Reviews VN2000: LEE AARON; UNIVERSE; PIRATE QUEEN; DISTORTED REFLECTION; GRIEVANCE

 


Tattoo Me (LEE AARON)

(2024, Big Sister Records/Metalville Records)

Com uma carreira com 18 álbuns, Lee Aaron escreveu, gravou e produziu músicas, alcançou marcas de ouro e multi-platina na vendas e é reconhecida como uma das melhores vocalistas de rock do seu país, fazendo já parte do Canada Walk Of Fame. E, nas suas palavras, a única coisa que nunca tinha feito era um disco completo de versões. Até agora, com o lançamento de Tattoo Me, onde faz uma viagem nostálgica que homenageia os pioneiros musicais que ajudaram a moldar o seu próprio caminho artístico. Como reflexo do seu gosto eclético, mas mantendo um profundo respeito pelos grandes nomes, estas são 11 faixas dinâmicas com influências que transcendem épocas e géneros, incluindo-se algumas escolhas não muito convencionais. Do blues rock escaldante de The Pusher, de Nina Simone, dos anos 1960, à energia rebelde de Is It My Body, de Alice Cooper, de 1972; de What Is And What Should Never Be, dos Led Zeppelin a Even It Up das Heart ou Malibu, dos Hole, Lee Aaron mostra a sua performance versátil e poderosa como sempre. Outra surpresa é a acústica Someone Saved My Life Tonight, original de Elton John, num disco onde cada faixa ecoa a vibração da época enquanto se encaixa perfeitamente na linhagem da carreira histórica de Aaron. [75%]



 

Universe III (UNIVERSE III)

(2024, Pride & Joy Music)

Os Universe já andam nestas coisas desde 1982 e o primeiro álbum já data de 1985… antes da dissolução da banda em 1988. O regresso deu-se como Universe Infinity e com Rock Is Alive, um disco de grande sobriedade e competência. Depois da pandemia e de mais problemas com a formação, os suecos estão de regresso, de novo apenas como Universe, e com um álbum simplesmente intitulado III. Uma simplicidade no título que não se reflete nas composições, porque o quinteto explora muito bem a sua capacidade de construir malhas de hard rock melódico. Por isso, desde a intensa e poderosa abertura, I Am, um manifesto de identidade e personalidade até ao final It’s Time, faixa evolída e madura, com toques de teatralidade e algo sinistra, passando pela extraordinária power ballad Why e pela tocante e cheia de sensualidade Rise Above, III é um disco de muito bom gosto no desenho das melodias e harmonias, muito forte no trabalho rítmico e que, mais uma vez, não desaponta. [83%]



 

Ghosts (PIRATE QUEEN)

(2024, Despotz Records)

Piratas no masculino são muito conhecidos. Mas… e no feminino? Mary Read e Anne Bonney foram as mais célebres piratas das Caraíbas, mas outras senhoras escreveram o seu nome como terríveis nos mares. No metal, esse objetivo agora é procurado pelas Pirate Queen, uma banda internacional, com origens, alegadamente no Triangulo das Bermudas. Ghosts é o seu álbum de estreia que não traz nada que já não tenha sido ouvido, até melhor executado. Mas, para os mais fantasiosos, não deixa de ser curioso ver cinco belas damas, vestidas com fardamentos piratas e a cantar sobre a temática. Os elementos sinfónicos, de fantasia e de pirataria estão todos lá, aparentemente não muito regados de rum, a atender pelo preciosismo e clareza da produção. Fica é por perceber o porque de uma canção com estrutura introdutória estar em segundo no alinhamento e o porquê de três versões diferentes do tema-título. [75%]



 

Doom Rules Eternally (DISTORTED REFLECTION)

(2024, Iron Shield Records)

Kostas Salomidis foi um dos fundadores dos Sorrows Path, um dos nomes mais importantes do metal helénico, e por isso surpreendeu a sua saída quando a banda se preparava para gravar o quinto álbum. Mas o guitarrista grego não ficou parado e, imediatamente, inicia um novo projeto denominado de Distorted Reflection (nome antigo que já tinha sido sugerido para ser o nome dos Sorrows Path!) que se estreia com este manifesto incontornável de paixão ao género: Doom Rules Eternally. Como de facto, o doom reina neste disco que se inspira na vertente Candlemass do género, sempre marcado por linhas melódicas bem definidas ao nível das cordas, mas essencialmente, ao nível da variações e ondulações vocais. E se as raízes deste trabalho estão no doom, importa salientar que a vertente do metal tradicional e do epic metal não foram, de todo, descuradas, daqui resultando um álbum coeso e consistente. Um álbum com o seu brilho, mesmo criando atmosferas negras e com algum dramatismo. [84%]



 

Antologia 1997-2024 (GRIEVANCE)

(2024, Haloran Records)

A Haloran Records continua o seu importante trabalho de trazer para a ribalta alguns títulos e bandas do importante movimento underground mais extremo de Portugal. Alastor e Decayed foram os primeiros nomes aos quais se associam agora os Grievance, projeto de Diogo Trindade, aka Koraxid, com o lançamento desta Antologia 1997-2024. Esta obra é composta pela demo de 1997, Por Entre a Escuridão Outunal, gravada em formato duo (com Koraxid acompanhado de Azarath) e pela demos de 2007, The New Millenium Sessions, com o duo acrescido do baixista Ejendro. Antologia 1997-2024 completa-se com a adição de cinco temas compostos entre 2014 e 2024 que nunca foram lançados e onde o mentor Koraxid assume a totalidade do instrumental e vocal. Estes temas fazem parte do período no qual os Grievance têm lançados quatro álbuns de originais, um álbum ao vivo e um split com os Thy Black Blood. Antologia 1997-2024 mostra a evolução do projeto desde os primórdios assentes no mais cru e áspero black metal, desprovido de qualquer tentativa de emoção e musicalidade, até à sua sonoridade mais recente, mais trabalhada e melancólica (Nas Planícies da Lusitânea é o melhor exemplo), sem perder a típica linha poética gélida do género. [75%]

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DISCO DA SEMANA #36 VN2000: Rysen Symbol (AXEL RUDI PELL) (Steamhammer/SPV)

MÚSICA DA SEMANA #36 VN2000: I Wanna Be Your Bitch (THE DEAD DAISIES) (Steamhammer/SPV)

GRUPO DO MÊS #09 VN2000: Web (Firecum Records)