Entrevista: Theo


Theo é o alter ego de João Gonçalves, músico vimaranense que iniciou o projeto na pandemia e já vai no seu quarto lançamento. E que foi o mais difícil de compor, num processo bastante solitário. De novo em português, embora a tendência não seja para manter, Sombra surge de uma forma natural relacionada com a escuridão, morte e depressão que atravessam o sentimento geral do álbum. Mas, o melhor mesmo é perceber as explicações do próprio criador.

 

Olá, João, obrigado pela disponibilidade. Antes de mais, parabéns pelo lançamento de Sombra. Para começar podes falar sobre este teu projeto Theo e trajeto até agora?

Olá, Pedro! Obrigado, eu pelo convite. Este projeto começou na pandemia aquando do confinamento. Decidi pegar nalgumas ideias que tinha na gaveta e comecei a compor temas. Dei por mim a lançar um disco inteiro. Desde então tenho composto e tocado frequentemente com este projeto.

 

E quando é que o João Gonçalves de transforma em Theo e com que objetivos?

No início, isto começou por ser um hobby para ultrapassar o confinamento. Foi-se tornando uma coisa mais séria e neste momento, Theo é um personagem profundamente deprimido que partilha as suas depressões na música. Tem o objetivo de chegar a público que se reveja nestes temas retratados.

 

Sendo o teu quarto álbum, como foi o processo de criação deste novo álbum?

Este disco foi um processo bastante solitário. Foi o disco mais difícil de compor dos quatro. Foi o resultado de um ano com perdas irreversíveis na minha vida que teve, logicamente interferência direta no álbum.

 

Os dois primeiros álbuns tinham títulos em inglês. Os dois últimos em português. Podemos ver aqui uma mudança de paradigma na tua orientação?

Não me parece. Porque não consigo parar de compor, estou neste momento a compor temas em inglês e é algo que quero voltar a fazer. São modos de composição e modos de passar a mensagem diferente, mas sinto vontade de o fazer das duas maneiras.

 

Foquemo-nos no novo álbum, o que te motivou a batizá-lo como Sombra?

Carl Jung, um dos principais teóricos da psicologia analítica, introduziu o conceito de "sombra" para descrever os aspetos da personalidade que são reprimidos ou negados. A sombra contém todos os traços e comportamentos que uma pessoa considera inaceitáveis ou indesejáveis e, portanto, os esconde do consciente. Como a Sombra está associada a vários temas do disco, a escolha deste nome surgiu de forma natural relacionada com a escuridão, morte e depressão.

 

Melodrama foi o single de antecipação. O que nos podes contar sobre esta faixa e a sua escolha como single?

Não foi bem single de antecipação pois resolvemos lançar o disco todo de uma só vez, mas é o que teve direito a disco e a um maior destaque a nível de airplay. Escolhi este tema por achar que seria o que iria agradar a um maior número de ouvintes. Retrata solidão, perda e depressão, mas ainda assim é um dos temas mais ‘’leves’’ emocionalmente do disco.

 

A tua música aborda temas como dor, solidão e perda. É, de alguma forma, um álbum pessoal ou autobiográfico?

Tem fases. Na verdade, foi criado este personagem que, como referi anteriormente, está profundamente deprimido.

 

Também nessa sequência, foi um trabalho teu em solitário ou, pelo contrário, foi um esfoço coletivo?

Neste disco foi um trabalho solitário que desenvolvi com o meu produtor Tyla.

 

Quais são os planos para o futuro próximo, após o lançamento de Sombra?

Sou um músico que o que gosta mesmo é de criar e já estou a trabalhar noutros temas! Mas sem dúvida que o que quero agora é partilhar os temas com as pessoas.

 

Nomeadamente, para as atuações ao vivo, que músicos te acompanharão? E já tens alguma coisa planeada?

Os músicos que me acompanham são os mesmos desde o início. O Pedro Conde que quase é tão dono disto como eu, a Cristina Castro nos backing vocals e teclados, o João Pedro Madeira no baixo e o Pedro Andrade na bateria. Somos essencialmente amigos que gostamos de partilhar ensaios e concertos. Já tivemos oportunidade de tocar temas do disco ao vivo com o concerto no CAAA em Guimarães.

 

Obrigado pela entrevista, João. Desejo-te muito sucesso com o novo álbum! Alguma mensagem final para os teus fãs?

Quero agradecer a todos os que ouvem os temas e nos acompanham, mas enviar um especial abraço aos que se reveem nas músicas.

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