Pedro Porto Fonseca
nasceu próximo do mar e por ele é influenciado. Além disso, desde sempre,
diversos nomes dos mais variados movimentos do metal o inspiraram. Também é
realizador e daí vem o poder da imagem. De que forma é que tudo isso se cruza
no seu novo projeto Zero Massive e no seu álbum homónimo de estreia, é o que o
guitarrista nos explica nesta entrevista.
Olá, Pedro, tudo bem?
Obrigado pela disponibilidade! Para começar podes apresentar este projeto Zero
Massive? Quando é surgiu esta ideia e
como se desenvolveu?
Boas Pedro, tudo ótimo e eu é que
agradeço o vosso apoio e a divulgação de nova música e de louvar pensarem
também nos músicos independentes. Em relação à tua primeira questão, foi em
2009 que decidi começar a gravar ideias para uma banda instrumental, ao longo
destes últimos anos fui experimentando algumas dessas ideias com alguns músicos
amigos e criando ao mesmo tempo uma linha mais sólida para o que levaria até
este álbum; mas só no fim de 2022 é que dei um murro na mesa e disse para mim
mesmo que no ano de 2023 ia gravar o primeiro álbum de ZM.
A componente visual e
estética parece ser
importante para a banda. Podes explicar-nos a escolha do nome Zero Massive e
como ele se relaciona com a imagem e música?
Como nasci e cresci muito próximo do
mar, para mim foi natural agarrar-me ao mar como inspiração, e como sou
realizador, para mim a componente visual é muito importante; neste caso o fundo
do oceano que para muitos de nós quase que poderá passar despercebido, mas que
é, em alguns pontos, uma incógnita e é um mundo. Por isso mesmo o massivo que é
o fundo onde nós naturalmente não conseguimos alcançar ou sobreviver. Ao mesmo
tempo é a ideia que criar um som massivo em trio, um pequeno círculo…
Que músicos te acompanham nesta aventura?
Sobre o Mike falamos mais à frente. Ter
o João Colaço a gravar a bateria e fazer parte de ZM é um prazer imenso
e foi o primeiro baterista que em 2010 testou as minhas primeiras ideias que
agora estão no álbum; o Pedro Simão tinha mesmo que entrar neste álbum e
fazer parte de ZM, amigo de anos e sempre a partilhar os mesmos gostos musicais.
Como te definirias, em
termos musicais e líricos, para aqueles que não conhecem o projeto?
A inspiração é de uma vida, ouço metal
desde os 12 anos, mas às vezes na brincadeira e penso que um amigo já referiu
isso, que ZM é um mix de Tool e Mastodon mas com esteroides.
Este álbum de estreia
parece estar imbuído de uma profunda ligação ao mar e à vastidão dos oceanos.
Podes falar-nos mais sobre como esta temática se reflete nas tuas músicas?
É realmente esse conceito que ouvimos
no álbum; as texturas, os ambientes e os crescendos gigantes; ao mesmo tempo
com a música Ocean Inverted quis passar no vídeo uma mensagem de revolta
contra os humanos que maltratam os oceanos, onde o mar inunda a terra e um
monstro que ajuda a proteger.
Pedro, mencionaste que
bandas como Sepultura, Faith No More e Nine Inch Nails foram influências
significativas para ti. Como é que estas influencias se manifestam no som dos Zero Massive?
Para mim é super importante ouvir de
tudo um pouco, para termos ferramentas para criar música original, mas quando
aos 10 anos estás a ouvir os discos do teu pai no prego acho que quer dizer
alguma coisa (Deep Purple, Bruce Springsteen, etc). Mas tudo
mudou aos 12 anos com a entrada numa escola militar, e aí a partilha e a
descoberta musical foi brutal e marcou a minha vida, esses nomes que referes
são decerto os que marcaram mais, mas foi lá que fiquei a conhecer desde Deicide
a Sisters of Mercy. Mais de 30 anos depois estamos aqui! Lets go!
Como foi o processo de
composição e gravação deste álbum? Houve
algum momento ou faixa que tenha sido particularmente desafiador ou
gratificante?
