Entrevista: Web


Com quase quatro décadas de atividade, os Web são conhecidos pela sua sonoridade que mescla elementos de thrash, doom e death metal, sempre com uma assinatura própria que os distingue no panorama musical. Uma situação que volta a estar refletida no do mais recente álbum, Burden Of Destiny, que chega nove anos após Everything Ends e que marca uma nova fase na carreira da banda portuense. Nesta conversa, o baterista Pedro Soares reflete sobre a longevidade da banda, a criação do mais recente álbum e os desafios enfrentados durante a produção do álbum.

 

Olá, Pedro, obrigado pela disponibilidade. Antes de mais, parabéns pelos quase 40 anos de história! Como se sentem ao conseguirem esta longevidade?

Obrigado, Pedro!! Desde os 30 que deixamos de contar!! Cada ano é uma vitória! Os Web são um complemento na nossa vida e sentimo-nos tranquilos ao poder manter a banda em atividade.

 

Curiosamente, a última vez que conversámos foi em 2011 a propósito de Deviance. Entre esse álbum e o atual Burden Of Destiny ainda houve o Everything Ends que trazia um título algo enigmático. A banda não terminou, mas demorou nove anos a por cá fora outro álbum de originais. Que motivos apontam para este tão longo intervalo de tempo?

Somos tramados com os títulos dos álbuns! Na prática e dado que o Everything Ends saiu em 2015, foram 3 anos de concertos e em 2018 começamos a trabalhar em novos temas. Em 2019, os temas que ouvimos neste novo Burden Of Destiny, já estavam quase prontos. Depois enfrentamos uma nova realidade (pandemia) o que alterou tudo o que tínhamos projetado. Paragens demasiado longas entre ensaios e sessões de estúdio, mudamos para formato digital para conseguirmos trabalhar à distância e rapidamente chegamos a 2023. Na reta final de produção, mix e master foi um processo relativamente rápido. Em suma, foi um processo mais demorado do que o desejável essencialmente pelas contingências resultantes da pandemia.

 

Sendo que se passaram nove anos, estes temas são todos recentes ou foram sendo criados ao longo dos anos?

São temas essencialmente “antigos”! (risos) Com o trabalho final apresentado no álbum, estes temas trazem uma nova energia e dinâmica por isso diria que são temas novos!

 

Este line-up está junto desde 2005. Sentem que essa estabilidade e união vos fez passar todo este tempo sem pressões e com a tranquilidade necessária para criar agora este magnifico trabalho?

Sem dúvida! Esta estabilidade foi conseguida com muitos concertos, muito trabalho de casa e muita cumplicidade entre os quatro. É um desafio constante irmos para caminhos musicais diferentes, quer a nível estético, quer a nível técnico. Isso faz-nos crescer. Estamos satisfeitos com o resultado final do Burden Of Destiny pois demonstra bem o investimento feito.

 

Como foi o processo de gravação deste álbum, especialmente considerando que passaram nove anos desde o vosso último lançamento? Houve algum desafio particular?

Foi um processo claramente influenciado pela pandemia e pelos métodos de trabalho. Apostamos muito no digital e no trabalho remoto o que nos desafiou quer na comunicação quer nos prazos. Este trabalho é desafiante em toda a linha pois leva-nos a executar dinâmicas novas. Numa entrevista, dizia o Filipe em linguagem de guitarrista: este álbum é mais mão direita (ritmo) enquanto o anterior era mão esquerda!

 

Quanto a Burden Of Destiny, podes contar-nos um pouco sobre a sua génese? O que inspirou este álbum?

A nível temático a inspiração vem muito da vibe do Nando. Procuramos traçar novos caminhos musicais, buscando uma nova roupagem na sonoridade. Desafiamo-nos na estética visual, nas letras e no que o acontecimento do Holocausto representa na história da Humanidade. É um trabalho mais in your face e não resulta do que vivemos nestes últimos anos pois definimos previamente todo o conceito.

 

Este álbum marca alguma diferença em relação aos trabalhos anteriores da banda? Sentem que houve uma evolução?

Uma evolução natural diria. Procuramos novas abordagens à intensidade que sempre aplicamos na composição. Trouxemos mais melodia, mas também mais agressividade. Esta combinação resulta numa sonoridade mais contemporânea sem fugir dos pergaminhos de Web! De destacar o trabalho vocal onde investimos mais tempo. É algo que nos distingue dado o timbre e a projeção que o Nando imprime nos temas.

 

As letras de Burden Of Destiny parecem bastante profundas e pessoais. Podes partilhar algumas das histórias ou temas principais que abordam?

A beleza da música, e da arte em geral, é a capacidade de quem, neste caso, ouve, interpretar de maneira diferente do próximo. Posso dizer que este, assim como o primeiro, é o álbum menos pessoal. Claro que o que sentimos está lá impresso, mas não há nenhuma história vivida pessoalmente que tenha levado a um ou outro tema, mas sim a vontade de expressar o nosso sentimento do que se passa à nossa volta.

 

E um tema como Rootless Soul traz uma acentuada vibe doom metal. De que forma é que ela surge?

A toada doom é algo presente desde o World Wild Web de 2005. É um registo natural em Web e os seguidores reconhecem isso. Em todos os álbuns encontras temas e riffs mais doom. É uma das nossas assinaturas sonoras tal como o é a toada thrash.

 

A receção do público tem sido fantástica até agora. Como se sentem com o feedback dos fãs e da crítica?

Totalmente satisfeitos com o feedback recebido! Temos caminho de promoção a fazer, mas o que nos chega é exatamente uma satisfação pelo resultado final de Burden of Destiny.

 

Por último, o que podemos esperar dos Web no futuro próximo? Há planos para uma digressão ou novos projetos?

Expect nothing! (Risos)! Enquanto sentirmos prazer em tocar vamos continuar a trabalhar. A nível de concertos estamos numa toada mais criteriosa. Iremos continuar a tocar claramente! Projetos só no fim do jogo! (Risos)

 

Para finalizar, que mensagem gostarias de deixar aos vossos fãs que vos têm acompanhado ao longo destas quase 4 décadas de atividade?

Os nossos fãs são bastante fiéis o que nos traz responsabilidade acrescida. A mensagem é de agradecimento e também de pedir continuidade no apoio a Web e ao meio underground! In Union We Stand!

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)