Entrevista: The Raging Project

 


Liderados por Ivan Jacquin, um músico visionário já conhecido por sua ambiciosa trilogia Foreign, The Raging Project surge como uma evolução e reinterpretação de seu anterior Project Rage de 2007. Numa conversa exclusiva com Via Nocturna 2000, Ivan leva-nos aos bastidores da criação de seu mais recente álbum Future Days, uma obra rica em diversidade sonora e temática, abordando questões ambientais e sociais contemporâneas. Acompanhem-nos nesta jornada fascinante pela mente criativa do francês, enquanto revela os segredos por trás de The Raging Project e nos convida a refletir sobre o papel da música na conscientização e transformação social.

 

Olá, Ivan, como tens passado desde a última vez que conversámos, em 2020, na altura a respeito do novo álbum dos Foreign?

Olá, Pedro, que bom estar mais uma vez em Via Nocturna! Estou bem, obrigado.

 

Já agora, essa foi a segunda de três partes da tua metal opera. Quando planeias terminar?

Sim, Foreign continua a ser conhecido aos poucos por novos seguidores ano após ano, ainda cresce e Foreign Part III já está a aumentar na minha cabeça, mas não há data precisa para isso… Quero esse terceiro álbum ainda melhor que os outros 2, portanto demorará muito tempo para o criar e gravar. Talvez daqui a 3 anos. De qualquer forma avisarei a respeito desse próximo lançamento.

 

Enquanto isso, iniciaste o projeto The Raging Project, uma banda que pode ser vista como a reativação de Project Rage de 2007. É verdade? É uma reativação com um nome diferente ou uma nova banda?

Exatamente, Project Rage era um trio com o guitarrista Lionel Fevre e a vocalista Jeannick Valleur. Tentamos fazer uma banda de verdade e fizemos vários espetáculos com 7 músicos, mas, no final, não resultou e a música ficou parada até 2021 quando os reativei como The Raging Project, uma vez que o nome Project Rage também era muitas vezes usado em todo o mundo.

 

E, de facto, algumas músicas vêm de 2007, como Rage!. Que melhorias fizeste nesta faixa?

Todas as músicas foram compostas em 2007-2008 e gravadas em demo com o trio original. O que foi adicionado a este álbum foi a nova versão em inglês de Colere (cantado por Greg Giraudo em vez de mim) e Even If I Bleed, versão em inglês de Même Si Je Saigne (cantado por Amanda Lehmann e por mim em vez de Jean-Pierre Louveton). Mas ambas as versões de cada música estão no álbum. A maior parte das mudanças feitas são, claro, os talentos incríveis de todos os músicos e vocalistas que reorganizaram algumas partes com os seus próprios sentimentos e maneiras de tocar, o que faz com que as músicas soem realmente melhores do que as versões demo. As letras permaneceram as mesmas das originais.

 

Vamos falar de Future Days. Este é um álbum muito eclético e futurista. Foi por isso que pensaste que estas músicas se poderiam encaixar melhor neste projeto em vez de uma terceira parte de Foreign?

Estas músicas nunca foram planeadas para Foreign porque têm um forte carimbo de prog metal, até mesmo electro metal, e não são sinfónicas e cinematográficas o suficiente para Foreign. Fico feliz em ver que cada projeto tem a sua personalidade, o seu mood e sua atmosfera.

 

Mas, este também é um álbum conceptual/metal opera? Que história criaste desta vez?

Na verdade, não, não considero The Raging Project uma metal opera, são partes menos orquestrais, nada de vocais clássicos, é mais moderno, poderoso e progressivo, enfim, é Raging (risos)! Podemos falar sobre um conceito mesmo que todas as músicas não falem sobre o mesmo assunto. Mas sim, o conceito principal é um ponto de situação de todas as atrocidades que estamos a cometer ao nosso planeta, poluição, mudanças climáticas, extinção de tantas espécies animais e vegetais, guerras, violência, e um reflexo do que poderia ser feito agora para reverter a situação catastrófica do futuro que estamos a criar... Já não é tarde demais ou não?

 

A criação deste álbum foi um trabalho individual ou tiveste alguma ajuda?

Compus tudo sozinho, já que costumo trabalhar assim, músicas e letras, depois escrevo alguns acordes globais, melodias e alguns solos de guitarra e teclado e coloco no meu sequenciador e no meu computador. Depois disso feito, envio as partes individuais para os músicos e cantores envolvidos em cada música e eles ficam bastante livres para explorar os seus próprios sentimentos.

 

Como foi feita a seleção de tantos músicos talentosos para este álbum?

A maioria dos músicos já esteve envolvido nos dois discos de Foreign, principalmente os instrumentos básicos, como bateria, baixo e guitarra, meus companheiros de banda dos Psychanoia. Alguns amigos com quem toquei durante todos estes anos e alguns convidados conhecidos como Amanda Lehmann (Steve Hackett) e Leo Margarit (Pain Of Salvation) estão felizes em voltar para a minha música. E descobri vários grandes artistas nas redes sociais como Ingrid Denis, Fabrice Lacourt, Stelios Gatziolis e Greg Giraudo. E por último, mas não menos importante, o grande Derek Sherinian tocou na música mais épica On Earth e trouxe uma boa mudança para a atmosfera da música.

 

Houve alguém que gostasses de ter no álbum mas que não tenha sido possível?

Ah, sim, infelizmente, eu teria adorado trabalhar com muitos músicos, especialmente vocalistas como Floor Jansen, Netta Laurene, Jennifer Haben, Angela Di Vicenzo, Adrienne Cowan, Daniel Gildenlow, Russel Allen. Andy Kuntz (que já participou no Foreign Part II) era quem eu queria para a música Wrath, mas o momento não foi o adequado, pois naquela altura estava a gravar o último álbum dos Vanden Plas. Talvez eu trabalhe com alguns deles no futuro...

 

Voltaste a trabalhar com Markus Teske nos Bazement Studios. Ele é o melhor para as tuas criações?

Definitivamente sim, até agora. Ele já fez um ótimo trabalho em Foreign Part II, mas em The Raging Project, ele superou tudo. É muito profissional e trabalhamos à distância mas muito próximos, ele foi muito produtivo e prestativo dando-me alguns caminhos para coisas que eu não pensava. Ele ajudou a música a soar às vezes moderna, às vezes vintage, e era exatamente isso que eu queria.

 

Com tantos convidados, será fácil para ti levar este álbum para palco? Quem te irá acompanhar?

Infelizmente, não penso em tocar estas música em palco. Como Foreign, continuará a ser um projeto de estúdio e como dizes, é muito difícil trazer tantos músicos para vários espetáculos, principalmente na França...

 

Obrigado, Ivan, mais uma vez. Queres enviar alguma mensagem aos nossos leitores ou aos teus fãs?

Pessoal, obrigado por lerem estas falas, e apoiem a música, os artistas, os criadores comprando as suas músicas fisicamente e esqueçam um pouco todas essas plataformas de streaming que aos poucos estão a matar os músicos. Pensem nisso seriamente, amigos!!! E encomendem o CD The Raging Project!


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