o álbum de estreia. Todos viemos de Lyxion. Conhecemo-nos lá. Temos o amor pela mesma música, arte, cultura pirata, magia... o amor pela música uniu-nos. Somos verdadeiros piratas e gostamos de metal.

 

Então já por aqui andaram há 500 anos, certo? O que esteve na origem deste regresso?

Lidamos com muitos atrasos. Sabes que morar em Lyxion exige muito planeamento, burocracia e logística. Tínhamos um monte de músicas que queríamos lançar há muito tempo. Mas esperávamos uma tempestade perfeita com furacões, tufões e ciclones tropicais. O rápido furacão ajudou-nos a quebrar as barreiras e a terminar o álbum mais rápido. De Lyxion acompanhamos a cena metal do continente e achamos que estava na altura de regressar.

 

Temos muitas bandas masculinas de pirate metal; no entanto, de âmbito totalmente feminino, acho que devem ser as primeiras. Podes confirmar isso?

Na verdade, não sei. Muito provavelmente, porque não vejo muitas bandas formadas há 500 anos, entendes o que quero dizer? Provavelmente fomos as primeiras. Mas posso garantir que somos a única banda de metal de Lyxion. Temos amigos no mundo do pirate metal no continente, como Visions Of Atlantis ou Alestorm.

 

Quais foram os vossos principais objetivos para este projeto? E que inovações tentaram introduzir que fazem vocês soarem diferentes das bandas masculinas de pirate metal?

Antes de mais nada somos uma banda, músicos sérios que levam a música muito a sério. Não competimos com outras bandas, masculinas ou femininas. Todos navegam nos mesmos oceanos. Talvez seja bom reconhecer que nos vemos como uma banda de fantasy metal. Este é um estilo que musicalmente inclui muitos subgéneros diferentes de metal e também incorpora diferentes influências musicais como power metal, melódico, épico, estilos de metal tradicional e combinando isso com música clássica, influências sinfónicas, operáticas e cinematográficas.

 

Sendo uma banda com músicos de diversas regiões, como foi feita a gestão do processo de criação do álbum?

Temos o nosso próprio estúdio em Lyxion. Tentamos encontrar-nos lá o mais rápido possível para criar, gravar, improvisar e escrever letras. Todos nós também vivemos parcialmente no continente. Além disso, os nossos navios estão equipados com estúdios de gravação. É por isso que também trabalhamos muito à distância. Nos tempos modernos de comunicações isto funciona bem para muitas bandas, mas tens que entender que lidamos com tempestades e temporada de furacões que podem, em algum momento, afetar a conexão com o continente.

 

Ouvi dizer que vocês são oriundas do Triângulo das Bermudas. Como surge essa informação e o que há de verdade nela?

O que queres dizer? Nós vimos de Lyxion, uma ilha flutuante no Triângulo das Bermudas. Mas não a encontrarás nos mapas modernos. Lyxion é uma ilha muito misteriosa. É um fenómeno mágico. Navega com energia solar e hidrocinese e é construída com algas, plantas marinhas, lama e pedra. Nasci na água sob a ilha flutuante. O capitão Grieflord e o vice-almirante Luna Lyss nasceram em Lyxion. A nossa Rainha vem de uma família que encontrou o verdadeiro Eldorado e ainda é a guardiã do tesouro. Ninguém conhece a história real sobre Victoria Pearl. Ela nunca nos disse onde ou quando nasceu ou algo assim. Tudo o que sabemos é que ela vem de uma importante família de piratas e toca guitarra muito bem.

 

Podes falar-nos um pouco a respeito de Ghosts, o vosso álbum de estreia? Como o descreverias?

Podes embalá-lo como uma história com um conceito. Começa com uma melodia muito positiva e feliz de Pirates From The Sea. Ficas com uma impressão de liberdade e power metal leve. Podes imaginar os piratas a navegar no mar. Depois ouvem o toque da sereia. Ela hipnotiza-os. É por isso que Siren’s Tears fica na posição da faixa dois. É a única música que não é metal, cantada pela nossa baixista e vice-almirante Luna Lyss. Essa música é uma abertura para Ghosts, que é a música mais sombria do álbum. Fala sobre uma sessão onde Barbatos revelou a localização do tesouro escondido de Eldorado e leva-os a uma batalha final com Open Fire. Toda a cena acontece no navio natal Santa Lucia. Eldorado é muito aventureiro e Open Fire é um tipo de música de batalha fora do padrão.

 

A música Ghosts aparece em três versões diferentes. Porquê?

Temos mais algumas coisas compostas e gravadas, mas à medida que pensávamos num álbum de estreia conceptual, começamos a acreditar que menos é mais. Outras músicas simplesmente ainda não cabiam neste álbum. Na nossa opinião, a estrutura do álbum está exatamente como queríamos e gostamos dela. Assim contamos uma história e apresentamos todos os estilos musicais que as Pirate Queen representam. O resto do material apenas estragaria a atmosfera. Seria um álbum diferente. Precisámos fazer a versão rádio, porque as rádios solicitaram isso. Quisemos colocar a versão instrumental no álbum por vários motivos. O primeiro é que quando ouves a música sem vocais podes ouvir a melodia da guitarra. A harmonia e os tons que usamos no tema principal são muito misteriosos, quase no limite do black metal sueco. Aqui não nego a influência. Com os vocais, não ouves isso tão bem. Misturar isso com heavy metal tradicional e um pouco de King Diamond fez uma música tão forte quanto é. Como instrumental é uma música diferente.

 

O que têm planeado em termos de uma tournée?

Neste momento, estamos a confirmar os primeiros espetáculos. Viajaremos com o nosso submarino para Maiorca em outubro, para tocar no já esgotado Full Metal Holiday. É um evento realmente fantástico com Alestorm e Accept. Em dezembro confirmamos um festival de fantasia muito especializado na Alemanha. Não durmam depois do Natal. Muitas bandas fixes vão tocar lá como All For Metal, Gloryhammer,.. Acabamos de confirmar um espetáculo na Dinamarca no Epic Fest para abril de 2025, com Stratovarious e Crimson Glory entre outros. Espero que em breve possamos confirmar as primeiras datas em Portugal. Adoramos Portugal e mal podemos esperar para navegar até às vossas belas costas.

 

Obrigado, comandante, mais uma vez, foi uma honra. Queres enviar alguma mensagem aos nossos leitores e aos vossos fãs?

Obrigado Pedro, pela tua gentil entrevista. Gostaríamos de convidar todos os leitores a viajar connosco para Lyxion. Será uma bela aventura. Obrigada!


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