Sobre o processo de composição já
falei um pouco, ocorreu de 2009 a 2022, testando, adaptando, pausas gigantes
devido a vida profissional e pessoal! A gravação foi um completo momento a dois,
eu e o Mike (produtor), e como sempre a música considerada mais simples de
gravar torna-se um terror, mas penso que tem uma explicação; a música é The
Beginning música que dedico ao meu filho Francisco, com isto muita
ansiedade e algum nervosismo acrescido; realmente considero este álbum como um
segundo filho.
Porque optaste apenas
pela edição em vinil no aspeto físico? Ponderas uma edição em CD?
Cada vez mais as pessoas não compram
discos físicos e para mim era outro sonho ouvir o meu álbum em vinil, todo o
álbum foi gravado o mais analógico possível, gravei tudo com amplificadores,
etc. O que posso comprovar é que ouvir um vinil num bom sistema dá 10 a 0 ao
digital.
O álbum conta com a
colaboração de Mike Ghost como produtor. Qual foi o impacto dele na sonoridade
final do álbum e como foi trabalhar com ele?
Já conhecia o Mike há vários anos,
mas foi no ano de 2022 que percebi que ia abrir o seu próprio estúdio para
produzir a cena dele e outros músicos. Em janeiro de 2023 marcamos um encontro
no seu estúdio para lhe mostrar todas as ideias e explicar o conceito, para mim
era a única pessoa com abertura e visão para o que queria fazer, por ele ter
também passado por vários projetos e estilos sentimos de imediato uma ligação
brutal! O processo foi super natural e a pré-produção foi feita basicamente a
uma música por dia, eu gravando as guitarras de referência ele a gravar a
bateria e o baixo, para termos logo uma visão da música e do que se poderia
tornar. Foi completamente um team
work a dois, sem ele não tinha conseguido chegar a bom porto!
Já a mistura e
masterização foram feitas no Reino Unido pelo Jim Pinder e Ste Kerry (Sleep
Token, Malevolence, Pendulum, Bring Me The Horizon). Como se proporcionou esta
oportunidade e qual o seu input nas tuas criações?
Desde o primeiro meet com o
Mike que referi a minha ambição “Se é para fazer é para fazer bem” e que vou
dar tudo o que tenha a este projeto, referi logo que queria misturar e
masterizar em dois possíveis estúdios na Europa. Enviei as rough mixes
para os dois estúdios, o Jim do TreeHouseStudio respondeu logo no dia a
seguir a dar um mega feedback às músicas e a dizer que tinha todo o
gosto em trabalhar connosco; para mim foi brutal, não só responder como dar
logo feedback; bem por palavras é difícil explicar, mas quando ouvimos a
primeira música que ele misturou Ocean Inverted foi do caralho! Claro que brifei, mas o bom gosto e as opções
que ele seguiu para nós ficou brutal, e para mim um sonho tornado real!
Ao longo dos anos,
passaste por várias bandas e estilos musicais. Como sentes que essas
experiências anteriores contribuíram para a identidade musical dos Zero
Massive?
Como já referi todos estilos de
música que ouvimos e tocamos são ferramentas super importantes para criar
música original, acho que este longo caminho também serviu para tirar um pouco
do thrash metal e implementar alguma componente mais ambiental e
acústica, posso dizer que parte das músicas de ZM foram compostas em guitarra folk!
Agora que o álbum de
estreia está lançado, quais são os próximos passos para os
Zero Massive? Já tens planos para novas músicas
ou tournées?
Nunca parei de compor e agora com o
primeiro álbum cá fora que é sempre o mais difícil já penso no segundo; anúncio
aqui em primeira mão o concerto de apresentação no dia 8 de novembro em Lisboa,
e aguardamos um 2025 cheio de gigs!
Para concluir, que mensagem gostarias de deixar aos vossos fãs e aos leitores do Via Nocturna 2000?
Amigos! Desde já um obrigado por lerem e acompanharem o trabalho da Via Nocturna e aguardo o vosso feedback depois de ouvirem os 45min. seguidos bem alto do primeiro álbum de ZERO MASSIVE. Abraços! Muito obrigado, Pedro mais uma vez, grande abraço.
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